segunda-feira, 20 de abril de 2015

Teimoso e estúpido?

Pedro Passos Coelho tem uma malapata com a questão da TSU e já o devia saber.

Mas essa malapata advém da irresponsável leviandade e crassa impreparação com que a direita insiste, nos últimos quatro anos, em aprovar essa medida assassina para a Segurança Social.

O objectivo oficial da medida é dar maior competitividade externa à economia portuguesa, reduzindo os custos das empresas para que se reflitam numa descida dos seus preços finais. (ver minuto 10).

1) Olhando para as estatísticas nacionais, toda esta confusão estaria a ser feita por 4% dos custos de produção das empresas nacionais (números de 2012, os mais recentes). Ou seja, para que a medida tivesse efeito sensível, seria necessário acabar com quase todos os descontos das empresas para a Segurança Social, ficando apenas os trabalhadores a cuidar da sua protecção social. É este o objectivo não declarado? Por outro lado, os custos com serviços contratados pelas empresas representam 35% dos custos de produção! Mas aí nada de concreto se faz... Faz isto sentido à luz do objectivo declarado?

2) Olhando para os descontos sociais que as empresas poupariam, a medida facilitaria a vida aos grandes empregadores nacionais como as grandes cadeias de distribuição – Pingo Doce e Sonae, os CTT (foram privatizados, não foram?), multinacionais de trabalho temporário, etc. Uma empresa com um trabalhador pouparia 680 euros ao ano. Uma com 350 trabalhadores 350 mil euros (números de 2010). Com mil empregados, é só fazer as contas... Faz isto sentido quando a maioria das empresas são pequenas e médias? Ou quando os grandes empregadores não estão em concorrência internacional?

3) Se a ideia é compensar a Segurança Social com o acréscimo de descontos vindos do crescimento do emprego - como atabalhoadamente sugeriu agora Marco António Costa, o ex-secretário de Estado da Segurança Social e coordenador Permanente da Comissão Política Nacional e Porta-Voz do PSD - então por cada ponto percentual de descida da TSU, teriam de ser criados 165 mil postos de trabalho a ganhar o SMN. Ou seja, tudo indica que nem contas foram feitas: apenas se quis enganar os jornalistas e, consequentemente, o povo;

4) E depois como é possível garantir que a descida da TSU se traduza numa descida de preços internacionais? Algo improvável ou impossível, sobretudo quando todos os ganhos de margem deverão ser usados para pagar dívidas entretanto contraídas com os pacotes de medidas recessivas que este Governo aprovou em nome dos credores internacionais. Trata-se de um ponto importante, já que, como veio a referir em Julho de 2011 a equipa inter-ministerial, se isso não se verificar, isso "limitaria o impacto desta medida na competitividade externa da economia portuguesa" e "o custo para a sociedade seria elevado, uma vez que se está a transferir poder de compra dos consumidores para lucro dos produtores" de exportações e "constituiria um subsídio às empresas menos eficientes". Ou seja, transferência de rendimento;

5) Mas o que é certo é que por cada ponto percentual de descida da TSU, a Segurança Social perde 400 milhões de euros de contribuições. Faz isso sentido quando, como disse Pedro Passos Coelho na passada sexta-feira no Parlamento, "nós temos um problema estrutural de sustentabilidade das pensões"? Parecem doidos...

Mas que estudos de impacto foram feitos para se defender tamanha aventura? Que se conheça, apenas os realizados por aquela comissão técnica inter-ministerial e que, aliás, se mostrou bastante crítica. Todo o historial da medida em Portugal (contado num dos Cadernos do Observatório sobre Crises e Alternativas, ver a partir da página 10), é um catálogo de trafulhices, confusões, pés pelas mãos, mentiras descaradas, impreparações criminosas, cumplicidades políticas e ideológicas face a algo que mexe com a vida de milhões de portugueses.

A difamação é punida como crime. Mas quem aprova ou quer aprovar medidas sem estudos de impacto, que prejudicam milhões de pessoas, sai impune ou com um eventual castigo político em eleições.

Lembram-se que, quando Passos Coelho recuou em 2012, disse que a medida tinha sido mal precepcionada e que assim não valia a pena? Mas então por que se insiste mais uma vez? E de forma tão tosca? E aparentemente sem estar em concertação nem com o seu parceiro de coligação nem com a ministra das Finanças que, na primeira oportunidade, matou a ideia na apresentação do Programa de Estabilidade e Plano Nacional de Pensões? E em vésperas das eleições? E com o porta-voz do PSD - do PSD? - a sair a terreiro em defesa de Passos Coelho?!
Será que há alguma relação entre esta medida e as eleições? Será que a medida vai ao encontro de possíveis financiadores de campanha eleitoral?

12 comentários:

Anónimo disse...

"Será que a medida vai ao encontro de possíveis financiadores de campanha eleitoral?"

Não me parece uma vez que a medida apenas pesaria, no máximo, "4% dos custos de produção das empresas nacionais".

Jose disse...

Uma vez que não creio tratar-se de cretinice é seguramente má-fé.
Vir com a treta dos «4% dos custos de produção das empresas nacionais» é misturar a Galp com a Micas que faz camisas para França.
Mas a Micas aqui do lado, emprega 30 pessoas a trabalhar a feitio para os franceses com um custo em que a mão-de-obra monta a mais de 85%.
E mais camisas faça mais gente emprega.
Mas os inteligentes dizem NÃO, a essa indústria que não assegura emprego à multidão de doutorados mestrados e agregados produzidos à grosa pelas nossas distintas universidades e institutos, por isso nada de contribuir para a expansão de tão desclassificada actividade.
E vão-se orgulhosos da sua grande visão estratégica, o olhar no horizonte longínquo, a palavra a descartar as oportunidades de hoje, confabulando sapientes hipóteses para que tudo fique na mesma.
Os mais iluminados, confrontados com a sua inépcia, logo vêem o novo escudo a desvalorizar salários a reduzir pensões e a cavar um novo 25A que há-de enfim conduzir-nos à verdadeira luz!

João Ramos de Almeida disse...

Bem visto.

Mas continuando a linha e raciocínio hipotético, seriam custos recuperáveis a prazo e pagos pela Segurança Social.

António Pedro Pereira disse...

Caro João Ramos de Almeida:
Muito bem desmontada a tramoia e a irresponsabilidade da baixa da TSU.
Este cretino do José não tem mesmo tino na moleirinha, pois não?
Quando lhe desmontam os argumentos como o João Ramos de Almeida o fez, desata a barafustar contra as universidades, os doutorados e mestrados, o 25 de Abril,
Que cromo.
Com que então a fábrica de camisas paga 85% dos custos com o trabalho?
O tipo não tem mesmo ponta de vergonha na puta da cara.
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Mudando de assunto, deixei-lhe um desafio no seu post anterior «Zonamento do IMI podia tributar a riqueza, mas não o faz».
Não acha pertinente abordar os aspectos que enumerei?
Posso fornecer-lhe muita informação se desejar.
E já tratada em quadros.

Anónimo disse...

A mim parece-me tão só uma afirmação/clarificação de opções. O que até me parece bem no contexto de uma campanha eleitoral. Assim ninguém pode afirmar depois que não sabia, que foi enganado, que não era claro, ...
E, no fundo, também é preferível que esta opção não surja "mascarada" com justificações pseudo-científicas que assentes em "estudos" que tanto podem sustentar uma tese como o seu contrário. É apenas uma afirmação/clarificação de opções tal como deve ser num programa eleitoral.

João Ramos de Almeida disse...

Caro José,
A fonte de informação está no post. Desafio-o a pegar nos nºumeros de 2012 e a ver ramo a ramo de actividade o que dá. Verá que pouco muda, apesar de haver ramos de actividade mais ou menos trabalho intensivo, ou com mais ou menos recurso a matérias-primas.

Caro Manuel Silva,
Reconheço que ainda não li como deve ser os comentários ao post do IMI. Prometo fazê-lo em breve. Apesar disso, obrigado pelas suas ideias

Anónimo disse...

Uma afirmação/clarificação de posições?

Mas desde quando se processa tal clarificação?
As justificações pseudo-científicas servem mesmo para quê?
Para mascarar dois factos que de tão óbvios obrigam alguns, na ausência de dados favoráveis, a fazerem uma espécie de propaganda camuflada ao passos. Sem a coragem de o assumir.

E que factos são esses?
"-Todo o historial da medida em Portugal (contado num dos Cadernos do Observatório sobre Crises e Alternativas, ver a partir da página 10), é um catálogo de trafulhices, confusões, pés pelas mãos, mentiras descaradas, impreparações criminosas, cumplicidades políticas e ideológicas face a algo que mexe com a vida de milhões de portugueses"
"- Se a ideia é compensar a Segurança Social com o acréscimo de descontos vindos do crescimento do emprego - como atabalhoadamente sugeriu agora Marco António Costa, o ex-secretário de Estado da Segurança Social e coordenador Permanente da Comissão Política Nacional e Porta-Voz do PSD- então por cada ponto percentual de descida da TSU, teriam de ser criados 165 mil postos de trabalho a ganhar o SMN. Ou seja, tudo indica que nem contas foram feitas: apenas se quis enganar os jornalistas e, consequentemente, o povo"

O conceito de afirmação/clarificação de posições é mesmo uma aldrabice.Mais uma com que a governança anda a enganar o pagode À custa de slogans propagandísticos

De

Anónimo disse...

Mas a clarificação de posições tem em jose um exemplo paradigmático.

Tire-se do discurso do fulano tudo o que diz respeito ao ódio mantido contra o 25 der Abril.Já confessou que a sua simpatia era para a Constituição de 1933 e já fez a sua profissão de fé ideológica que curiosamente agora sustenta passos e cavaco
Tire-se portanto aquele jargão ideológico primário em que o ódio ao conhecimento esboça também um perfil dum descendente da fúria inquisidora a bramar contra o conhecimento
( ver também o post sobre Mariano Gago)

Lembre-se fugazmente a apologia do mesmo sujeito perante os negócios dos agiotas, dos especuladores e dos que "arriscam" ( terminologia do jose) à custa de negociatas sujas e que não criam qualquer riqueza.

E o que fica depois disto tudo?:

A Micas(!)e o custo da mão-de-obra a 85%

È obra.

De

Anónimo disse...

estou cansado de dizer que o Jose é apenas um sabujo com falta de atenção...e vocês dão-lha
o sabujo não sabe articular um argumento, é duma enorme e demonstrada desonestidade intelectual e apenas balbucia uns rancores e uns jargões da mais bacoca propaganda neo liberal

Anónimo disse...

Os empregados da Micas são bichos da seda. Cagam tecido e cosem as camisas com os dentes. É só dar lhes alface.

Jose disse...

Calha-me em sorte despertar a raiva do estrume que aduba a esquerda indígena!
Pois seja, ignaras e desonestas criaturas.
Sabem coisa nenhuma da situação do país, falam em enprego e crescimento como se fosse matéria de decreto, e bem mereciam levar com o escudo nos cornos e com o mais que necessáriamente se lhe seguiria.

António Pedro Pereira disse...

Fora eu administrador do blog e este jumento José já há muito que não zurrava aqui.
Para grandes males grandes remédios.
Não se pode tratar os provocadores a soldo como pessoas como as outras.
A todas as outras, toda a liberdade de exporem as suas ideias como entenderem, por mais exóticas que possam ser.
O que não se pode é contemplar com zurradelas de burro dando-lhe o estatuto de opiniões apenas em nome da liberdade de expressão.
A liberdade de expressão não deve permitir que em nome dela se provoque os outros permanentemente.
Se este quadrúpede está radicalmente contra tudo o que aqui se diz, porque está aqui plantado os dias inteiros a contestar todos os posts e todos os comentários com que não concorda?
Apenas para cumprir as ordens de alguém e para PROVOCAR.