Há quase um ano publiquei um pequeno artigo no Público onde indicava três cenários para o desenrolar da crise em Portugal. Esses cenários tinham natural validade para o caso grego que tem servido de exemplo antecipado do que acontece por estas bandas. Hoje, com o vazio de poder instalado em Atenas e as ambíguas declarações sobre a permanência da Grécia no euro, o pior dos cenários parece estar cada vez mais próximo: uma saída caótica da Grécia do euro. A saída do euro da Grécia parece estar à distância de uma corrida aos depósitos por parte da população. Sem financiamento, os bancos teriam de recorrer numa outra escala à assistência de liquidez de emergência que tem sido feita pelo BCE. Acompanhando as declarações dos responsáveis da instituição, duas linhas fortes emergem: 1- as elites financeiras europeias parecem estar convencidas que uma saída do euro da Grécia não terá grandes efeitos de contágio; 2- os banqueiros centrais traçam uma linha na areia em relação à concessão de liquidez ao que consideram bancos falidos. Assim, seria razoavelmente fácil ao BCE recusar o financiamento à banca grega, alegando que este já de nada serve. Com bancos falidos, sem acesso a crédito, o Estado grego teria de os assistir através do seu banco central, emitindo moeda e instituindo controlos de capitais, entre outras iniciativas de política à medida que os acontecimentos se desenrolam. Teria de sair do euro e posteriormente declarar uma moratória sobre a dívida. Estaríamos perante uma saída desorganizada, que segue os constrangimentos do momento, sem que se minimize a tempestade perfeita de que falava no segundo cenário no artigo do Público.
Adenda: Este post do Alphaville vai na mesma direcção do que escrevi, mas com maior detalhe.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Os senhores doutores desvalorizavam a capacidade de fuga de capitais de Portugal no caso de um tal evento.
Ou seja, acreditavam que contrariamente a 75 havia maneiras de impedir esse fluxo em tempo útil.
Ver referências várias e comentários dos autores sobre o assunto, no dito blogue (Inclusive o próprio escriturário de serviço).
Isto a memória é fraca, tal como a carne.
1600 milhões em dois dias ou em três?
A continuar assim....não há economia que resista né?
Excepto alemã norvik etc
Enviar um comentário