sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Por um país inteiro

O país a que este OE quase sem défice se destina cresce pouco e é sabido que pouco nos afastámos do lugar para onde a austeridade nos empurrou. Há gente e lugares ainda a cambalear. Para além de fraco, o crescimento é certamente instável. Surfa-se a onda circunstancial de uma procura turística que busca amenidades a baixo preço mas não a da reconstituição da capacidade produtiva de bens e serviços qualificados com a melhor mão-de-obra. O território está fragilizado, de tal forma que se pode perguntar se o país permanece inteiro ou se é só uma área metropolitana a inchar.

Excerto de um artigo no Público, da autoria de José Reis, entitulado As opções e os limites de um Estado autolimitado. O autor de A economia portuguesa - formas de economia política numa periferia persistente (1960-2017) acaba a chamar a atenção, como não podia deixar de ser, para os limites deste OE, entre Bruxelas, credores e seus defensores internos. Realmente, os escassos avanços, fáceis de reverter, até porque nada mudou na estrutura de constragimentos, não autorizam celebrações complacentes.

16 comentários:

Jaime Santos disse...

Claro que os ditos avanços não autorizam celebrações complacentes. Mas são concretos e logo bastante melhores do que as proclamações inconsequentes de quem nos quer libertar de um qualquer jugo sem explicar como e sobretudo, quais os sacrifícios necessários para tal, porque ninguém imagina que eles não sejam necessários, mas suspeita-se que o populismo de pacotilha que defende tais caminhos se esvaziaria no dia em que tivesse que o admitir.

Honra seja feita a José Reis aliás, que não parece querer alinhar em ruturas, meramente cultiva o pessimismo de quem sabe que dar a volta à situação atual requer tempo, recursos, trabalho e muita paciência...

Anónimo disse...

Perfeitamente de acordo

Jose disse...

« é sabido que pouco nos afastámos do lugar para onde a austeridade nos empurrou» como se prova comparando com os dados de 2012.

Anónimo disse...

Populismo de Pacotilha? O seu, caro Jaime Santos?
Como se sabe populismos há muitos. Mas no seu caso parece apenas chover no molhado, com aquelas justificações da treta de quem tem a consciência pesada

E que quer esconder a toalha neoliberal debaixo do tapete, com essa conversa mole estilo cassete

Anónimo disse...

Acontece.
Alma de Senhor em humilde mister. Alma de servo em reluzente cargo.

Geringonço disse...

O Jaime Santos não só é adepto de populismo como de demagogia, o populismo e a demagogia da preferência de Jaime Santos são aqueles que defendem a austeridade redentora, a tal que iria fazer renascer a economia e iria criar um Homem novo, nada disso aconteceu, claro, mas Jaime Santos continua a preferir esse populismo e essa demagogia...

Jaime Santos, tal como outros da "esquerda moderada e responsável", bem que tentaram esconder o seu ardor pela ideologia neoliberal, mas já não conseguem esconder mais...

Anónimo disse...

É de facto sabido que pouco nos afastámos do lugar para onde a austeridade nos empurrou, o que demonstra que o retrocesso social, económico, cultural, civilizacional experimentado durante os anos de chumbo foi motivado ideológica e criminosamente

Há assim que ajustar contas com tais criminosos austeritários.

E chamar o nome directamente aos bois

Jose disse...

O que que depende de Bruxelas fica por esclarecer.
Mais fundos para obra não reprodutiva?
Autorizar maior défice para mais despesa do Estado?
Ou seria que o Estado iria investir e dedicar-se à produção de bens e serviços com mão-de-oba altamente qualificada?

O mais provável é que se cale a necessidade de fazer o investimento privado acreditar que isto não é terra de comunas e esquerdalhos.



S.T. disse...

Então eu esclareço o José.

O que depende de Bruxelas é um corpo de regulamentação talhado para favorecer os países do centro europeu.

O que depende de Bruxelas é uma arquitectura do euro "defeituosa" que favorece escandalosamente a acumulação do capital nos países do centro europeu.

O que depende de Bruxelas são os poderes fácticos não consignados nos tratados mas não obstante impostos aos países da periferia.

Isto só para inicio de conversa. E faço notar que aquilo que afirmo é absolutamente neutro em matéria ideológica, isto é, não depende de qualquer análise marxista da questão e pode ser subscrito por qualquer alminha de direita que tenha dois dedinhos de testa.

S.T.

Anónimo disse...

Ah, essa matriz de que é feito o nosso tecido dito empresarial.

Medíocre e ronceiro Anti- comuna e anti-esquerdalho

E convertido de salazarento profundo em neoliberal catita. Num ápice, tão rápido como a necessidade de facturar...à custa dos demais

Anónimo disse...

O investimento privado deste jose é todo ele privado.

Género terratenentes banqueiros a parirem BPN, Banif, BES, BPP.
Quiçá mesmo tecnoformas. Ou novos CTT

Daquele investimento privado à moda de jose. Que foge aos impostos, que utiliza offshores e que vive de rendas.

E do descalabro dos serviços públicos

Por isso esta aversão selectiva a quem lhe denúncia as manhas

S.T. disse...

Para os quecompreendem bem o francês falado, eis um excelente video de Coralie Delaume:

https://polony.tv/rencontres/coralie-delaume-presente-le-couple-franco-allema?autoplay=true

Saluts! ;)
S.T.

Jose disse...

Para a esquerdalhada o que « favorece escandalosamente a acumulação do capital nos países do centro europeu» nunca é a sua organização e produtividade.
Dizem que são os regulamentos, esse instrumento de intervenção política que vêm como único meio adequado à expressão da sua sanha totalitária.

Anónimo disse...

Confessemos que é preciso ter pelo menos alguma coerência formal.

Não, agora não vamos falar nessa história da organização e produtividade made in germany. Porque os buracos são grandes demais. Porque ainda nos lembramos das negociatas do bundesbank, da corrupção dos alemães no caso dos submarinos de Portas, das emissões poluentes aldrabadas e falsificadas.

Porque ainda nos lembramos da organização e produtividade made in germany à custa de um modelo de euro feito à sua imagem e semelhança

E porque nos lembramos dos encómios aos exércitos nazis em tempos idos, quando avançavam por essa europa fora, louvando-lhes a organização e a "produtividade".

Não. Agora vamos falar na coerência formal.

Aí em cima alguém fala em "regulamentos" expressando a velha perversão neoliberal traduzida comummente na "mão do mercado", algo que não é mais do que a sanha totalitária transformada em autêntica garra

Curioso é como quem assim investe contra "regulamentos" promovia há dias, esses mesmos "regulamentos", invectivando os que são , e cita-se "chula do capitalismo, promovendo a sua perversão à força de lhe negar regras mínimas de funcionamento, blablabla e mais blablabla e pardais ao ninho.

Umas vezes regulamentos a mais, como sanha; outras a menos, como perversão.

A cena ainda vai no adro, mas este tipo é mesmo o que parece ser.

E ainda mais além

S.T. disse...

Os "regulamentos", já para não falar dos tratados podem cumprir funções úteis quando asseguram um equilíbrio e um bem comum ou podem funcionar como forma de ensiesamento e distorção do mercado, propiciando vantagens a uns e onerando outros.

Um exemplo:

Quando a regulamentação da actividade bancária exclui do âmbito da supervisão do BCE os bancos de menor dimensão podia-se pensar que seria uma forma de simplificar a vida a instituições sem importância sistémica. No entanto quando a linha de demarcação é feita de modo a excluir da supervisão as "sparkassen" alemãs a "regulamentação" é distorcida para beneficiar o sistema bancário de um país. Capisce?

Não por acaso, a linha de orientação advogada quanto aos bancos italianos de menor dimensão foi de pregar a "necessidade de consolidação" a ser conseguida através de mergers&aquisitions (fusões e aquisições) com o objectivo de constituir unidades que "por acaso" estivessem acima do limiar de supervisão do BCE por forma a colocar as instituções assim "consolidadas" sob a alçada inspectiva do BCE. Ora, se a consolidação é assim tão necessária e vantajosa porque não a fazem na Alemanha? LOL
Capisce?

Os regulamentos são necessários mas podem e muitas vezes são usados como arma de arremesso económico e para isso lá estão as eminências pardas alemães colocadas em cargos chave da comissão, em postos discretos mas de descomunal influência.
Uma variante são os funcionários de países satélites ou até de países insuspeitos mas políticamente orientados segundo os interesses alemães. É muito instrutivo saber quem é quem no funcionalismo da Comissão.
S.T.

S.T. disse...

Aproveito para deixar aqui um "docinho" para os "profissionais da profissão".

Trata-se de um texto em pdf da autoria de William Vickrey publicado já depois da sua morte:

https://web.archive.org/web/20181023181130/http://www.cfeps.org/pubs/wp-pdf/WP2-Vickery.pdf

Óptimo para traduzir e fazer umas citações, digo eu... ;)

S.T.