quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Faz-se tudo
A troika proclama, como a exploração no poema de Brecht, que isto é apenas o meu começo: “é desejável que os salários no sector privado sejam sustentadamente reduzidos, em linha com os cortes decididos para o sector público, recomenda a UE e o FMI.” Esta é a lógica implacável da austeridade e das alterações na legislação laboral associadas, das chamadas reformas estruturais, como temos vindo a defender há mais de um ano, e anda muito mal quem ainda não percebeu que não há outra lógica, equitativa, digna ou outro moralismo que queiram inventar para enfeitar uma austeridade intrinsecamente destrutiva dos rendimentos do trabalho e da economia. Parece que a troika ignorou um dos principais indicadores para avaliar do sucesso de uma política - o emprego. Na realidade, a troika promove o aumento do desemprego, já que este é um dos mecanismos principais para diminuir os salários. É o desenvolvimento do subdesenvolvimento que se organiza, sob tutela externa e com a correia de transmissão interna conhecida, ou seja, o governo e as forças sociais que este tem de servir: depois de uma reunião pela noite fora entre banqueiros e Passos, “Gaspar promete interferir ‘tão pouco quanto possível’ na gestão dos bancos intervencionados”. Faz-se de tudo para descansar o susceptível poder financeiro privado, que tão laboriosamente o poder politico reconstruiu e alimentou, com os lindos resultados conhecidos, nas últimas duas décadas; no fundo desde o ciclo de privatizações bancárias e de liberalização financeira iniciado por um Cavaco que sempre fez dos 12 mil milhões iniciais para a banca o foco da sua preocupação, procurando manter o sector financeiro nas mesmas mãos. Faz-se tudo. Até quando?
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1 comentário:
Pois, caro João Rodrigues, “faz-se tudo” para o subdesenvolvimento.
Antes de mais dizer que me sinto ultrajado pela arrogância exibida por estas pessoas da troika, revoltado também pela subserviência patenteada por aqueles que constituem o governo português. Não imagino o Jürgen Kröger chegar por exemplo à Holanda ou à Suiça e falar naquele tom paternalista, elogiando “ esta dócil boa gente”, “estes selvagens simpáticos”. Sobre a infeliz subserviência, ou o sorriso do Passos e os olhinhos do Gaspar, nada a fazer, temo que seja caracter genético dominante.
78 mil M de empréstimo + 33 mil M de juros: é uma mama!
Não havia necessidade de tanto servilismo, isto não é nenhum favor!
(Se é favor é para a banca, que, pendurada numa dívida privada que é superior à pública, vai ser salva – capitalizada - a troco de sofrimento e desemprego, enquanto o exército de reserva se perfila).
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