sábado, 10 de maio de 2008

Ainda a terceira via

Em vez de discutir os argumentos que eu apresento contra o «seu» modelo propinas-empréstimos - exclusão pelo preço, perpetuação, com novos mecanismos, de um modelo desigual, metáforas deslocadas e enfeito de enquadramento - Rui Pena Pires prefere recorrer a um truque banal: acusar-me de «condenar ideologicamente» as suas posições. A ideologia como insulto. Apenas um comentário: anda muito mal quem ignora a ideologia, ou seja, as ideias que orientam a visão da sociedade que as políticas vão instituindo, por detrás das medidas que aparentemente defende. A ideia dos empréstimos universitários ganhou força com a escola de Chicago e a metáfora do capital humano. Atrevo-me a aconselhar a leitura do Capitalismo e Liberdade, escrito em 1962 por Milton Friedman, onde a proposta dos empréstimos é defendida. Um dos pioneiros na sua divulgação. Hoje, a OCDE, os think-tanks sociais-liberais ou economistas ortodoxos como Nicholas Barr limitam-se a servi-la à terceira via. A alternativa é clara: se o ensino superior é uma prioridade, então deve ser público e gratuito. Para barreiras já bastam as de classe.

1 comentário:

Anónimo disse...

Já defendi "se o ensino superior é uma prioridade, então deve ser público e gratuito" no entanto agora não posso deixar de discordar.

Embora não concorde com o modelo de emprestimos universitários (qual seria o seu efeito num país que tem um elevado desemprego de jovens universitários) a verdade é que o ensino superior não deveria ser gratuito. Julgo que as pessoas que entram no ensino universitário são beneficiadas por esse acto sendo que o beneficio em sentido contrário não é linear. Não ganhamos enquanto sociedade de um ensino superior massificado e este deve ser sustentado em parte pelas pessoas que o utilizam.

O estado deve dar subsidio a quem realmente necessita do mesmo para frequentar o ensino superior e este deve estar sempre ligado ao desempenho (que não necessita de ser de excelência como no caso dos USA). No entanto e por experiência própria, grande parte dos estudantes têm capacidade de financiar em parte o Ensino Superior.

Se analisarmos correctamente o percurso nas escolas dos alunos verificaremos que são os mais abastados que acabam na sua maioria a por chegar ao ensino superior. Criar um sistema totalmente gratuito apenas atribui um "subsidio" a uma "classe" de pessoas que já é previlegiada.

Desta forma o Estado acaba por gastar recursos que poderiam ser utilizados para combater a probreza e a exclusão social onde ela é mais grave.

Gostaria de viver num país onde o maior problema fosse o ensino superior mas infelizmente esse país não é Portugal...