Para os defensores do neoliberalismo, não faz mal acabar com serviços e actividades reconhecidamente eficientes, de qualidade e utilidade social, desde que estejam reunidas pelo menos uma destas condições: que seja um modo de transferir para a esfera do privado recursos que antes pertenciam ao público, promovendo oportunidades de negócio; que seja um modo de eliminar do campo das experiências dos cidadãos formas de fazer em comum que possam favorecer o seu apego a instituições públicas, a finalidades não-lucrativas, a lógicas cooperativas e participativas. É nesta engenharia de reconfiguração da sociedade que se enquadram o anunciado encerramento da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, ou o despejo da Es.Col.A. da Fontinha, no Porto.
Sandra Monteiro
A audácia do governo argentino, bem acolhida pelo seu povo, está a valer-lhe pedidos de indemnização extravagantes, ameaças de boicote comercial e as mais sombrias profecias. Mas Buenos Aires lembra-se dos profetas de mau agouro. Em 2001, quando a Argentina, exangue, deixou de pagar a sua dívida e a seguir desvalorizou a sua moeda, predisseram-lhe uma crise da balança de pagamentos e a falência económica. Desde então, as suas contas externas passaram a ser excedentárias, a sua produção aumentou 90%, o desemprego e a pobreza diminuíram. Em vez de se solidarizar com os accionistas da multinacional espanhola, a Europa teria vantagem em inspirar-se no voluntarismo político argentino.
Serge Halimi
No número de Maio da edição portuguesa podem, por exemplo, ler artigos sobre as classes médias de Renato Carmo - em defesa da ideia de que a nossa política deve ser mesmo o trabalho - e de Frederico Cantante - sobre a magreza da única classe, a tal média, com direita de cidade. Tendo por base a análise de uma amostra das centenas de milhares de autobiografias redigidas no âmbito do programa novas oportunidades, Pedro Abrantes traça um retrato da classe trabalhadora, a tal que ou não existe ou quando existe é para ser comparada negativamente com empreendedores da imaginação distópica que nos governa. Destaque ainda para o artigo de Nuno Domingos sobre Tabu de Miguel Gomes. Num filme que exprime "um desejo de ficção", Domingos indica-nos como a história e a ideologia entram discretamente pela janela (ou então pelo ecrã do computador, já que há um plano do sítio dos economistas aterrados...).
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2 comentários:
No que diz respeito à MAC não podem estar mais errados. A MAC é um edificio onde se gastam muitos milhões para remendar e onde as parturientes e as crianças não têm a segurança que encontram num hospitas miltivalente. Como é óbvio. sabiam que se a parturiente rasgar a bexiga em trabalho de parto tem que ser operada num hospital porque a MAC não tem cirurgia ? E agora pensem em tudo o que pode acontecer. É tão mau querer para o privado os serviços que cabem ao estado como é mau que na sombra do serviço público se gastem milhões em desperdício.
Sobre a MAC vejam aqui:http://pegada.blogs.sapo.pt/1643247.html
Procurem em MAC...
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