Em parceria com a AbbVie, a insuspeita Information Management School, da Nova (IMS-Nova) publica regularmente o Índice de Saúde Sustentável. Um dos indicadores analisado diz respeito ao impacto económico resultante da prestação de cuidados de saúde pelo SNS, medido tanto pela redução do absentismo como pelo valor económico, em termos de trabalho, dos dias não faltados por doença, graças ao nosso serviço público e universal de saúde.
No exercício relativo a 2020, a IMS-Nova estima que o investimento no SNS permitiu, nos termos acima descritos, um «retorno para a economia» de 6,8 mil milhões € (mais 1,4 mil M€ que em 2019). Valor cujo significado é ainda mais expressivo se considerarmos que a despesa total com o SNS, nesse ano, foi de cerca de 11,5 mil M€. Ou seja, o dito retorno, decorrente da prestação de cuidados, equivale a quase 60% do orçamento do SNS. Para lá, claro, do valor incomensurável - e que é o mais importante - de cuidar e proteger a saúde de todos os cidadãos.
Vem isto a propósito da TAP. Tratando-se de setores muito diferentes, o exercício acima descrito ajuda a compreender devidamente o esforço que o Estado está a fazer para recuperar a TAP e essegurar a sua sustentabilidade, mantendo o valor estratégico da companhia para o país e para a economia nacional. Não se pode, de facto, à semelhança do SNS, encarar esse esforço como mera despesa, ignorando os impactos relevantes da TAP na economia, como demonstram os indicadores (pré-pandemia) assinalados pelo ministro Pedro Nuno Santos em artigo recente no Negócios.
Note-se, aliás, que não se trata apenas da capacidade exportadora da TAP (equiparável à de empresas como a Navigator e a Autoeuropa), nem do seu contributo para o emprego (cerca de 110 mil postos de trabalho diretos e indiretos), ou das compras a mais de mil empresas nacionais, «espalhadas por todo o país», numa invulgar «capilaridade na localização geográfica dos fornecedores». A estes fatores, a ter em conta no sopesar do apoio público de 3,2 mil M€ à companhia entre 2020 e 2022, junta-se a importância da TAP para assegurar as ligações intercontinentais, o turismo ou a manutenção do hub de Lisboa (que passaria para Madrid, se a TAP caísse).
À semelhança do investimento no SNS, e do retorno que este permite, a compreensão ampla do significado do investimento público na TAP torna evidente a miopia e incapacidade das análises económicas pobres, que reduzem a despesa pública em diferentes setores a meros «encargos», passando a ideia de que a «economia produz» e o «Estado gasta». Ou, na mesma linha e com o mesmo viés, que «primeiro se cria riqueza e só depois se distribui».
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