sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Tempo de autocrítica

 

Lendo este texto de Brian Winter, fica-se com a sensação de que estamos num mundo cada vez mais parecido com os anos trinta. A causa? O capitalismo selvagem de que foram cúmplices, ou agentes directos, os partidos democratas, trabalhistas, social-democratas, socialistas democráticos, ... enfim, todos os que, mesmo dizendo-se de esquerda e executando políticas sociais, quase sempre desgarradas e epidérmicas, nos conduziram até aqui.

A direita antidemocrática e desumana, a direita que só deseja eliminar quem dela discorda, a direita que se propõe resolver todos os problemas pela força bruta e à margem do direito, essa direita, é a expressão da raiva perante os efeitos da globalização sem freio, a especulação financeira numa espiral de ganância global, a erosão das leis que protegiam o trabalho e garantiam alguma dignidade à vida humana, o financiamento dos partidos pelo mundo dos negócios, as algemas que os Estados se puseram a si mesmos perante uma finança em roda livre, a entrega de boa parte da comunicação social, da saúde, da educação, das pensões a parasitas do Estado, as políticas geradoras do desemprego de massa, a desigualdade escandalosa, o esvaziamento do sentido da vida e a frivolidade promovidos pela moda, a publicidade e o marketing, a precarização e a erosão de tudo o que cria laços de respeito mútuo, e de cuidado pelo outro e pelo bem-comum.

Sim, a esquerda que hoje acumula derrotas acomodou-se a isto e só disputa o poder para gerir isto. Para ultrapassar este refluxo, a esquerda tem de estar disposta a fazer a autocrítica dos erros políticos cometidos e ter a mente aberta para imaginar outra vida e pensar outras políticas.

Em nome de uma alternativa que dê esperança numa vida outra. Em nome dos dias melhores que podemos ter. Se quisermos mesmo.

13 comentários:

Geringonço disse...

Mal posso esperar pela bojarda do "social democrata" Jaime Santos...

Anónimo disse...

Concordo em absoluto com o Jorge Bateira. Acrescento apenas "em nome da revolução". Só uma revolução, com todas as consequências, poderá alterar este estado de coisas. E mesmo assim vai levar tempo. Desejavelmente, precisaríamos de todos os activistas congregados numa luta internacional, que começasse por destruir os lugares onde os financeiros predadores e parasitas escondem o dinheiro (os offshores...), que utilizasse hackers para destruir as rotas digitais do dinheiro invisível, as bolsas e a banca, de modo a despojar o grande capital daquilo que lhe dá poder: o dinheiro. No fundo é a velha luta de classes, adaptada aos dias de hoje. Depois de destruir, construir. Construir novas políticas produtivas e distributivas, fortemente reguladas de modo a impedir a ganância e a acumulação. Ou seja, uma revolução.
Muito obrigado ao autor pelo texto.

Mário Reis disse...

Desafio, problema, origens e causas profundas para a emergência da extrema-direita na Europa, que o editorial e artigo de Carlos Carvalhas na revista Seara Nova (outuno de 2018) tocam. Insistir no vazio gerado pelos cavaleiros da "nova economia" e "democratas" do todo poderoso capital financeiro é continuar a afagar o réptil em vez de o matar no ovo.

Jaime Santos disse...

E onde está essa alternativa, Jorge Bateira? Ou está à espera que sejam outros a desenhá-la?

Estou farto deste mesmo discurso desde pelo menos 2010, quando todas as culpas eram colocadas à porta da social-democracia sem que houvesse quem explicasse quais os sacrifícios que precisamos de fazer para sairmos desta maldita crise. Porque de certeza que os haverá e quem é honesto deve começar por admitir quais eles são. A dita auto-crítica também começa por aí...

A Extrema-Direita caracteriza-se pela exploração da raiva. Votem em nós e depois logo se vê. Uma Esquerda que se reveja nos valores do Iluminismo não pode adotar tal tática. Claro, nem toda a Esquerda se revê em tais valores. Basta olhar para o que se passa em Cuba ou na Venezuela para percebermos que se trata pura e simplesmente da conquista e da manutenção do poder.

Fico pois à espera do programa de Governo que desatará tal nó górdio. Com as continhas todas, pois claro. Ou não são vocês Economistas?

Anónimo disse...

Portanto a direita é antidemocrático e culpada do estado a que estamos a chegar é a esquerda apenas cometeu erros políticos. Esses erros políticos são no Brasil chamam-se corrupção, em Portugal corrupção Venezuela corrupção mas são só erros políticos...

S.T. disse...

O quê?

O Jorge Bateira ainda não entregou o programa de governo que o Jaime Santos pediu? LOL

E com as continhas todas ao cêntimo! LOL

E ainda não fez a sua auto-crítica? Olhe que está a abusar! LOL

Então para que é que eu lhe pago? Está despedido! LOL

E olhe lá a Venezuela! E Cuba, não se esqueça de Cuba! LOL

Desculpem, mas quem é que esta aventesma, que não percebe nada do riscado, julga que é para andar a dar ordens como se fôsse o grande chefe da bandalheira? LOL
S.T.

Anónimo disse...

Está farto Jaime Santos?

E nós estamos fartos dos adoradores das grilhetas de Bruxelas

Paulo Marques disse...

Estraordinário como os colaboracionistas continuam a pedir aos outros o que não pede ao mestre, mas enfim, vá aí ao lado, carregue em Bill Mitchell e aprenda qualquer coisa.
Isso ou reflita se vale o risco de ser a nova Grécia - tem muito menos trabalho para chegar ao mesmo lado.

Geringonço disse...

Sabia que Jaime Santos não falhava, e sempre com a dose diária de Venezuela...

S.T. disse...

Entretanto da frente italiana chegam-nos os ecos de uma batalha surda entre Salvini, "le grand méchant loup" (LOL) e o ECB.

Lembram-se de eu referir um tweet de Alberto Bagnai com uma fotografia de um aviso na cadeira de um avião aconselhando a apertar os cintos de segurança? Eu diria que se aproxima a turbulência.
Isto são só as primeiras sacudidelas. Mas a coisa está a rolar.

https://www.zerohedge.com/news/2018-10-12/italy-declares-war-merkel-and-eu

A beleza do assunto é que o evoluir da situação pode tornar necessários os cálculos do prof Jorge Bateira, porque a soberania monetária pode cair no regaço de Jaime Santos e o homem como é meio patarata fica tão atrapalhado que nem sabe o que há-de fazer com ela.

Quanto à Venezuela, observem as movimentações da China.
S.T.

S.T. disse...

Com o incontestável selo de qualidade de Jacques Sapir, mais alguns elementos do que este diz ser um braço de ferro entre o governo italiano e a EU.

https://www.les-crises.fr/russeurope-en-exil-budget-italien-le-bras-de-fer-avec-lunion-europeenne-est-engage-par-jacques-sapir/

Em suma, o processo de provocação italiana da Eu está em marcha e adivinha-se violento (politica e económicamente). Para já trata-se de desentocar os europeístas e obrigá-los a mostrar o jogo, interna e externamente. A Itália não sairá do euro. Criará uma tal bernarda que será expulsa. E irá lá devagarinho, provocação atrás de provocação... LOL
S.T.

S.T. disse...

Já que estamos em maré de dados interessantes, levo à vossa apreciação este artiguinho que me parece mesmo, mesmo muito interessante.

https://institutdeslibertes.org/retour-sur-la-turquie-2/

Trata em primeiro lugar da Turquia, que como se sabe, enfrenta uma situação de pré-falência.

Ora adivinhem quem é que emprestou dinheiro à Turquia? Resposta breve: Os bancos europeus!

Logo, se a Turquia, que recebeu dos bancos europeus financiamentos no valor de 450 mil milhões de dolares, entrar em default, estes bancos europeus podem apanhar presumívelmente um rombo de 50% desse valor. O que significa que todo o esforço feito pelos países europeus para sanear o seu sistema bancário nos últimos anos vai simplesmente pelo cano de esgoto abaixo.

Com um bocadinho de sorte, dadas as relações privilegiadas entre a Turquia e a Alemanha, talvez, e isto é uma especulação minha, os bancos alemães tenham a parte de leão no rombo.

S.T.

S.T. disse...

Mais uma trabalheira para o povo de esquerda que não fala francês. Um excelente artigo "de esquerda" para desmistificar o "fascismo" de Salvini e da Lega.

Mais uma vez é inútil fazer citações porque é todo um posicionamento que se advoga para a esquerda francesa sobre a questão europeia. A meu ver é instrutivo.

http://la-sociale.viabloga.com/news/c-est-en-italie-que-se-joue-l-avenir-de-l-europe-2

Em caso de necessidade os resultados de GoogleTranslate costumam ser minimamente compreensíveis.

Boa leitura!

S.T.