Os efeitos perversos do “congelamento das rendas” continuam a ser um mito enraizado e incontestado da sociedade portuguesa. Esta questão tem sido uma vez mais suscitada, dada a crescente escassez de rendas a preços acessíveis nos principais centros urbanos do país. Como aqui já se esclareceu, os principais bloqueios à expansão do arrendamento foram contudo há muito eliminados, estando por isso amplamente limitados desde 1990, quando se encetou o processo de liberalização do sector para os novos contratos, com perda sucessiva de direitos para os inquilinos.
Dados dos últimos Censos já haviam mostrado que, entre 2001 e 2011, o valor médio mensal das rendas aumentou 51%; que, em 2011, a maioria dos contratos de arrendamento eram recentes, e que particulares e empresas eram os proprietários dos alojamentos arrendados com valores mensais de renda mais elevados.
Dados mais recentes, do Inquérito às Rendas de Habitação do INE, reforçam estas tendências. Em Janeiro de 2015, 68% dos contratos de arrendamento em vigor foram celebrados a partir de 1990. E nos restantes 32%, celebrados antes de 1990, apenas 21% correspondem a valores de renda de menor valor (até 100€).
Com efeito, é nos contratos mais recentes que encontramos valores de arrendamento mais elevados: dos alojamentos com valores de renda igual ou superior a 400€, cerca de 90% correspondem a contratos celebrados desde de 2001.
Não só se verifica um maior peso dos contratos celebrados a partir de 2006, como se constata que os contratos com valores mais elevados de renda pertencem a alojamentos da propriedade de empresas e particulares, e, pelo contrário, os valores mais baixos dizem respeito a habitação que pertence a entidades públicas. Dos alojamentos com valores de renda inferiores a 50€, cerca de 65% são propriedade do Estado, outros institutos públicos ou instituições, das autarquias locais ou de empresas públicas; pelo contrário, dos alojamentos com valores de renda iguais ou superiores a 400€, cerca de 98% são propriedade de particulares ou empresas privadas.
Uma vez mais: a escassez de alojamentos para arrendar a preços acessíveis não se deve às rendas ditas congeladas. Deve-se, isso sim, à insuficiente oferta pública de alojamentos, que, em 2015, não perfazia sequer um quinto dos alojamentos familiares arrendados.
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14 comentários:
A palavra Míngua Não pode usar-se como é usada na última frase como de qualicativo de oferta pública. Refaça-se a sintaxe para se poder usar correctamente o vocábulo.
Uma vez mais: a escassez de alojamentos para arrendar a preços acessíveis não sói se deve ao facto de haver gente roubada por força de lei, mas porque esse roubo fez o seu caminho ao longo de dezenas de anos; acresce que com geringonços nunca se sabe o que aí possa vir de roubalheira e os tribunais continuam no seu pasmo habitual.
Em nenhuma parte deste post se contestam os efeitos perversos do congelamento das rendas.
Imagine que quer investir no imobiliário o alojamento de longa duração.
Pede um empréstimo à banca, esta vai-lhe exigir um período de retorno de no máximo 12 anos e um juro bastante salgado.
Em vez disso vende os alojamentos a pessoas que vão pedir um empréstimo à banca para comprar, os prazos chegaram a ser de 40 anos até há juros negativos - mesmo sem os casos extremos os juros são muito mais baixos.
Qual é a possibilidade de quem aluga ter uma renda competitiva?
Mesmo fugindo aos extremos as margens possíveis de retorno do capital não s~~ao atrativas.
ah, jose, sempre com argumentos do mesmo nível de inteligência de um henrique raposo.
É isso mesmo Herr José... Há que mobilizar o povão contra a insuportável ditadura da "Geringonça". Há que copiar a direita neofascista venezuelana, pedir uns cobres ao Soros e às ONG da CIA para pôr a coisa a rolar, queimar vivos uns quantos efetivos ou supostos apoiantes do PS, do PCP e do BE e agregar a conta à "violência" do "regime" geringonciano...
Infelizmente para si, reacionaríssimo Herr José, os crápulas do costume não se dão ao trabalho de organizar operações de "regime change" por causa do pastel de Belém, da alheira de Mirandela ou da Praia da Manta Rota. O que lhes interessa é mesmo meter as mãos no petróleo alheio e desse por cá, apesar daquele sucessivo esburacar do Algarve, nem cheiro. Azar...
Diz TP
"Em nenhuma parte deste post se contestam os efeitos perversos do congelamento das rendas"
Ora se este TP percebesse o que a autora do post escreve.
Logo ab initio.
Pelo que se TP quer que escrevam sobre os seus mitos que os vá procurar noutro sítio. Este ( bom e esclarecido post) procura desmontar precisamente estes mitos.
Não é difícil.
O "haver gente roubada por força de lei".
Uma referência aos salários, pensões e feriados roubados pela quadrilha neoliberal de turno?
E o "esse roubo fez o seu caminho ao longo de dezenas de anos"
Uma referência aos planos de Passos /Portas/ Maria Luís Albuquerque/ Cristas para perpetuamente perpetuarem tais roubos e tais crimes?
E os Pides, Cuco, nunca te esqueças dos Pides!
E o Borges, e o Núncio?
Está a fraquejar treteiro.
?
Provavelmente ensandeceu mesmo?
Herr jose monta na sua pileca e desaustinado lança-se a trote.
Para os braços de alguns dos seus entes queridos?
Mas não são os putativos amores de herr jose que estão em discussão. Nem o seu indispensável cuco.
O que se discute são as rendas e as habitações.
E haver gente roubada por força de lei. E o caminho perpétuo que esse roubo parecia ir ter.
"Ora se este TP percebesse o que a autora do post escreve. "
Acho que nem a autora sabe o que está a escrever, mas isso já sao outros 500... :-)
Pobre TP
Vamos lá. Um pouco mais de esforço... 501, 502,503
Felizmente é coisa que nao me afecta, mas que deveria preocupar a autora do post em relacao á forma como tenta explicar aquilo que escreve. :-D
504, 505, 506
Ahahah!
Vejam a autora da posta tão incomodada mais os seus incomodados leitores
O único veramente nao afectado é o pobre TP que volteia inquieto à espera que lhe expliquem qualquer coisinha.
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