"Guerra dos Tronos" |
Durante o dia, mastiguei possíveis respostas num bom português que não dei. Ruminei sobre uma classe média universal que se acha emanação das divindades e cuja ideia a autoriza a humilhar indígenas. Mas pior do que isso: pensei sobre a visão curta - e nada original - de uma estratégia nacional baseada no fogo fátuo do turismo, estatisticamente considerado como "exportação", sob o risco iminente de, a qualquer momento, ser revirado de pernas para o ar, pondo a descoberto toda a dependência comercial externa da nossa vida.
Ainda por cima porque se trata de um sector que pugna por baixos salários, que absorve sobretudo trabalhadores mal qualificados - ou bem qualificados, mas pagos a pouco mais do que o salário mínimo nacional - e que cresce sobre uma desigualdade na distribuição de rendimentos.
Uma estratégia que anda a par de uma outra semelhante: aliciar estrangeiros com taxas mais baixas de imposto sobre o rendimento, isentando-os das respectivas tributações nacionais, e abrindo portas a esquemas de tributação desigual em Portugal, com tributações privilegiadas para administradores de multinacionais, técnicos de consultoras internacionais, profissionais liberais, etc.
Se acrescermos ainda o esquema da lista VIP e os tapetes vermelhos a voos da China três vezes por semana, tudo aponta estar-se a fomentar migrações potenciadoras de bolhas especulativas, inflaccionadoras de preços, limitadoras da vida dos seus habitantes e que rebentarão, mais dia menos dia, em cima deles.
O nosso centro não deveria ser uma periferização das opções económicas terciárias do centro da Europa ou mundial. A nossa autonomia deveria basear-se num poderoso, viável e soberano sector secundário, assente numa densa malha nacional de consumos intermédios e exportadora de produtos qualificados de valor acrescentado nacional, que viabilizem uma existência humana digna, elemento essencial para impedir o mais estúpido dos sentimentos de pertença sobre a população de uma distante e pitoresca praia para estrangeiros mais ricos que nós.
42 comentários:
Nervos...
Modesta e um pouco brejeira contribuição: e que tal o "slogan" "E se o turista lhe pedir para baixar as calcinhas, mostre todo o amor que tem pela economia do seu país e baixe-as"?
João Ramos de Almeida, um texto inspirador que se coaduna com aquilo que penso.
"A nossa autonomia deveria basear-se num poderoso, viável e soberano sector secundário, assente numa densa malha nacional de consumos intermédios e exportadora de produtos qualificados de valor acrescentado nacional, que viabilizem uma existência humana digna"
É verdade mas para que isso aconteça nós temos que combater a mentalidade salazarista remanescente, a tal mentalidade que condenou e ainda condena os portugueses ao atraso e pobreza!
É preciso combater aqueles que se fazem passar por sérios, competentes, que nunca se enganam, que defendem a "austeridade" para os outros não para eles, que nos humilham quando nos chamam de piegas, ou seja, os medíocres que ainda se reguem por um Portugal pré 25 de Abril.
Vou dormir tarde mas feliz.
Ver o João a enunciar os princípios do desenvolvimento sustentável, que implica tudo o que a geringonça não faz e não fará, recusando a bolha turístico-imobiliária que vai sustentando o 'sucesso' geringonço, é reconfortante.
Quanto aos aplausos ao seu discurso já há que duvidar; provavelmente será o princípio de Pavlov a funcionar sobre um substrato que lhe é propício.
Boa resposta seria, o seu francês é bom mas a simpatia não ...
"A nossa autonomia deveria basear-se num poderoso, viável e soberano sector secundário (...)"
- Se excluirmos as empresas industriais estrangeiras que operam em Portugal (ex: Auto-Europa, Bosh, Continental Mabor, PSA Mangualde, Siemens, Faurecia, etc...) como é que fica o nosso sector secundária? e o ancestral desequilibrio da balança comercial?
Ou seja, o autor teve uma experiência desagradável com um turista, e decidiu extravasar o seu desagrado pelo turismo. Nunca foi mal tratado por um sindicalista? Dava-nos jeito amiúde!
Em relação à questão de fundo, não é verdade que o turismo, se bem aproveitado, seja negativo devido à grande influência que o setor tem, ou possa vir a ter, na economia. Não é verdade, porque os fatores que fazem de Portugal bom para o turismo, são fatores estáveis que não dependem dos outros, ou seja, tais fatores são o clima, a simpatia, a gastronomia ou o património. E aproveitar estes recursos depende apenas de nós. A Holanda é um país altamente tecnológico com salários altos e todavia não ignora o setor do turismo. Amesterdão tem muitos, mas mesmo muitos, mais turistas que Lisboa. E tem pior clima, pior comida, piores praias e os holandeses não primam pela simpatia. Ou seja, o turismo não é como o petróleo, cujo preço e respetivos rendimentos está dependente de um qualquer cartel no médio oriente.
E muitas pessoas que trabalham nessa área, são pessoas que estavam desempregadas ou trabalhavam em call-centres, e com formação não-tecnológica. Quer mudar o paradigma da produção e da economia, para alto valor acrescentado e altos salários, investamos em engenharia e tecnologia. Mas muita da "esquerda" também não gosta! Basta ver as críticas que teve a Lisboa web summit.
Ainda bem que Jose reconhece a sua falta de memória, quiçá verdadeiramente pavloviana que o deixou dormir em paz.
"A nossa autonomia deveria basear-se num poderoso, viável e soberano sector secundário"
O que este Jose andou e anda a dizer sobre a soberania nacional? Os seus amores por merkel e por Schauble estarão esquecidos pavlovianamente? As suas odes aos credores estarão escondidas debaixo dos tapetes? As suas cartas de declaração incondicional à troika, que espezinhou a nossa soberania nacional, permanecerão agora ocultas debaixo da sua cama?
"assente numa densa malha nacional de consumos intermédios"
Os consumos que foram tão dantescamente criticados, combatidos e diabolizados por este tipo durante a governança da troika e no seu período posterior?
Servindo de muleta para o ataque ínvio e prenhe de ódio ao tribunal constitucional?
"viabilizem uma existência humana digna"
A existência humana digna que este tipo defendia era o convite à emigração forçada? Ou a dança a pedir por mais despedimentos?
O soninho de jose tem destas coisas. Não tem a mínima relação com a sua honestidade
Lolol. Acho engraçado todas estas opções políticas porque o fenómeno do turismo chegou ao centro de Lisboa e começou a causar incomodos aos Lisboetas. Enquanto o turismo se concentrava no Algarve e na Madeira ninguém sechateava muito: se fosse preciso os Lisboetas ainda se queixavam da falta de "qualidade" no serviço, etc.
O turismo veio para ficar. Os Lisboetas vão ter que se adaptar aos incómodos causados por esse mesmo turismo. Pode não gerar postos de trabalho qualificado as gera rendimentos substanciais aos pequenos proprietários que assim não ficam dependentes de um emprego mal pago.
Agora quanto à sua ideia idílica
"A nossa autonomia deveria basear-se num poderoso, viável e soberano sector secundário, assente numa densa malha nacional de consumos intermédios e exportadora de produtos qualificados de valor acrescentado nacional, que viabilizem uma existência humana digna, elemento essencial para impedir o mais estúpido dos sentimentos de pertença sobre a população de uma distante e pitoresca praia para estrangeiros mais ricos que nós"
O problema do seu sonho está no : Viável.
O setor que temos que provavelmente mais se aproxima do que preconiza é a indústria da celulose com a correspondente fileira florestal, em que somos grandes exportadores e também temos os vários consumos intermédios tal como preconiza.
Agora diga-me, acha que esta indústria e correspondentes consumos intermédios realmente são melhores do que o setor do turismo? Acha que gera realmente mais emprego qualificado e bem pago que o turismo? Acha que os problemas que esta industria gera: emissões das fábricas, fogos florestais, etc realmente são menos relevantes do que o incómodo de ter de aturar turistas na capital?
Na minha opinião dentro do quadro da União Europeia os pequenos países que vejo com melhores standards de vida são a Irlanda e o Luxemburgo. O Liechenstein eventualmente caso faça parte da UE.
A vantagem competitiva desses países que têm beneficiado e muito da UE, baseia-se em vantagens competitivas no campo fiscal e no campo bancário, em que através de legislação feita à medida conseguem beneficiar de estarem integrados no espaço europeu.
A aposta no setor secundário numa economia moderna para um país como Portugal não faz muito sentido. Acha realmente que ter o país com fábricas é melhor do que ter hotéis? Os hotéis sempre são mais bonitos e podemos ir tomar café ao bar e eventualmente darmos um mergulho na piscina. As fábricas hoje em dia não empregam como antigamente e a competitividade no setor secundario acaba por se basear nos salários baixos.
No essencial, estou de acordo com o texto.
Eu tenho tentado ao longo dos anos, nunca defender posições da burguesia, mas por vezes, lá se vai um tique pequeno-burguês.
Muito teremos que fazer, pelo nosso país, que não o troco por outro, apesar de nunca ter dado apoio/votado nos sucessivos governos!
Não vou dizer, que nos vários governos e AR, não tenha havido gente séria e até com talento, mas ou ponto de defenderem, como a principal via para os desenvolvimento do nosso país o turismo!!! Parece-me doentio! E sugiro, à queles que encistem só nesta solução, que pesquisem um bom psicólogo@ ou psiquiatra.
E não digo mais nada, porque posso ser multado ou preso..
Mas agora é preciso ser de uma «uma classe média universal que se acha emanação das divindades» para ter a mania de que se é engraçado, e mandar umas piadolas ao lado?!
Por fraco que foi o pretexto, a reflexão é boa e o último parágrafo descreve o que todos queremos. Falta saber como chegamos lá e nem parece que vamos pelo melhor caminho.
Acha engraçado o Rui todas "estas opções políticas ".
Só porque, segundo diz, o turismo chegou ao centro de Lisboa.
E, horror dos horrores, se "fosse preciso os Lisboetas ainda se queixavam da falta de "qualidade" no serviço"
Isto é o quê? Que patetice é esta? A que propósito Rui "acha" que as opções políticas nascem das bojardas que diz?
Rui terá que aumentar a sua qualidade de "serviço". Porque com estes "considerandos" nem vale muito a pena ler o que diz
Aónio Eliphis mais uma vez mostra o seu precioso verniz.
Veja-se como demonstra logo no primeiro parágrafo o seu entendimento das coisas. Resolve resumir a iniciativa deste bom texto de JRA a uma "experiência desagradável" do seu autor.
Da mesma forma poder-se-ia inquirir o Eliphis se ele pensa que todos são como ele e que só após uma experiência desagradável é que se põe a "cogitar"?
Esta incapacidade para não ver que o incidente com os turistas é apenas um pretexto para voos mais altos é também o timbre da kultura medíocre da dita intelectualidade da direita.
E provavelmente da sua iliteracia
Mas o verniz estalado torna-se mais nítido com o que se lhe segue.
"Nunca foi mal tratado por um sindicalista? Dava-nos jeito amiúde!"
Eliphis tem destas coisas.
Já um dia se lhe puxou as orelhas (literariamente claro) pelo seu comportamento quase doentio para tudo o que não cumpra a sua concepção de "cidadania".
Essa visão do "sindicalista" exprime toda uma concepção do mundo.
Não partilhada por todos, claro está. Mas acarinhada por todos os neoliberais em serviço e sem ser de serviço
João Ramos de Almeida aponta exemplarmente os insolúveis problemas que se colocam à suposta galinha dos ovos de ouro que é o turismo. E por aí não se fica, indicando uma alternativa realmente viável a essa tão pouco fiável quanto tão louvada boia de salvação do país.
É claro que todas essas coisas são ninharias para alguns dos anteriores comentadores, como, aliás, facilmente se constata pela leitura das suas respeitáveis contribuições. Chego à conclusão que esses distintos comentadores mais não são, apesar da sua aparente veia progressista de amor a tudo o que cheire a agitada novidade, do que uns tradicionalistas e masoquistas cultores de uma velha chaga nacional que é a assolapada paixão pelo golpe de asa. É, ao fim e ao cabo, a nossa vetusta pulsão pelas imediatas soluções miraculosas que, num ápice, nos colocarão no Olimpo da económica abastança. Essas soluções miraculosas já tiveram outras efémeras vidas em que deram pelo nome de Índia, Brasil, Angola, CEE/UE ou esse estrondoso sucesso que foi o frenesim exportador da dupla Passos/Portas.
Tristemente, se há coisa da qual fugimos como o diabo foge da cruz é da preparação - incontornavelmente demorada, aturada, competente, difícil, penosa - de um futuro económico assente em algo de solidamente viável. Mas isso dependeria de coisas muito mais complexas e difíceis de alcançar do que pôr gente a ganhar uma miséria a servir sandochas e cervejolas aos cámones e aos franciús, não é verdade?
Já o V. português e a simpatia são piores do que os meus.
Um amigo doutorado no Imperial College foi apresentado a um professor alemão que o melhor que arranjou para lhe dizer foi que tinha tido uma empregada doméstica portuguesa. Teve como resposta que havia países que se tornavam conhecidos por motivos piores.
Pesem os eventuais desgostos dum tal Rui que tenta vender a ideia de ver Portugal transformado num paraíso fiscal e bancário e outros modelos de investimento para o Capital singrar, detenhamo-nos num ponto essencial levantado por João Ramos de Almeida.
"um sector que pugna por baixos salários, que absorve sobretudo trabalhadores mal qualificados - ou bem qualificados, mas pagos a pouco mais do que o salário mínimo nacional - e que cresce sobre uma desigualdade na distribuição de rendimentos."
Boçalmente aí em cima um rumina contra o "sindicalista".
Vamos aos factos reproduzidos exactamente por um deles:
«nem patrões nem Governo falam dos recordes de precariedade, desemprego, baixos salários, trabalho ilegal e trabalho não pago que se batem todos os anos no sector do turismo».
Nem dos milhares de estagiários que todos os anos trabalham no sector do turismo, «ficando sujeitos a todo o tipo de arbitrariedades», sendo usados «para ocuparem postos de trabalho, libertando as empresas do ónus de contratar trabalhadores e pagar os respectivos salários».
Uma política de classe pois então... As piscinas e os cafés e os mergulhos para uns. Para os outros baixos salários e precariedade
Eu sei que é chato vir para aqui com estas questões sobre os trabalhadores e estragar os mergulhos nas piscinas e os proventos da tecnologia e do clima e outras tretas do género
Quando se fala do Turismo como um sector que dá perspectivas e traz potencialidades ao País, não se podem apagar as condições daqueles que são fundamentais para o «sucesso» do sector: os trabalhadores.
Apesar da subida dos resultados no sector, esta não tem sido acompanhada por uma melhoria nas condições de trabalho e nos salários dos trabalhadores da hotelaria. A precariedade no sector continua a ser uma principais razões dos vários protestos que têm marcado os últimos meses.
Há cerca de uma década que a maioria dos trabalhadores deste sector não vêem os seus salários melhorados devido ao bloqueio que patronato e governos fazem à negociação da contratação colectiva. As tabelas salariais não são actualizadas há anos, resultando na perda do poder de compra e no empobrecimento dos trabalhadores.
Mas infelizmente há coisas bem graves que se estão a passar.
Há que denunciar a " situação degradante que os trabalhadores do turismo estão a viver, nalguns casos com a brutal regressão das condições de trabalho, o aumento e desregulação dos horários de trabalho, o trabalho forçado e não pago, os salários cada vez mais baixos, a precariedade extrema, o assédio moral e a tortura psicológica".
"A erradicação do património vivo que caracterizou a baixa de Lisboa, desde o Chiado à Rua Augusta, passando por várias artérias conhecidas pelos artífices que em tempo as ocuparam e de cujo labor resultaram os topónimos, deriva da aplicação de políticas que menosprezam quem vive e trabalha na capital, em detrimento de grandes interesses privados.
A todas as lojas e emblemáticos restaurantes que encerraram nos últimos anos – a cada dia que passa surge a notícia de mais um desaparecimento – faltou uma verdadeira política de urbanismo.
A Lei do Arrendamento criada pelo governo do PSD e do CDS-PP, com a então ministra Assunção Cristas a assumir a responsabilidade directa, e o excesso de licenciamento para a construção de hotéis por parte do Executivo de Fernando Medina na Câmara de Lisboa, têm sido uma boa alavanca para despejar a cidade do comércio histórico.
Seja porque as rendas aumentaram de forma exponencial, porque os contratos de arrendamento não foram renovados ou porque fundos imobiliários estrangeiros, enquanto proprietários, resolveram mandar embora os inquilinos a fim de realizarem as obras que têm dado origem a hotéis, vários espaços comerciais não têm encontrado alternativa a encerrar para sempre. Os emblemáticos Café Pirata, na Praça dos Restauradores, e a loja de confecções Paris em Lisboa, no Largo do Chiado, são os mais recentes casos em risco.
A aposta no turismo, que tem vindo a consolidar-se como «indústria» – notícias recentes apontam uma nova subida em 2017 –, não pode desmerecer nem desvalorizar o tecido social, económico e cultural da cidade. De resto, a massificação do turismo e da uniformização das componentes endógenas coloca em risco a sua própria existência.
Urge travar as políticas que levam a vida das zonas históricas da cidade, e implementar medidas de desenvolvimento e prosperidade para quem cá vive e trabalha".
A derrota de PSD/CDS nas eleições legislativas de Outubro de 2015 significou a derrota da ideia de que não há alternativa aos cortes de direitos e de rendimentos.
É vê-los por aí desaustinados, impotentes perante os factos e a obrigá-los a transpirações excessivas perante o esforço adicional para os esconder.
As medidas que, entretanto, foram implementadas de reposição de direitos e rendimentos comprovam a ideia que o caminho de progresso e desenvolvimento do país tem de ser esse, o do respeito pelos direitos e rendimentos dos trabalhadores e das populações
E os resultados também são visíveis, para maldição de toda a cangalha neoliberal, saudosa das políticas troikistas e das governanças neoliberais (da famosa mão-no-pote para quem tem mais)
Sabemos que o ataque do anterior Governo PSD/CDS aos direitos dos trabalhadores, aos serviços públicos e às funções sociais do Estado foi um ataque profundo, com consequências e efeitos graves que vão ainda perdurar no tempo, tanto mais longo quanto mais se adiar a ruptura com as orientações e opções políticas que estão na sua origem.
Ora é preciso coragem para tal. E desmentir os ressabiados fundamentalistas e idiotas úteis (ou pouco úteis) que falam neste governo como um governo patriótico e de esquerda.
Porque infelizmente em muitas situações não se foi mais longe porque o Governo não rompeu com as opções da política de direita, designadamente em relação aos problemas estruturais do país, à dívida pública, à submissão ao Euro e ao controlo privado da banca nacional.
Portugal está condenado a ser um país de servos para servir o turismo, dizem...
Se assim é fechem as universidades, não desperdicem dinheiro, o défice agradece porque para servir às mesas ninguém precisa de canudo!
Não bastava já termos que andar a sustentar o falido Deutsche Bank estamos condenados a fornecer a Alemanha diplomados low-cost?!
Digam aos jovens portugueses que estão condenados a serem servos, não se dediquem aos estudos, não terão a possibilidade de serem criativos, de criar valor acrescentado, não terão a possibilidade em Portugal de desenvolver competências, de tornar Portugal um país moderno e competitivo!
Podem tentar criar ilusões na juventude de que serão estrelas de telenovela ou craques de futebol, oh... já fazem isto há uma série de anos!
Comentários acima, explanam bem o remanescente medíocre bafiento servil que me referia no meu primeiro comentário. Um remanescente que desgraçadamente tem vindo a reemergir desde o pântano socialista...
"Quase metade dos portugueses inquiridos para um estudo do Eurostat, cerca de 47%, diz não ter dinheiro para passar uma semana de férias fora de casa".
"Quase metade dos portugueses inquiridos para um estudo do Eurostat, cerca de 47%, diz não ter dinheiro para passar uma semana de férias fora de casa".
Que horror!
Que pavor!
Que desgraça!
o princípio de Pavlov a funcionar sobre um substrato que lhe é propício????
O que é o princípio de Pavlov? E ainda por cima sobre um substrato propício?
Que raio de bacoquice é esta?
Porque motivo está para aí alguém a fazer figura de idiota e ainda por cima em modo histérico, gozando com o facto de 47% dos portugueses não terem dinheiro para uma semana de férias fora de casa?
Esta atitude boçal exprime bem o conceito de classe. Férias é só para os senhores. Para os demais, "aguentem"
Tudo dito. Nem a pileca os safa. Nem a piscina ao canto do "quintal" os lava
O pavloviano das 19:27 de 31/7 fica perplexo dois dias depois.
O sector secundário das políticas patrióticas e de esquerda é aquele sonho húmido de um universo de micro/pequenas/muito pouco médias empresas de empresários com espírito cooperativo e prontos a reverenciar os camaradas dirigentes concentrados em conglomerados estatais e grandes sinecuras planificadoras.
É aqui, quando se fala em sector secundário, que o Pavlov entra em jogo ignorando que empresários a investir em geringonços só os que não o podem evitar.
O viável setor secundário de que fala enferma de vários problemas. Tem que explicar quais as tecnologias em que devemos investir (e de onde vÊm os meios para tal), seja na infra-estrutura, seja na formação de pessoas, e explicar ainda como vamos concorrer quando na grande maioria dos setores há outros que andam nisto há muito mais tempo que nós e é sabido que o processo de construção de tais indústrias leva décadas... E não venha nem falar no setor pesado, porque esse estava ultrapassado nos idos de 75 quando foi nacionalizado. Quem tinha razão era provavelmente o Michael Porter quando nos aconselhou a concentrar os nossos esforços naquilo em que já somos fortes. O Ricardo Paes Mamede não disse algo muito diferente neste mesmo espaço quando criticou as intenções do Governo em aumentar significativamente o investimento na investigação científica. Azar dos Távoras, um dos nossos setores tradicionais é o turismo... E se lhe chateia a atitude neo-colonial de alguns turistas, tem bom remédio, não os ajude...
Jaime Santos é outro.
Outro que não percebe que não é a atitude "neo-colonial"(?) de alguns turistas que é o cerne deste post lúcido e desmistificador
Parece que a incapacidade para ver que o incidente com os turistas é apenas um pretexto para voos mais altos é mais lata. Não é somente "timbre da kultura medíocre da dita intelectualidade da direita".
Tem que explicar, tem que explicar, tem que explicar repete Jaime Santos investindo até contra o sector "pesado". Parece que este já estava ultrapassado em 1975 nas teses de Jaime Santos. Foi por isso que os alemães o apanharam.
O investimento em coisas como Michael Porter também é sintomático. Um dos vários gurus que prometeram aos americanos que a "Nova Economia" funcionaria melhor, com pagamentos mais altos e empregos mais limpos para os trabalhadores face aos empregos indiferenciados ( ("sujos"), mercê da deslocalização das empresas norte-americanas deu no que deu.
Entre o explicar, explicar, explicar e a aposta nos sectores em que somos fortes vai todo o processo de escamotear o fundamental:
Um país que não produz não tem futuro.
Como diria um comentador aí atrás ( e a propósito, há comentários magníficos) "tristemente, se há coisa da qual fugimos como o diabo foge da cruz é da preparação - incontornavelmente demorada, aturada, competente, difícil, penosa - de um futuro económico assente em algo de solidamente viável".
O que se passou é que com a adesão à CEE/UE, o ataque à produção nacional foi transversal a praticamente todos os sectores de actividade, servindo as privatizações como motor deste devir.
E é isso que se tenta escamotear. Foge-se de tal constatação como do diabo da cruz. E foge-se da recuperação efectivamente nacional do nosso tecido produtivo porque a tal interessa outros interesses. O fadinho de Portugal na CEE oculta todo um rasto de crimes e de aldrabices
Procedeu-se à "alienação da soberania materializado pela entrega do sector produtivo e outros estratégicos ao capital monopolista, primeiro para o nacional e por seu intermédio para o internacional, a troco de fundos (uma «pipa de massa», diria Durão Barroso) que nunca serão capazes de compensar a perda dos recursos nacionais. Recebemos dinheiro para parar as máquinas e manter terrenos aptos para o cultivo sem poder lançar semente à terra".
Prometeram-nos que Portugal passaria a integrar o «pelotão da frente»
O ataque à produção nacional foi transversal a praticamente todos os sectores de actividade, servindo as privatizações como motor deste devir. Começando pelo sector financeiro, passando à agricultura, às pescas, à siderurgia, ao comércio, aos transportes e aos seguros, entre outros, invariavelmente encontramos os efeitos da pilhagem dos nossos recursos.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes às importações de bens e serviços, entre 1995 e 2014, designadamente produtos da agricultura, silvicultura e pesca, minérios, produtos alimentares ou têxteis, entre outros, comprovam-no. O saldo da balança comercial apresenta défices incomportáveis, com grande parte dos 10 mil milhões anuais a serem justificados pelo sector primário e secundário".
Por outro lado, Portugal passou a produzir menos riqueza comparativamente ao período da entrada da moeda única. Entre 2001 e 2011, a produção industrial teve uma redução acumulada de 16%, estando os valores de 2011 ao nível de 1994.
Contrariamente à mensagem que suportou a campanha de adesão à comunidade económica, Portugal – obrigado a produzir menos e a comprar mais ao exterior – não só não chegou ao tal pelotão da frente como recuou vários anos, tendo chegado a uma crise sem precedentes.
Crise económica e social onde a lenga-lenga de que «vivemos acima das nossas possibilidades» foi sendo veiculada por uma boa parte dos governantes. Uma afirmação muitas vezes repetida com o objectivo de escamotear a realidade: produzimos abaixo das nossas necessidades. A continuar assim, os pratos da balança jamais ficarão equilibrados, com a agravante de muito poucos ficarem com boa parte da riqueza.
Há aqui qualquer coisa de estranho. E não só
Porque esta choraminguice em torno do tempo que medeia a comentar? O que traduz tal atitude?
A impotência de não se ter mais nada a dizer para além da pesporrência agreste sobre algo que não tem qualquer relevância?
Um modo de fuga pateta para esconder a vacuidade de slogans manhosos e ainda mais patetas?
A incompetência é tanta que os referidos "dois dias depois" correspondem a menos de 24 horas ( incluindo o tempo que demoram os comentários a ver a luz do dia, o que encurta ainda mais este intervalo de tempo)
Concretamente entre 1 de agosto de 2017 às 03:02 e 2 de agosto de 2017 às 01:05
O que se passa?
E a acrescentar a esta anedota o que vemos?
Do senil "vou dormir tarde mas feliz" ao histérico "que pavor", desembocando nos seus desagradáveis e desconfortáveis "sonhos húmidos" é "isto" que nos é oferecido, confirmando a mediocridade do patronato e da narrativa duma direita destrambelhada e sem rumo?
A privatização de sectores estratégicos como a energia, os transportes ou as telecomunicações contribuíram para a descapitalização do País – com a agravante de as empresas serem vendidas a preço de saldo – e para a perda de soberania nacional. Por outro lado e ao contrário dos pregões anunciados houve degradação do serviço público que Abril criou
40 650 000 000 € foram os lucros registados pelas empresas privatizadas de potencial estratégico (banca, energia, telecomunicações, indústria pesada, etc.) no período entre 2004 e 2013
Na agricultura e nas pescas foi o que se viu. Cavaco Silva foi o principal peão de outros e mais altos interesses, mas não esteve sozinho.
A desindustrialização tornou-se um cenário incontornável.
Perderam-se algumas das mais relevantes e características marcas que alavancavam o desenvolvimento do País e geravam emprego. A Lisnave (Estaleiro da Margueira, em Cacilhas), a Sorefame, a Cometna, a Equimetal e a Empordef são alguns exemplos do empobrecimento do nosso perfil produtivo.
"Há que inverter esta situação de perda de soberania e destruição do tecido produtivo e social. Urge estabelecer um comércio internacional cooperativo regulamentado onde, contrariamente ao modelo actual, não haja um domínio das multinacionais e dos seus lucros.
Cabe a Portugal recuperar as alavancas que perdeu com a integração na CEE/UE, designadamente as políticas aduaneira, cambial, orçamental e monetária, e voltar a controlar sectores estratégicos da economia, instrumentos determinantes para o desenvolvimento do País e factor indispensável para o cumprimento do preceito constitucional de subordinação do poder económico ao poder político".
Lembre-se que a adesão de Portugal à CEE/UE foi em 1985 (e não em 1995), sendo que no período de 1985 a 1995 a balança corrente estava equilibrada, o endividamento externo da economia portuguesa era muito reduzido.
Sobre estes dez anos (1985 a 1995) escreveu Ricardo P. Mamede o seguinte:
“A partir de 1986 tudo foi diferente. Com o fim da intervenção do FMI, as restrições ao crédito forma progressivamente eliminadas, favorecendo o investimento das empresas e o consumo de bens duradouros pelas famílias (automóveis, electrodomesticos, etc).
A entrada na Comunidade Económica Europeia, associada à criação do mercado único europeu, atraiu para o país volumes de investimento estrangeiro como há muito não se via.
O reforço de fundos estruturais da politica de coesão europeia traduziu-se no afluxo de recursos que superavam os 3% do PIB em cada ano.
No mesmo período a economia portuguesa beneficiou da forte quebra do preço do petróleo e do dinamismo da economia internacional.
A nível interno, entre 1986 e 1991, os primeiros dois governos liderados por Cavaco Silva faziam a despesa do Estado crescer mais de 7% ao ano, tirando assim partido do contexto internacional favorável e gerando ainda mais procura numa economia já sobreaquecida.
(…)
De facto, o conjunto dos factores referidos traduziu-se neste período num crescimento médio anual do PIB de 6,2%, um ritmo que não voltaria a verificar-se até hoje.
Esta meia dúzia de anos de forte dinamismo económico, depois de mais de uma década de crises e instabilidade, transformaram a sociedade portuguesa.”
Duma foram por demais caricata vemos Unabomber defender , por interposta pessoa, claro, as negociatas que permitiram afundar a economia portuguesa.
Uma espécie de defesa ( sem o afastamento crítico de RPM) da compra do pais. Da hipoteca do país. Da venda do país.
Por isso se manifesta sempre quando se critica quem lucrou com todo este processo: A Alemanha.
Ele lá sabe porquê
Porque o que depois Unabomber "esquece" são os resultados de tais políticas.
As consequências de tais políticas. Os efeitos de tais políticas.
Como aí em cima exemplarmente demonstrado.
E como o demonstra o dia a dia feito de chantagens e de ameaças.
Então e esta "época dourada" em Portugal ? Éramos nós e a Alemanha, a comandar o pelotão, não era mesmo?
A tese da venda do país assemelha-se tanto à venda do corpo das prostitutas. Os proxenetas investem nelas e no "aprimoramento" do seu aspecto apenas o mínimo necessário.
Depois é a exploração sem reservas e sem refugos. E com o chicote na mão.
Agora é colocar o nome respectivo nos diversos intervenientes
Ora RPM faz de novo serviço público.
Para além dos factores exógenos- fim da intervenção do FMI,queda do preço do petróleo, dinamismo da economia internacional- dá indicações reveladoras sobre a exacta medida em que a entrada na Comunidade Económica Europeia associada à criação do mercado único europeu, atraiu para o país volumes de investimento estrangeiro como há muito não se via.
Mais, revela que o reforço de fundos estruturais da politica de coesão europeia traduziu-se no afluxo de recursos que superavam os 3% do PIB em cada ano.
Tal confirma uma coisa notável e quantifica outra coisa igualmente notável:
-As duas vitórias de Cavaco Silva que foram alcançadas por esta espécie de maná caído dos céus, com os propósitos que hoje estão à vista de quase todos. E com a actuação de Cavaco, umas vezes convencido do "bem" que estava a fazer para a concentração da riqueza, outras vezes assumindo claramente o papel de Judas.
-As 30 moedas com que a famosa CEE/UE comprou a nossa economia, com os resultados aí em cima tão bem apontados.
Na nossa agricultura, nas nossas pescas, na nossa indústria.
Entretanto mais uma notícia a confirmar quem manda aqui:
"Bruxelas aceita regresso à tarifa regulada, mas só até 2020
A possibilidade de os consumidores regressarem aos preços regulados não choca com as regras europeias, desde que o fim do mercado regulado não volte a derrapar".
As privatizações foram também um bom Cavalo de Tróia com o alto patrocínio da famosa CEE/UE, mas já foram aludidas aí em cima
Se bem que há um manancial de dados a este nível sistematicamente escamoteados. Se tiver tempo a eles voltarei
As duas intervenções do FMI, em 1979 e 1983, e a emigração em massa na década de 60, demonstram bem o que valia a nossa economia antes de ser comprada pelas "30 moedas" da "famosa CEE/UE".
Valia bem mais a nossa economia que a economia que os alemães querem que seja a nossa
Mas há sempre quem defenda as 30 moedas como medida certa para a liquidação do nosso tecido produtivo.
Cavaco Silva é um deles.Está duplamente agradecido. Schauble é outro. Está triplamente agradecido
Há por aí mais.
Já percebemos que a nossa economia melhorou imenso
Depois da entrada das 30 moedas e seguindo o paralelismo citado teve-se direito a uma nova intervenção do FMI e a uma emigração maciça sob o consulado de Passos/Portas
Mas as coisas são o que são. E os suspiros pela famosa CEE/UE confundem-se com o entusiasmo pela venda do país. São assim as "nossas elites"
“O principal erro do Syriza foi ter acreditado que se podia reformar a UE”
TÍTULO DO I
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