sábado, 23 de novembro de 2013

Da falta de cuidado

Ficámos a saber esta semana que, entre 2009 e 2012, mais de meio milhão de crianças e jovens perderam o acesso ao abono de família e que isto ocorre num país onde a despesa pública com a família representa 1,5% do PIB, contra 2,3% do PIB de média na UE. A falta de cuidado, bem enraizada em sociedades muito desiguais, é transversal: por exemplo, só a Grécia gasta menos do que Portugal nos cuidados continuados de saúde entre os países da OCDE e isto apesar de, até 2011, termos crescido nesta área.

A austeridade é a falta de cuidado elevada a princípio geral e permanente de política pública através da destruição do Estado social: do desemprego de massas aos cortes nas prestações sociais, que aumentam a vulnerabilidade de tantas crianças num país com níveis elevadíssimos de pobreza infantil, passando pela fragilização das crianças com necessidades especiais e sem apoios nas escolas para desespero de pais. O resto, que também destrói a família, chega por via da regressão laboral necessariamente associada à austeridade: os horários cada vez mais longos e baralhados dos pais são só mais uma forma de fragilizar as crianças, de fragilizar o cuidado.

O decisivo agravamento da falta de cuidado deve politicamente muito ao facto de sermos governados por uma casta que só responde e responderá perante estranhos pouco bondosos e nada cuidadosos, até porque estes definitivamente não respondem perante os que aqui vivem, os que fazem deste país a sua casa. A falta de cuidado está inscrita no esvaziamento da democracia na escala onde esta pode florescer.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostava era de saber, em concreto, o que é que o PS, face a estes autênticos crimes de lesa pátria cometidos pelo governo e seus apoiantes, irá fazer quando for governo.
Vai continuar os cortes miseráveis e ter mais cuidado nos mesmos( ou seja continuar a politica da austeridade) ou vai pura e simplesmente revogar todas as leis celeradas e iniquas( e são muitas) aprovadas por este governo.!?
Vai respeitar a soberania do país e mandar ás malvas os ditames da troika ou vai continuar o caminho do servilismo que a todos (com excepção do governo e seus esbirros) envergonha.!?
Vai finalmente fazer um referendo sobre a continuação do país no euro ou vai continuar a destruição do país via aplicação, entre outros, do famigerado tratado orçamental( que o PS de incompreensivelmente subscreveu)!?
Enfim, vai finalmente o PS assumir-se, de uma vez por todas, como um partido verdadeiramente social-democrata.