terça-feira, 13 de agosto de 2024

Bastante factual ou não?


Olhai para este mapa, por favor. É a expressão visual de mais um holocausto colonial. Os pontos vermelhos são as zonas atingidas pelo exército terrorista de Israel, com a cumplicidade ativa dos EUA e da UE. 36 quilos de material explosivo por cada um dos habitantes de Gaza. 

As principais potências imperialistas antes da Primeira Guerra Mundial - Reino Unido, França e Alemanha -, responsáveis principais pela barbárie de 1914-1918, emitiram ontem um comunicado vergonhoso, onde conseguem não dizer a palavra Israel. Como disse Benjamim Fogel, “chegámos ao ponto em que Israel já não pode ser mais defendida e por isso os líderes ocidentais fingem que não existe”.   

Lembrai-vos que os vencedores da Guerra (Reino Unido e França) dividiram despojos dos impérios derrotados, incluindo partes do alemão e do otomano. Razão, toda a razão, tinha Lénine, ao contrário de algumas distorções de que a sua obra é alvo por historiadores liberais das ideias, como Rui Bebiano do Livre. 

Não por acaso, os bolcheviques tornaram públicos bastantes documentos secretos da diplomacia da guerra. No quadro da política colonial dos mandatos, Reino Unido e França passaram a controlar uma grande parte do Médio Oriente, sendo responsáveis longínquos por tudo o que ali se tem passado (a declaração Balfour é logo de 1917...). 

A Sociedade das Nações é hoje demasiado incensada pela historiografia liberal (por exemplo, atentai na opinião de Rui Tavares, que, de resto, foi à embaixada de Israel no início do genocídio, que isto anda tudo ligado quando se é consistente). A SdN foi pouco mais do que um instrumento austeritário e colonial do imperialismo europeu e colapsou na prática depois de ter colapsado na teoria (os soviéticos ainda aderiram, em 1934, mas depois houve a Etiópia, a Espanha, Munique e tudo o resto). 

Ao contrário da tese da continuidade, a ONU é muito diferente, sobretudo depois do absoluto reconhecimento da perversidade do colonialismo e do imperialismo em todas as suas dimensões, ali entre 1960 e 1974. 

Este aparte destina-se apenas a sublinhar os velhos e os novos imperialismos e subimperialismos. Sim, Reino Unido, França e Alemanha são cada vez mais vassalos dos EUA, em linha com a UE, obviamente. 

Felizmente, o mundo é menos eurocentrado e menos dominado pelos EUA. Isto vê-se na ONU e em Guterres, apesar da falta de poder, mas sobretudo vê-se na República Popular da China e no que vem por arrasto. Os EUA são há décadas e de longe o país mais perigoso do mundo. É muito positivo que haja freios e contrapesos à altura. 

Isto é tudo bastante factual ou não?    

5 comentários:

Lowlander disse...

Nao se pode dizer...

Anónimo disse...

Prezado João Rodrigues,

Sinto que é importante fazer os seguintes apontamentos, para bem da razão leninista: você fala de uma razão de Lenin e dos bolcheviques, no pós-guerra, e creio não estar errado que se refere à própria teorização do imperialismo. Está evidente no próprio texto e não tem como se dar razão aos bolcheviques sem dar razão à sua teoria, no caso, devidamente contextualizada na primeira guerra mundial, como parte da manifestação real do imperialismo (o seu enquadramento teórico é bem mais lato que a própria guerra). Até aqui, tudo bem, para mim. O problema é que, depois, você se põe a falar no plural em relação ao imperialismo ("imperialismos", "subimperialismos", etc). O que evidencia falta de conhecimento. O imperialismo É o capitalismo de nossos dias. Para se ter uma ideia, aquilo que alguns dos seus colegas e muita outra gente se põe a falar de "financeirização" (do capital, claro) já estava enquadrado como uma das principais características teóricas do imperialismo, em 1917. (Não tem problema nenhum a utilização isolada dessa expressão, mas tem problema, sim, a sua falta de enquadramento teórico, aquele passa borracha preconceituoso em Lenin, como se a "financeirização" pudesse ser simplesmente reformada por livre opção de economia política, quando é coisa imperialista). Em geral, é só para afirmar que essa associação direta entre nação e imperialismo (como se os EUA fossem um imperialismo e a FR outro) não tem muito cabimento, assim como essa confusão entre centros, semiperiferias e periferias do capitalismo com "imperialismos", "subimperialismos" (e o que dizer do outro? "infra-imperialismos"?) também não.

Sugestões de correção:
*As principais potências do imperialismo na primeira guerra mundial
*Este aparte destina-se apenas a sublinhar o velho e o novo imperialismo [corta].

Anónimo disse...

O alvo é Israel ou o Livre?

Vamos propor Rui Tavares a Mister Universo? Homem mais sexy não há. Nem coerente. Há anos que anda a tratar da vida.

Anónimo disse...

China a defender a Palestina enquanto tortura os muçulmanos no seu território é deveras hilariante.
Neste mundo, ninguém é idóneo. Todos têm culpa.

Anónimo disse...

Pois, pois, mas da China e da Russia, por exemplo, segundo as cabeças pensantes do chamado Ocidente tudo se espera. Dos auto-proclamados defensores dos direitos humanos ( que afinal são do piorio e desde há muito...) é que não é admissivel todas as patifarias a que temos vindo a assistir. Faz o que eu digo não faças o que faço, é o lema dessa gente.