Num dos seus últimos artigos, Vicenç Navarro chama a atenção para a “corrupção do processo democrático europeu” nas instituições que comandam a nossa economia política, cujas actividades e prioridades são essencialmente determinadas pelas fracções do capital, em especial do financeiro, cujo horizonte de operação, independentemente das raízes nacionais que ainda contam, é europeu ou está mesmo para lá do continente. Alguns números: 15000 a 20000 lobistas em Bruxelas gastam cerca de 3000 milhões nas suas actividades de compra de influência para definir as inevitáveis regras do jogo que estruturam a construção de mercados, a principal especialidade europeia. O défice democrático em Bruxelas facilita imenso este processo. É por estas e por outras que a propaganda europeia, a que faz equivaler egoísmo a nacional, é enviesada: o míope egoísmo organizado do capital opera em múltiplas escalas e tende a ser mais forte ali onde a democracia e as luzes do debate e escrutínio públicos são mais fracas. O drama é que estes poderes europeus estão a minar as democracias na escala onde estas são mais fortes.
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3 comentários:
Este texto merece ser lido com atenção...
E só descobriu isso agora?
Mas, meu caro João Rodrigues, o artigo que citas recomenda justamente a democratização das instituições europeias e não a reconquista da plena independência de cada Estado-nação da Europa - aponta aos cidadãos europeus o exemplo dos "ocupantes de Wall Street", que, tanto quanto sei, não reivindica a independência dos Estados federados.
Ora, uma coisa é reivindicar a democratização da UE; outra opor à federação (inexistente, de resto) a via da "soberania nacional".
Abraço
msp
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