domingo, 26 de dezembro de 2021

Querido diário - disco riscado


Foi o anúncio de Natal... de 2011.

Foi há dez anos, mas poderia ter sido dito por qualquer candidato de direita. Agitam-se as mesmas bandeiras e as mesmas palavras que nada querem dizer se não uma fúria de acabar com um esforço colectivo personificado no papel do Estado na sociedade:
"São estas estruturas que muitas vezes não permitem aos portugueses realizar o seu potencial, que reprimem as suas oportunidades", mas que também protegem núcleos de privilégio injustificado, que preservam injustiças e iniquidades,que não recompensam o esforço, a criatividade, o trabalho e a dedicação" e que por isso "são estruturas que têm de ser mudadas".
Anunciava-se uma autêntica revolução. Falava-se de "democratização da economia" E isso seria:
"colocar as pessoas, as pessoas comuns com as suas acticvidades, comos seus projectos, com os seus sonhos no centro da transformação do país", e que "o crescimento, a inovação social e a renovação da sociedade portuguesa venha de todas as pessoas e não só de quem tem acesso privilegiado ao poder ou de quem teve a boa fortuna de nascer na protecção do conforto económico"
Passados uns meses, não muitos (oito), o mesmo Passos Coelho e Paulo Portas estavam a anunciar um pacote laboral que iria "democratizar" a sociedade: transformaram dias feriados e tempo de lazer em tempos de produção, cortaram salários, cortaram remunerações, cortaram compensações por despedimento, cortaram subsídios de desemprego. Passado nove meses, estavam a anunciar o aumento da TSU dos trabalhadores e a reduzir a das empresas.

Cuidado, pois, quando se ouvir à direita falar de "democratização" e de "liberdade": geralmente querem mais tarde ou mais cedo colocar o povo a pagar a liberdade das empresas.

1 comentário:

Anónimo disse...

As páginas deste diário são a demonstração cabal de um país sem memoria e sem dignidade. A farsa é o desprezo e a desconsideração destes políticos pelas gentes deste país. Em Portugal há um estranho orgulho na ignorância.