quarta-feira, 30 de novembro de 2011

2008, mas pior?

A dívida alemã foi hoje transaccionada, por momentos, a juros negativos . Os agentes de mercado estão, portanto, dispostos a "pagar" para deter dívida alemã. Em tempos de incerteza radical, os fluxos financeiros afluem aos activos que percebem como tendo menos risco. O mesmo se passou com os títulos de tesouro norte-americanos no auge da turbulência financeira em 2008.

O que também se passou nessa altura foi a dificuldade do capital financeiro europeu conseguir financiamento em dólares. Hoje, um conjunto (estranhamente) vasto de bancos centrais intervieram, concedendo linhas de crédito em dólares, capazes de desbloquear o actual "congelamento" do financiamento. Mais uma vez, escasseiam as análises na imprensa portuguesa. Para quem quiser perceber melhor o que se está a passar, escrevi há uns tempos sobre o assunto. O gráfico abaixo deve ser comparado com o que forneci então. Parece que voltámos a 2008.

4 comentários:

Unknown disse...

Cada dia estou mais a leste de toda esta movimentação. Parece-me um filme de ficção.
Vai-se correndo e de repente o chão foge e os corredores ficam suspensos
por falta de base....

Voltaram? disse...

Eu diria que não deixaram ainda 1848.

João Carlos Graça disse...

A impressão que predominantemente se recolhe é de que se trata de um movimento geral em boa medida auto-alimentado.
Aumenta a "incerteza radical", aumenta a atractividade do dólar como moeda de refúgio, aumenta a pressão sobre o euro para reforçar a política de "sound money", a qual toda a gente sabe ser a jibóia constrictora que está a matar por sufoco as economias da maior parte dos países da "UE", o que faz aumentar ainda mais a "incerteza radical"...
Adentro da "UE", claro, a Alemanha é gritantemente mais igual (ou mais europeia) do que os outros europeus. O diagnóstico global do Lapavitsas continua pois válido. A rã alemã-europeia está a competir com o boi norte-americano no jogo de quem é a "moeda mundial". Os ianques, entretanto, têm várias vantagens à partida nessa matéria, pelo que os alemães (travestidos de "europeus") compensam o head-start dos outros sendo mais papistas do que o Papa. Entretanto, isto teve/tem consequência que fizeram espirrar sangue já para muito lado, e vão fazer espirrar ainda muito, muito mais. O "projecto euro" revela-se como enorme, miserável tartufferie...
Não importa, ou importa pouco. Quando o naufrágio do Eurotitanic vier, os alemães ocuparão primeiro os poucos lugares disponíveis nos botes de salvamento. A dívida alemã continua mais segura do que as outras; e nessa matéria, aliás, quanto pior, melhor...

Um coelho assis ado disse...

To je špatné, takhle snadno bys neměl končit. Zkus pokračovat, dotáhnout to.
Snaž se, stojí to za to.
Os checos também não vos gramam.