1) O elevado nível de desemprego, em que o desemprego oculto das estatísticas (desempregados indisponíveis ou desencorajados e subemprego) já ultrapassa o "desemprego oficial", foi algo "metodicamente construído" pela actual Maioria?
2) quando se espera reabsorver o elevado desemprego real e mesmo atrair os recém-emigrados? É que, mesmo contando com a criação de emprego tão elogiada pelo Governo, seriam necessários dezenas de anos...
Actualmente, o universo dos que foram afastados do mercado de trabalho atinge os 1,6 milhões de pessoas. A criação de trabalho em 2013 foi de 32 mil pessoas, em 2014 de 23 mil pessoas. Por este andar, serão precisos 50 anos!!
3) O padrão de retoma que se verifica - baseado na construção e no consumo privado, sem retoma visível do investimento - é uma "estratégia metodicamente construída"? Era suposto estarmos assim ao fim de anos de ajustamento? Recordo-me das retomas anunciadas sucessivamente em 2012, 2013, 2014, 2015... Agora virão os crescimentos de 3%, apenas se a Maioria for eleita... É que se este era o modelo a criar, então a estratégia deve ter mudado algures no período de ajustamento (tal era a necessidade de sucesso), porque houve tempos em que a Maioria amaldiçoava esse perfil, como sendo a causa do endividamente nacional. No gráfico em baixo, pode ver-se o contributo de cada componente da procura para o crescimento do PIB verificado. Veja-se o perfil de 2010 e olhe-se para o de 2014. Na realidade, nada mudou. Porque não podia mudar em tão poucos anos. Apenas os deslumbrados poderiam julgar tudo mudar com meia dúzia de traulitadas na economia;
4) Mas há uma nuance: para a Maioria, o consumo está a expandir-se sem recurso ao endividamento, assente nas bases sólidas da economia, expurgadas pelo ajustamento. Mas depois de estar um ano a repetir essas tiradas, alicerçadas em emprego instável e subsidiado, eis que surgem outros números. O endividamento é mesmo mais elevado do que antes de 2011. Será que a Maioria vai repetir a História da Cigarra e a da Formiga com que justificou a intervenção da troika?
Portugal estará mesmo "no caminho certo"?
16 comentários:
Sim, Portugal está no caminho certo. Os Portugueses é que não !
Como sempre, subentendem-se alternativas sem identificar onde vão buscar-se os recursos, que não o delirante não pagamento de juros e dívida.
1- que o desemprego iria subir era parte do plano, pois só um idota poderia supor que uma economia bombada a dívida não colapsaria acabada a festa pelos credores.
2 - que o desemprego pode ser combatido sem investimento é outro dos artifícios que reune economistas-engenheiros-linguistas de todos os cantos da esquerda.
3 - que a atracção do investimento inclui acenar com a Constituição, o igualitarismo e a reposição da despesa, é o paradigma final dos cretinos que tudo fazem para manter o país na merda.
João, tudo correcto. Agora vamos ver a comunicação social e onde encontramos esse cruzar de dados? Onde estão essas questões? É continuar, no entanto, que sem ladrões fica mais difícil não ser roubado. ;)
"Actualmente, o universo dos que foram afastados do mercado de trabalho atinge os 1,6 milhões de pessoas. A criação de trabalho em 2013 foi de 32 mil pessoas, em 2014 de 23 mil pessoas. Por este andar, serão precisos 50 anos!!"
A análise que faz está correcta mas para o eleitor o que conta são as alternativas que tem à disposição para escolher.
O PS, por exemplo, conta criar 45 mil novos postos de trabalho até 2019 com a descida da TSU. 45 mil até 2019!!!
http://observador.pt/2015/05/27/ps-promete-45-mil-postos-de-trabalho-ate-2019/
Bom sei que com o Bloco de Esquerda nos próximos 4 anos o problema estaria resolvido mas infelizmente o Bloco não torna clara essa sua promessa.
O que importa para a maioria é a perpetuação no poder por um novo mandato, por forma a garantir o controlo das transferências de Bruxelas, no quadro 2020,que já se encontra em arranque e de que o benefício vai acabar por contemplar os bolsos e as contas bancárias dos habituais beneficiários, ligados de perto ou em remote control ao PSD e ao CDS.A aprovação e a aplicação de Tratados como o TTIP, e a absoluta cedência e submissão aos interesses de investidores norteamericanos, são também, um leitmotiv da maioria para dar corda aos sapatos e em nome da estabilidade, acenar com a a segurança de fachada, para vir a garantir o serviço e aplicação das normas e regras que beneficiem os interesses
da potência dominante na zona do Atlântico.
A globalização em marcha tem a sua maior expressão ao conseguir transformar em anões todos quantos sempre viveram à sombra de gigantes.
O que achei fantástico foi o traçado meticuloso de uma variável "oculta".
A seguir é só dizer que acredita na Santíssima Trindade.
Em relação ao comentário que o Bloco acabava com o desemprego também está boa. "Mandava cá pra fora" um decreto que obrigava que cada trabalhador tinha que ter um ajudante, e estava resolvido. Ainda tínhamos que "importar" mão de obra.
cumps
Rui Silva
Caro anónimo,
Tem razão quanto à proposta do PS. Embora eu creia que estejam a subavaliar o impacto, não vá acontecer o que aconteceu com a meta de José Sócrates (150 mil postos).
Na minha opinião, as medidas que estão previstas pelo PS poderão gerar um balão de oxigènio forte, mas que será isso mesmo - um balão de oxigénio. E um sinal de mudança. Tudo o resto estará por fazer depois. A nível interno - substituição de importações, novas exportações e novas actividades - e a nível externo: como conseguir gerir um país soberenamente dentro da camisa de 11 varas do Tratado Orçamental?
2015/16 vão ser tempos importantes.
"Veja-se o perfil de 2010 e olhe-se para o de 2014. Na realidade, nada mudou. Porque não podia mudar em tão poucos anos."
Esta frase é crucial para ver para além dos programas eleitorais (eleitoralistas) de todos os partidos. Chegou a altura de perceber finalmente que o que os partidos prometem (ou 'garantem'!) não vale nada. É política pura no pior sentido. Que projecções macro-económicas a 4 anos, por muito tecnicamente perfeitas que sejam, não valem nada porque daqui a um mês todos os pressupostos mudam. E que não há soluções milagrosas. Por isso a sua análise ao desemprego e ao tempo que demoraria a corrigi-lo está correcta mas não vale a pena ter ilusões: vai mesmo demorar muito tempo a resolver o problema e pelo caminho, infelizmente, haverá muitos para quem a 'solução' chegará tarde demais ou nunca chegará. Não vai ser nunca em 4 anos.
Já agora gostava de lhe deixar um outro desafio.
Consegue-se saber quanto deste desemprego real se deve a trabalhadores em idade activa com baixas qualificações académicas (até ao 9º ano, por exemplo)?
Se sim, o desafio que lhe deixo é sugerir formas de criar empregos para estes trabalhadores considerando:
- que todos condenam o retorno (?) a um modelo de desenvolvimento assente nos baixos salários, ou seja, que o novo modelo económico para Portugal deve assentar em empregos com salário elevados (logo, digo eu, que exige maiores qualificações);
- que estes trabalhadores que não conseguem emprego com o actual salário mínimo maior dificuldade terão em o encontrar quando o seu valor aumentar;
- que iniciativas como as Novas Oportunidades nada acrescentam às qualificações efectivas, limitando-se (pode não ser pouco) reconhecer e oficializar outras competências;
- que as tentativas de aproveitamento de fundos europeus para a formação (tipo FSE) na pratica resultaram num maná para formadores, formadores de formadores, empresas de formação, empresas de certificação de formadores e de formação, ... mas pouco parecem ter contribuído para um efectivo aumentar das competências dos trabalhadores (a não ser na leitura de powerpoints e na diminuição temporária das estatísticas oficiais do desemprego).
Face a estes condicionalismos, que solução deveria ser seguida para "resolver" o problema destes trabalhadores? Sem demagogias (não há soluções fáceis nem imediatas) e considerando as condicionantes que enumerei (e outras possíveis).
E estes são apenas uma parte dos desempregados.
Jose
"cretinos" como tu é que mantêm o "país na merda"
Falando de ilusões, no que diz respeito ao desemprego:
- Há desempregados que pelo seu perfil (formação académica, competências, experiência, ...) dificilmente voltarão a arranjar emprego, especialmente numa economia que todos querem afastada do modelo de baixos salários (e com o aumento do salário mínimo);
- A panaceia geralmente apontada para resolver o problema do desemprego ('mais formação') na prática poucos ou nenhuns resultados tem tido (particularmente quando falamos dos desempregados com o perfil anterior): tem servido fundamentalmente para sustentar uma indústria da formação em powerpoint, para aliviar consciências e para esconder estatísticas. Não vejo nenhuma razão para esperar que a prática de décadas (vide FSE) alguma vez mude;
- O famoso crescimento acima dos 5%, que permitiria a criação de emprego, não vai acontecer nos próximos anos (nem mesmo os cenários da alternativa do PS o promete);
- Outras medidas como as preconizadas pelo PS (TSU) e validadas, por exemplo, por João Galamba, não vão além da criação (a ver vamos) de 45 mil empregos até 2019: uma gota no oceano.
...
Conclusão. Não é só do lado do actual governo que há ilusões. O problema existe, tem de ser tratado mas sem demagogias e ilusões de sentido contrário: não será fácil nem acontecerá (a a acontecer) no curto/médio prazo. Infelizmente é essa a realidade. Sem ilusões.
" Por isso a sua análise ao desemprego e ao tempo que demoraria a corrigi-lo está correcta mas não vale a pena ter ilusões: vai mesmo demorar muito tempo a resolver o problema e pelo caminho, infelizmente, haverá muitos para quem a 'solução' chegará tarde demais ou nunca chegará. Não vai ser nunca em 4 anos."
Se é para falar de ilusões, grande parte é emprego que simplesmente nunca mais vai existir porque deixou de ser necessário graças à teconologia. E nisso nenhum político quer pensar.
mais gráficos. mais depositos de sabedoria. mais arogância. este ramos de almeida é uma seca. por isso o bloco de esquerda não dispara nas sondagens. tantos gráficos é contra producente. por falar nisso, há algum tempo que por aqui não vejo o paes mamede. zangou-se ele lá pelas bandas do Livre / Tempo de Avançar? Ouvi dizer que existem assim umas cenas com as quais o senhor Professor Doutor não concorda no programa do L / TdA. Mas que sei eu sobre isso, Ricardo? Eu só sei que nada sei.
Mente "jose" logo no primeiro seu parágrafo.
O crescimento do desemprego escapou a qualquer previsão por parte da sua amada tro.ka a quem se subemte feito um triste polichinelo
A evolução do desemprego é considerado por muitos como o desvio mais impressionante e doloroso da crise. No programa inicial, previa-se um pico do desemprego também em 2013… mas de 13,5%.
Há mais
De
O desbragamento da linguagem é todavia um sintoma preocupante. Não nos incomoda que isso traduza um mal estar dos seus utilizadores face a quem ouse dizer não. O que é preocupante é a face sinistra que se oculta por detrás de tal "incomodidade". O ódio à Cosntituição. O ódio a uma sociedade igualitária.O gemido persistente de quem chama os demais de cretinos, enquanto tenta manter o país na "merda".
Curiosamente ainda há bem pouco tempo o mesmo dava alvíssaras a passos e a cristas, a albuquerque e a portas pelo país que tinham salvo da "bancarrota".
Curioso como mais uma vez se assiste à repetição das tretas dos slogans da mafia governamental.A "bancarrota" usada pelo portas e abusada pelos seus.
O país que antes tinha saído da "merda",afinal persiste mesmo na merda. Não ,não há engano. É mesmo assim,porque a discursata neoliberal tingida de ameaças patentes, muda de acordo com os efeitos a obter a curto prazo.
É assim que agem.Têm até uma cartilha
De
Quanto à questão ideológica de fundo e sobre o paleio do "investimento" que reúne todos os economistas-engenheiros-linguistas,rentistas a soldo dos néscios e rotundos e gordos donos disto tudo:
"A contradição fundamental do nosso tempo verifica-se na incapacidade de desenvolver as forças produtivas sob as relações de produção existentes. Na racionalidade económica actual, o capitalismo chegou ao momento histórico em que é impossível ligar o investimento com a produção de forma rentável. Por outras palavras, sob a racionalidade económica e as relações sociais de produção existentes, já não é possível um maior desenvolvimento das forças produtivas"
De
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