quarta-feira, 30 de maio de 2012

Torcer destinos

 
Sem ligar aos relativistas de várias famílias ideológicas, a UNICEF decidiu construir um índice de privação infantil para os diferentes países europeus, que são aqueles para os quais existem dados, tendo por base o incumprimento em dois ou mais indicadores, entre 14, de bem-estar infantil: comer três refeições por dia, ter acesso a livros adequados e ter a oportunidade de festejar datas importantes, por exemplo, são indispensáveis para o florescimento humano. A decência de uma sociedade vê-se, em primeiro lugar, pela forma como trata das suas crianças, pela forma como inscreve a ética do cuidado nas suas políticas e instituições. Portugal era então, em 2009, uma das sociedades europeias mais indecentes, com 27,4% das suas crianças privadas de fontes essenciais de bem-estar. Em 2012, estamos certamente bem pior, dada a austeridade, ainda por cima com uma assimetria sem paralelo. Em sociedades tão fracturadas como a portuguesa, os discursos sobre elevadores sociais e sobre mérito não passam de um embuste gigantesco. As políticas que nos atolam num capitalismo medíocre fazem com que de pequenino se torça cada vez mais o destino...

1 comentário:

Anónimo disse...

Então nesse caso, as crianças romenas de 12 e 13 anos, na prostituição na Cova da Piedade e em muito casario lisboeta, ou são cheias de previlégios desde 2004, ou então são adultos precoces.