quarta-feira, 20 de abril de 2011

Goldmen...


As declarações com laivos keynesianos de Strauss-Kahn e os alertas de alguma investigação do FMI, a que temos aludido, sobre as consequências económicas negativas da austeridade, sobre a responsabilidade da desigualdade elevada no desencadear da crise ou sobre a eventual necessidade de controlos de capitais para desencorajar a especulação nos países em desenvolvimento, não devem iludir, como sublinha Mark Weisbrot no The Guardian, a questão dos interesses que comandam as operações concretas do FMI, que têm acabado sempre por convergir com a máxima ortodoxia da CE-BCE por essa Europa fora: acima dos governos do centro só mesmo a Goldman Sachs, a "bancocracia" de que fala hoje Rui Tavares no Público, não sendo aliás por acaso que o inefável Borges foi colocado a chefiar a secção europeia da internacional monetária. O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, que agora até defende condições financeiras mais realistas nos empréstimos às periferias que vão para os credores, é há muito um dos mais entusiastas defensores de cortes, na ordem dos 20%, dos salários no nosso país. Assim se explica o relaxamento com o desemprego e a obsessão com as regras laborais. Uma prescrição para o desastre da interacção perversa entre deflação e dívida, com muita insolvência e fragilidade financeira à mistura. Entretanto, quem quiser sair deste quadro de terror socioeconómico e ter uma perspectiva mais realista sobre problemas de competitividade das periferias pode ler este artigo no voxeu, que revela o que se esconde por detrás dos custos do trabalho e sobretudo do capital…

8 comentários:

João Carlos Graça disse...

Os gregos (e os irlandeses, e nós), a Goldman Sachs e o "síndrome de Estocolmo". Duas ou três evidências inescapáveis, no meio de muita adrenalina:
http://www.youtube.com/watch?v=8MPJkq8LiNQ&feature=player_embedded
Mas haverá de todo saida para isto no interior da UEM? E fora dela?

João Carlos Graça disse...

Caro João
Obrigado pela referência bibliográfica. O artigo do Felipe e do Kumar merece de facto ser atentamente lido.
A economics é realmente magnífica. É um pouco como uma conversa interminável. Daí talvez um certo efeito de encantamento do tipo "mil e uma noites". É claro, os "interesses" operam sempre na análise. Daí que, sinceramente, se consiga tirar dela tudo o que se quiser, ou quase.
Oa países mais pobres devem, por isso mesmo, tendo factores produtivos mais baratos, crescer mais depressa do que os outros? Sim... e não: "paradoxo de Lucas" (economias de aglomeração, externalidades, etc.).
O comércio internacional deve prevalecentemente ocorrer entre países com "raridades" relativas de capital e trabalho simétricas? Sim... e não: "paradoxo de Leontieff" (comércio de capital-intensivos para... outros capital-intensivos).
Bom, e já agora também "paradoxo de Kaldor": "those countries that had experienced the greatest decline in their price competitiveness (i.e., highest increase in unit labour costs) also had the greatest increase in their market share". Quanto mais custoso o "factor-trabalho", melhor para a competitividade...
Ohohoh... Duvido que convença aí o pessoal do establishment, devo dizer-lhe, mas a mim pelo menos já me deixou com vontade de escrever algo... não tanto sobre este caso concreto... mas sobre o aparecimento de paradoxos como se de cogumelos se tratasse.
Obrigado, João Rodrigues!

Anónimo disse...

PS À FRENTE DO PSD AHAHAHAHAAH
Hoje 21 de Abril 2011

http://economico.sapo.pt/noticias/ps-ultrapassa-psd-nas-intencoes-de-voto-a-seis-semanas-das-eleicoes_116489.html

PS 36 %

PSD 35 %

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O PS e o PSD estão tecnicamente empatados a seis semanas das eleições legislativas de 5 de Junho mas, entre Março e Abril, os socialistas subiram 11 pontos percentuais para os 36% assumindo a liderança das intenções de voto, enquanto os social-democratas caíram 12 pontos para os 35%

São Canhões? Sabem mesmo a manteiga... disse...

eu até dizia umas coisas sobre essa bancocracia virtual
que cada vez está mais descentralizada e com mais diversificação geográfica

mas para quê

nã s'ensina o padre nosso ó vigário

por falar nisso donde vem a troika

triunvirato económico

os três da vida airada

ma nã é a troika...a Bancokracia

aparentemente é russa

ou tem procuração

Anónimo disse...

Faz-me vómitos este Antóino Borges.
Com Vice-Presidentes destes, o qual defende tudo o que há de pior para um país mas de bom para os seus patrões da Goldam e do FMI( quais sejam, as malditas receitas neo-liberais e fascistoides), cartilha essa que um tal Passos Coelho também segue, ou não fosse ele um apaniguado deste Borges, não creio que o PPD/PSD ganhe seja o que for.
Com o meu voto nunca ganhará e tudo farei para que perca muitos votos.
Está na hora, isso sim, dos Portugueses se erguerem e deixarem de ser servis perante estes fulanos e as troikas nacionais ou estrangeiras.
É, aliás, completamente inaudito e vergonhoso ver a correria que os chamados patriotas têm feito para falar com a tal troika estrangeira e pedir-lhes as coisas mais estupidas, como se esses fulanos (que são representantes da máfia nacional e internacional) fossem os donos do país.
Ou muito me engano ou isto ainda vai acabar muito mal não só em Portugal mas também por essa europa fora.
É que a democracia, ao contrário do que estas elites iluminados, nacionais e estrangeiras, pensam não é um bem definitivamente adquirido pois as pessoas não aguentam estarem sempre a ser esmagadas.

Bitaite disse...

1º a Bancocracia anda muy diversificada tem muitos centros nervrálgicos e não se concentra apenas nos quatro grandes polos de há 20 anos atrás

2º Cortes de pensões de 4000 euros ou mais reformados aos 60 anos

e com expectativa de 20 anos

Dá uns dinheiritos fortes 60mil por ano dá 1,2 milhões ao fim de 20

se chegarem à idade do Manel da Fonseca
são dois milhões

as garantias dos goldmen nacionais
são irrecuperáveis?

Factor Produtivo Menos Caro disse...

ou seja o problema é mais para onde vão os capitais que deviam ser redistribuidos com algum critério pelo estado
de forma a alavancar a economia nacional

Anónimo disse...

Eu jaa tinha aqui linkado o paper do Felipe e Kumar uma data de vezes... alertando para a palermice de interpretar os unit labor costs agregados como um indicator da evolucao dos salaarios numa economia, e da competitividade... mas depois de fazer comentaarios, eles desaparecem, tal como provavelmente vai acontecer a este comentaario... LEIAM O PAPER E DIVULGUEM!!!

Joao Farinha