«A aposta na Ciência configura uma das soluções mais eficazes para a saída da crise, promovendo o desenvolvimento do país e a qualificação cultural, científica e social dos seus cidadãos, o que, a par do desenvolvimento da tecnologia, permitirá relançar a economia nacional e criar emprego.
(...) O incremento da produção científica e tecnológica nacional, em quantidade e em qualidade, que tem sido reconhecido e premiado a nível nacional e internacional, deve-se à dedicação de milhares de bolseiros e investigadores nos últimos dez anos. Os bolseiros asseguram a maior fatia da investigação produzida, asseguram uma parte substancial das necessidades de docência das universidades, muitas vezes a título “voluntário”, e asseguram uma série de outras funções, incluindo administrativas.
Apesar disso, os bolseiros de investigação científica são um alvo geralmente invisível da precariedade laboral. (...) São jovens recém-licenciados, mas são também investigadores altamente experientes de pós-doutoramento. (...) Vivem com “contratos” de bolsa a 3, 6 ou 12 meses. Em Portugal, os bolseiros, não progridem na carreira (porque a carreira não existe), não têm direito a contrato de trabalho e os seus vencimentos não são atualizados há mais de 10 anos. Os bolseiros não estão protegidos socialmente quando as bolsas terminam. (...) Nunca os licenciados e doutorados representaram uma percentagem tão elevada dos desempregados.
(...) Os investigadores, bolseiros de investigação, presidentes de Centros de I&D e restantes cidadãos consideram que esta situação não é compatível com a dignidade, o esforço e o mérito daqueles que asseguram a investigação científica e tecnológica do país, e sublinham que ela inviabilizará, a curto prazo, uma condição fundamental para a sua recuperação económica e social: a produção científica e tecnológica.»
Da carta aberta ao ministro Nuno Crato, «Sem ciência não há futuro», hoje difundida e que pode ser lida na íntegra e subscrita aqui (via Filipa Vala, no facebook).
A precariedade é, desde há muito, o lado sombrio do assinalável progresso que o sistema científico português conheceu nas últimas décadas. Mas hoje, às mãos da estratégia míope de Gaspar e Santos Pereira (assente na compressão dos custos do trabalho como factor de fomento da competitividade), aumenta consideravelmente o risco de erosão e degradação das condições de produção científica em Portugal. Só um investimento sustentável em ciência e tecnologia nos coloca, de facto, nos antípodas do futuro que a actual estratégia de empobrecimento permite antever.
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1 comentário:
Este governo ganhou as eleições porque se opôs ao anterior contestando as suas políticas.
Hoje resta-nos ver que afinal seguiram as mesmas pisadas e os mesmos erros senão ainda com mais força e determinação.
São cegos e não querem ver o que é óbvio. Continuam a lançar impostos como se isso salvasse Portugal e fosse a solução do problema.
Enquanto não apoiarem a criação de empregos e as regras para os manter formando os trabalhadores e dando-lhe mais dignidade como o factor de desenvolvimento, não passam de uns mentirosos e corruptos.
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