Vejam a lista abaixo de propostas de governação para Portugal:
• Melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde para facilitar o recrutamento
• Reforçar a capacidade das unidades de cuidados intensivos
• Expandir os serviços de saúde mental
• Aumentar o financiamento dos serviços públicos de cuidados paliativos
• Aumentar os recursos atribuídos aos serviços públicos de emprego
• Alargar o acesso aos subsídios de desemprego
• Aumentar o nível e a cobertura das prestações de rendimento mínimo
• Aumentar o investimento em habitação social
• Acelerar o investimento na mobilidade eléctrica e no transporte público
• Assegurar que os municípios cumprem os objectivos de reciclagem de lixo
• Sujeitar os investimentos imobiliários a medidas de prevenção da lavagem de dinheiro
• Eliminar os benefícios fiscais injustificados
• Aumentar os impostos sobre bens imóveis e sobre as heranças
• Aumentar os impostos sobre fontes poluentes, para reflectir o seu impacto negativo no ambiente
• Não apostar na consolidação orçamental até que a recuperação esteja firmemente estabelecida
Parece-vos o programa de um partido de esquerda, não é? Mas não, são as recomendações da OCDE no recém publicado relatório sobre a economia portuguesa.
3 comentários:
Por vontade de quem hoje manda em Portugal - na política, nos negócios, nos media - temos eleições legislativas antecipadas à porta. O grande objectivo destas eleições antecipadas é simples de entender: trata-se de tentar acabar com a influência que os chamados "partidos radicais de esquerda" tiveram na governação recente, sobretudo entre 2015 e 2019, mesmo sem terem tido responsabilidades governativas.
Em que forças políticas não deverá votar quem defende para Portugal o mesmo que a OCDE, desde "Melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde para facilitar o recrutamento" até "Não apostar na consolidação orçamental até que a recuperação esteja firmemente estabelecida"? É obvio que não deverá votar num partido de direita, do PSD ao Chega. Mas também me parece claro que não deverá votar no PS, mesmo reconhecendo que há dirigentes do PS - infelizmente muito poucos - com vocação para defender o mesmo que a OCDE agora defende. Nem no PAN, que pretende entrar no próximo Governo, seja ele liderado pelo PS ou pelo PSD.
Por exclusão de partes, resta o voto útil numa força política da dita "esquerda radical", contribuindo assim para garantir - e, se possível, de forma reforçada - a respectiva influência no Governo que resultar destas eleições. Como se viu desde 2015, a influência destes "radicais" não põe em causa a "democracia representativa", o "equilíbrio de poderes", o "Estado de Direito", os "mecanismos de mercado", a "iniciativa empresarial", etc.
A. Correia
Há algo de muito errado com a esquerda quando a esquerda é ultrapassada por instituições ou partidos que defendem a desigualdade e o poder dos mais fortes, talvez a esquerda tenha perdido a capacidade de se olhar ao espelho ou então são complacentes com o que vêm reflectido.
Sem esquecer:
OCDE contra aumento rápido do salário mínimo e reversão de reformas laborais em Portugal
https://www.tsf.pt/portugal/economia/amp/ocde-contra-aumento-rapido-do-salario-minimo-e-reversao-de-reformas-laborais-em-portugal-14370199.html
Enviar um comentário