quarta-feira, 16 de maio de 2012
Desenvolvimento desigual
Ao comparar a Zona Euro com várias uniões monetárias potenciais, dos países da América Latina aos países começados pela letra M, este gráfico chama a atenção de uma forma ousada para uma questão simples e em que temos insistido: a heterogeneidade imparável da Zona Euro, o tal desenvolvimento desigual que as forças de mercado e a ideologia neoliberal aprofundam, não tem paralelo. Isto ser-lhe-á fatal, até porque torna cada vez mais difícil a cooperação política robusta que é requerida, há já vários anos, para corrigir os defeitos de fabrico do euro, através de uma espécie de New Deal ou Plano Marshall; termos que hoje são metáforas para um voluntarismo típico dos Estados Unidos e só possível com ligação entre moeda e orçamento na escala apropriada. Seja como for, Estados Unidos é coisa que não teremos deste lado, já que a integração assimétrica do euro cristalizou todas as desigualdades e não será o idealismo, na mais generosa e minoritária das hipóteses, de elites apostadas num centralismo mais ou menos democrático que tapará o buraco. Talvez seja mais prudente seguir o economista Jacques Sapir e “reaprender os princípios da coordenação entre nações soberanas, que são os berços da democracia, sobre as ruinas de uma cooperação construída no desprezo pela opinião dos eleitores” (Faut-il-sortir de l’euro?, 2012, p. 10).
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