quinta-feira, 7 de abril de 2011

Modesta proposta

A reunião entre as direcções do BE e do PCP deve deixar lastro político-económico mínimo. E que tal uma comissão aberta a vários intervenientes, economistas das esquerdas e não só, que aponte qual o caminho a tomar para a reestruturação da dívida. Uma proposta global que os dois partidos poderiam subscrever?

8 comentários:

Anónimo disse...

Precisamente. Quanto mais não seja, para mapear as divergências, que, quanto a mim não serão assim tantas.

jvcosta disse...

Porquê só economistas? Há muita gente sem sólida formação económica que, todavia, sabe e estuda com rigor o suficiente para alicerçar posições POLÍTICAS de esquerda.

Por mim, é o que tento fazer, nos meus escritos sempre com a declaração honesta de que não sou economista.

Porque hoje, não é só a economia, marginalizada pela "ciência económica" hegemónica. "It's politics, stupid!"

tempus fugit à pressa disse...

políticas de esquerda significam o quê

toneladas de medicamentos no lixo todas as semanas

tones deles armazenados em armários particulares porque podem servir um dia

subsidiar uma indústria farmacêutica que só deixou postos de venda e desemprego
sob a capa de serviço nacional de saúde

pois é capaz de ser isso...

Nuno teles disse...

Caro JVC,

"economistas de esquerda e não só" foi o que escrevi. não estava a pensar nos economistas de direita...

Nuno disse...

Com um euro a duas velocidades, em que as taxas de juro vão subindo num medo cego a uma inflação inexorável trazida pelas commodities como o petróleo, o nosso país vai sofrer como se fosse do terceiro mundo.

Com o nosso desemprego galopante, taxas de juro e inflação em ascensão e mais uns anos recessivos vamos ter uma estagflação que vai fazer a dos anos 70 parecer um piquenique.

Espero que hoje não subam as taxas porque seria um sinal de que somos o cordeiro de sacrifício da Alemanha no seu desespero de crescer.

Fábio Rodrigues disse...

Do que estão o PCP e o BE à espera? Entendam-se, para uma politica democrática e que vá ao encontro dos anseios das pessoas... E eles sabem muito bem quais são os anseios das pessoas! Agora não se escondam atrás de chavões do séc. XIX e de utopias gastas. As pessoas querem respostas concretas para as suas vidas, hoje e agora, neste mundo! Não na estratosfera. Portugal é um País de Esquerda. É uma pena que a Esquerda nunca tenha sabido governar em Portugal... E se continuar escondida atrás dos chavões séc. XIX dificilmente lá chegará. Assumam-se democraticamente, porra! Vão ao encontro do pensamento de esquerda das pessoas que votam em vós. E não tentem levar as pessoas de esquerda para caminhos que elas não querem. Só favorece a direita, isso! E não se esqueçam: os adversários também têm virtudes e propostas válidas!

Anónimo disse...

Há 40 anos o PCP era a força aglutinadora de todas as forças democráticas anti-fascistas,anti-salazaristas.
Foi esse movimento amplo que veio a desembocar no célebre e decisivo 3º Congreso da Oposição Democrática,realizado em Aveiro.
Nesse Congresso estavam representadas as mais diversas sensibilidades - desde os monárquicos integralistas,representados por Barrilaro Ruas,até movimentos esquerdistas percursores da UDP.
Era uma alargada frente com objectivos futuros diferentes,mas com o mesmo objectivo imediato - o derrubamento da ditadura e a instauração de um regime democrático.
Esta frente democrática foi a consumação prática da táctica delineada por Álvaro Cunhal no "Rumo á Vitória".
Este Congresso e as suas repercussões políticas foi essencial e determinante para o arranque organizado do MFA.
O programa do MFA reflectia, em larga medida,os objectivos da Revolução Democrática e Nacional,igualmente preconizada por Cunhal e pelo PCP.
Assim,num período alargado (de 1965a 1974)vemos o PCP com uma tátcica política correcta,agregadora e vencedora.
A partir de 1975,por razões muito diversas que agora e aqui não interessa escalpulizar,o PCP revelou-se incapaz de continuar a desempenhar o patriótico papel de força aglutinadora.
E isso foi trágico para a democracia,para a Revolução de Abril e suas conquistas,para a evolução e desenvolvimento de Portugal.
O PCP encurralou-se no gueto dos protestantes crónicos,sem uma visão de influência real nos destinos do país.
Está acantonado,sem produção ideológica,com uma Direcção de "guardiões do velho templo",sem capacidade polítoco-ideológica,sem qualquer rasgo estratégico ou táctico adequado às condições e problemas do Portugal e do Mundo de hoje,relegado para o 5º e último lugar das principais forças políticas nacionais.
O Bloco de Esquerda nasceu para acolher os descontentes com o PS e com o PCP,alargando as vistas do PSR e da sectária UDP,conquistou espaço,cresceu,ultrapassou eleitoralmente o PCP.
Só que,ideológicamente é difuso,tem uma Direcção efectiva de professores universitários e outros intelectuais que os afasta de parte importante da realidade objectiva do país e do mundo,refugia-se muito em chavões e frases feitas sem conteúdo visível e palpável para o cidadão comum.
Falta-lhes igualmente rasgo estratégico e táctico para olhar para actividade política na perspectiva de influência real no exercício do poder.
Actualmente,e no essencial,tornou-se um PCP-2 acantonado no protesto inconsequente.
Só um retorno táctico a uma política de unidade em torno de uma plataforma mínima comum podem trazer esperança a Portugal e aos portugueses.
E sem esquecer o mais difícil de resolver - uma solução de governação de esquerda terá sempre de passar pelo PS.
E é aí que PCP e BE têm de mostrar todas as suas capacidades - elaborar uma proposta política que possa "entalar" o PS e que necessáriamente terá que contemplar muitas cedências recíprocas de todas as pastes,em torno do ESSENCIAL.
Em minha opinião,a viabilidade de uma alternativa de poder à esquerda dependerá muita da capacidade do PCP e do BE em atrairem o PS ao consenso.
Pela sua história,pela sua experiência na construção da unidade anti-fascista,o PCP tem obrigações e responsabilidades redobradas.
Vamos ver se os dirigentes do PCP e do BE estão à altura desse desafio ao serviço de Portugal e dos portugueses.
Sem esquecer o enquadramento político,económico e estratégico de Portugal na Europa e num Mundo ainda dominado,no essencial,pelo neoliberalismo.
De nada servirá arranjar uma solução à esquerda que conte com um bloqueio internacional total.
A experiência recente do Brasil deve ser estudada e adaptada à realidade portuguesa.
PCP e BE estão perante uma enormíssima responsabilidade histórica,num quadro muito difícil,agora agravado pela chamada do FEEF e do FMI.
Mas é nos momentos difíceis que se revelam os grandes homens,as grandes ideias,as grandes soluções.
Esperemos para ver.
Infelizmente com parca esperança em deixarmos de ter uma esquerda estúpida e autofágica.

F. Oliveira

jvcosta disse...

Tem razão, li apressadamente. As minhas desculpas.