sábado, 15 de janeiro de 2011

Os ricos que não paguem a crise


"Cavaco também quer trabalhadores do privado a pagar a crise" - e que não sejam apenas os trabalhadores do sector público. Ou seja, que sejam todos os trabalhadores. E de preferência só eles.

10 comentários:

Marta Santos disse...

NA verdade o lema de "os ricos que paguem a crise" foi bem aplicado na administração pública porque só desconta quem recebe mais de 1500 euros e o desconto é maior consoante o ordenado vai subindo. Já não era sem tempo que aparecesse uma medida como esta que contribui para a correcção da grande injustiça que é o fosso cada vez maior entre os salários no Estado. Agora faltava era acabar com os "regimes especiais" (existem nos ministerios das finanças,da educaçao,etc.)e passar todos os trablhadores para o regime geral.Neste momento um continuo da assembleia da Republica tem um ordenado maior do que um engenheiro do regime geral com 20 anos de funçao publica!

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

os funcionários que mais receberam
deste sistema pagam a crise

não são dos mais ricos

mas no panorama da indigência geral

até não estão mal

pois não têm reservas...

foram para viagens às maldivas
ou para a Tunísia com baixa médica

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

Neste momento um engenheiro do regime geral com 20 anos de funçao publica

ganha o dobro do que os engenheiros químicos que tiveram os seus contratos rescindidos

pessoal que com 50 e 60 anos
não arraja trabalho de certeza

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

os ricos pagam nas ilhas caimão

e ricos há poucos

excepto os tipos que ganharam 60 milhões no euromilhões

ou 5 ou 6 na contrução civil

Dias disse...

Num país com literacia diminuta, classista, com salário mínimo muito baixo e onde a formação profissional foi completamente descurada, a medida de corte salariais nos assalariados com formação superior acabou por se tornar “popularucha”. Uma medida tendente ao nivelamento por baixo, ao igualitarismo, muito ao gosto de Cavaco Silva. Por isso não admira que ele fale da extensão da medida ao sector privado.

João Carlos Graça disse...

Não há dúvidas de que a campanha eleitoral tem, pelo menos, o mérito de trazer ao de cima as "verdades do coração", ou as sinceridades.
Desde logo, ao nível dos "grandes". Sabe-se lá como, ou graças ao "leaking" de quem, apareceu durante a campanha (e só então!) aquela notícia sobre a vivenda de Cavaco no Algarve, vizinho de Oliveira e Costa, com permutas e off-shores pelo meio e etc. e coisa e tal.
Uma patifaria, claro está. Coisa que não se faz, num ambiente geral em que a regra consensualizada é o pessoal do "Centrão" (mais PP) coçar as costas uns dos outros...
Cavaco vinga-se, como é óbvio, e "deixa cair" o remoque sobre as reduções de salários nominais vindas do lado de Sócrates (isto é, de Alegre)...
Alegre replica numa base de "olha quem fala", referindo os comentários de Cavaco sobre a infeliz lentidão com que a "solução final" para a "questão funcionária" vai acabando por se impor entre nós, e contrapõe-lhe a sua própria abordagem, plena, já se sabe, de bazófia sobre "sensibilidade social", "ética republicana", and so on, and so on...
Bom, antes que isto acabe com os dois candidatos da (possível) 2ª volta a debaterem se é mais "humana" a injecção letal ou o enforcamento inglês (muito misericordioso, já se sabe, posto que equivalente na prática a uma decapitação...), é melhor esclarecer umas quantas questões prévias. Considerando também, já agora, o ponto de vista dos "pequenos".
Para isso, é melhor tomar o comentário da Marta à letra, pelo seu valor facial. Fica para a minha intervenção seguinte.

João Carlos Graça disse...

Cara Marta Santos
Permita que lhe diga que a sua "fome e sede de justiça" está mal dirigida. Antes de mais, a grande fonte de mal-estar na administração pública tem mais a ver com o elevadíssimo número de cargos políticos, de boys, não tanto com ordenados demasiado elevados do pessoal "de carreira", seja essa a que for.
Depois, o que se passou com o corte dos ordenados foi não um aumento de imposto, mas um confisco. É por isso que foi pensado como "para sempre". É por isso que talvez seja uma inconstitucionalidade, mas é de certeza uma canalhice. E é por isso que em boa verdade Passos Pereira devia, para ser coerente, apoiá-lo sem reservas, porque actua onde ele alegadamente quer: significa despesa pública a menos e não receita pública (imposto) a mais.
Depois ainda, este confisco só em parte foi progressivo, porque a incidência é realmente nula até 1500 euros, mas depois a incidência marginal é de 16 por cento, de forma que alguém com 3000 de ordenado vai ter agora, no final deste mês, um corte de 8 por cento. De 4200 para cima, quando se atinge a incidência média de 10 por cento, a incidência marginal desce também para o 10 por cento. Por conseguinte, não há verdadeira progressividade.
Depois ainda, este confisco surge depois de quase 6 anos de "congelamento" das progressões, o qual nalgumas carreiras se transformou aliás num congelamento ele próprio "para sempre". Há vários sectores do funcionalismo em que a lesão por ausência de progressões é claramente maior do que que vão sofrer com o confisco deste mês.
Depois ainda, este confisco não é robin-hoodesco também porque, para pretender sê-lo, teria de dizer respeito a todos os rendimentos auferidos em níveis análogos. Ou seja, teria de deixar de ser confisco e passar a ser um verdadeiro imposto. Progressivo, como a Marta parece querer, de acordo. Mas então, para assalariados do estado e do privado. Para assalariados em geral, de resto, e para auferidores doutros rendimentos (lucros, rendas, juros, pensões...). É claro que isso seria mais impopular no "jornalismo de depois das 8", porque significaria mais imposto, mais "estado", etc. Mas reconheça-se: seria essa a solução justa, a assumir-se de forma incontornável a necessidade proclamada de redução do défice. como diria respeito a muito mais gente, aliás, podia ser muito mais suave do que a brutalidade com que, assim, se atinge alguns grupos.
Claro está, tudo isto deixa de fora que é sempre sinal de falta de saúde ter uma democracia um governo a proceder não pela mobilização, mas pelo "dividir para reinar". Mas isso terá de ficar para outras conversas...

João Carlos Graça disse...

Cara Marta Santos
Permita que lhe diga que a sua "fome e sede de justiça" está mal dirigida. Antes de mais, a grande fonte de mal-estar na administração pública tem mais a ver com o elevadíssimo número de cargos políticos, de boys, não tanto com ordenados demasiado elevados do pessoal "de carreira", seja essa a que for.
Depois, o que se passou com o corte dos ordenados foi não um aumento de imposto, mas um confisco. É por isso que foi pensado como "para sempre". É por isso que talvez seja uma inconstitucionalidade, mas é de certeza uma canalhice. E é por isso que em boa verdade Passos Pereira devia, para ser coerente, apoiá-lo sem reservas, porque actua onde ele alegadamente quer: significa despesa pública a menos e não receita pública (imposto) a mais.
Depois ainda, este confisco só em parte foi progressivo, porque a incidência é realmente nula até 1500 euros, mas depois a incidência marginal é de 16 por cento, de forma que alguém com 3000 de ordenado vai ter agora, no final deste mês, um corte de 8 por cento. De 4200 para cima, quando se atinge a incidência média de 10 por cento, a incidência marginal desce também para o 10 por cento. Por conseguinte, não há verdadeira progressividade.
Depois ainda, este confisco surge depois de quase 6 anos de "congelamento" das progressões, o qual nalgumas carreiras se transformou aliás num congelamento ele próprio "para sempre". Há vários sectores do funcionalismo em que a lesão por ausência de progressões é claramente maior do que que vão sofrer com o confisco deste mês.
Depois ainda, este confisco não é robin-hoodesco também porque, para pretender sê-lo, teria de dizer respeito a todos os rendimentos auferidos em níveis análogos. Ou seja, teria de deixar de ser confisco e passar a ser um verdadeiro imposto. Progressivo, como a Marta parece querer, de acordo. Mas então, para assalariados do estado e do privado. Para assalariados em geral, de resto, e para auferidores doutros rendimentos (lucros, rendas, juros, pensões...). É claro que isso seria mais impopular no "jornalismo de depois das 8", porque significaria mais imposto, mais "estado", etc. Mas reconheça-se: seria essa a solução justa, a assumir-se de forma incontornável a necessidade proclamada de redução do défice. como diria respeito a muito mais gente, aliás, podia ser muito mais suave do que a brutalidade com que, assim, se atinge alguns grupos.
Claro está, tudo isto deixa de fora que é sempre sinal de falta de saúde ter uma democracia um governo a proceder não pela mobilização, mas pelo "dividir para reinar". Mas isso terá de ficar para outras conversas...

João Carlos Graça disse...

Cara Marta Santos
Permita que lhe diga que a sua "fome e sede de justiça" está mal dirigida. Antes de mais, a grande fonte de mal-estar na administração pública tem mais a ver com o elevadíssimo número de cargos políticos, de boys, não tanto com ordenados demasiado elevados do pessoal "de carreira", seja essa a que for.
Depois, o que se passou com o corte dos ordenados foi não um aumento de imposto, mas um confisco. É por isso que foi pensado como "para sempre". É por isso que talvez seja uma inconstitucionalidade, mas é de certeza uma canalhice. E é por isso que em boa verdade Passos Pereira devia, para ser coerente, apoiá-lo sem reservas, porque actua onde ele alegadamente quer: significa despesa pública a menos e não receita pública (imposto) a mais.
Depois ainda, este confisco só em parte foi progressivo, porque a incidência é realmente nula até 1500 euros, mas depois a incidência marginal é de 16 por cento, de forma que alguém com 3000 de ordenado vai ter agora, no final deste mês, um corte de 8 por cento. De 4200 para cima, quando se atinge a incidência média de 10 por cento, a incidência marginal desce também para o 10 por cento. Por conseguinte, não há verdadeira progressividade.
Depois ainda, este confisco surge depois de quase 6 anos de "congelamento" das progressões, o qual nalgumas carreiras se transformou aliás num congelamento ele próprio "para sempre". Há vários sectores do funcionalismo em que a lesão por ausência de progressões é claramente maior do que que vão sofrer com o confisco deste mês.
Depois ainda, este confisco não é robin-hoodesco também porque, para pretender sê-lo, teria de dizer respeito a todos os rendimentos auferidos em níveis análogos. Ou seja, teria de deixar de ser confisco e passar a ser um verdadeiro imposto. Progressivo, como a Marta parece querer, de acordo. Mas então, para assalariados do estado e do privado. Para assalariados em geral, de resto, e para auferidores doutros rendimentos (lucros, rendas, juros, pensões...). É claro que isso seria mais impopular no "jornalismo de depois das 8", porque significaria mais imposto, mais "estado", etc. Mas reconheça-se: seria essa a solução justa, a assumir-se de forma incontornável a necessidade proclamada de redução do défice. como diria respeito a muito mais gente, aliás, podia ser muito mais suave do que a brutalidade com que, assim, se atinge alguns grupos.
Claro está, tudo isto deixa de fora que é sempre sinal de falta de saúde ter uma democracia um governo a proceder não pela mobilização, mas pelo "dividir para reinar". Mas isso terá de ficar para outras conversas...

João Carlos Graça disse...

Desculpem lá o triplicado do meu comentário anterior. Garanto que não teve a ver com "red tape", mas com "bug" informático. Sempre é mais modernoso...
Ao passar do "pré-visualizar" ao "publicar", o computador bloqueou (talvez por demora excessiva na escrita do comentário) e depois, quando eu já pensava que se tinha perdido o texto, apareceu esta tal publicação em triplicado. Fica por conta dos mistérios (para mim) insondáveis da informática. Novos tempos, novos deuses...
Há, todavia, pelo menos uma correcção indispensável a fazer: não se trata de "Passos Pereira", claro está, mas de Passos Coelho!