quinta-feira, 12 de março de 2015

Da economia política do retrocesso


Atentem neste gráfico absolutamente crucial, da autoria da socióloga Maria da Paz Campos Lima, especialista em relações laborais: trata-se da evolução do número de trabalhadores abrangidos pela contratação colectiva em Portugal, o mecanismo primacial de relações laborais mais equilibradas, até pelo papel dos sindicatos, sabendo nós que quanto mais trabalhadores forem abrangidos e quanto mais centralizada for a negociação ao nível da economia, menores são as desigualdades.

Francisco Louçã, que divulgou este gráfico, tem toda a razão quando denuncia as fraudes do governo e quando assinala a lógica devastadora da economia política do retrocesso que está associada a uma desvalorização interna que não começou agora. Trata-se não só de criar estruturalmente uma economia sem pressão salarial, mas também uma economia cada vez mais desigual. É esta a natureza de classe do destruidor mecanismo de ajustamento inerente ao euro, deixando um lastro cada vez mais pesado para o futuro. As coisas são como são feitas.

8 comentários:

Anónimo disse...

O que deixou um lastro para o futuro e como se vê bastante pesado, são as politicas socializantes, que se vem tomando á muitos anos.

Cumps

Rui Silva

L. Rodrigues disse...

Gramo destes comentários tipo "quem o sentiu quem o deu" ou "gordo és tu!".

Talvez fosse edificante sobrepor este gráfico à captura de riqueza pelas maiores fortunas nos últimos anos.

Dias disse...

Em apenas seis anos houve uma regressão brutal. O capitalismo (selvagem) não é de todo sinónimo de civilização.

Jose disse...


Bom mesmo era ter uma moeda para desvalorizar, uma inflação para disfarçar, e um contrato em cada ano que ía desvalorizando salários com uma entusiástica participação dos sindicatos.

Anónimo disse...

Jose
cessa de mandar areia aos olhos dos incautos...se não sabes a diferença dos efeitos na economia entre baixa de salários geral e desvalorizaçãoda moeda estamos conversados
além disso, disfarce ou não da inflação, o que temos neste momento é baixa geral dos salarios reais da raia miuda e engordalhamento no topo da pirâmide...mas isso para ti devem ser efeitos da meritocracia lol

Mário R. Gonçalves disse...

Para não tresandar a manipulação, seria necessário saber que parte desses contratos é da função pública. Suspeito que são quase todos, e como o gráfico é em valores absolutos e não relativos (outra manipulação), está tudo viciado pelo facto de terem terminado dezenas de milhares de contratos de funcionários, o que foi muito saudável aliás, e não há Syriza que aguente pagar um aparelho de funcionários excessivo.

Anónimo disse...

Mario Gonçalves...tu é que tresandas pois a tua achega não serve para distrair do essencial - a relação entre diminuição da contratação colectiva e diminuição de direitos laborais...pelos vistos faltam-te noções básicas sobre poder negocial...manipulação há da tua parte quando falas de "aparelho de funcionários excessivo"

Mário R. Gonçalves disse...

Para provar o que chama de "essencial", então vale tudo - números aldrabados, gráficos desonestos e argumentos disparatados. É essa - sempre foi- a linguagem que deita a perder a esquerda.

E depois, com anónimos não há mais conversa.