segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O Oráculo de Bellini


Juntamente com a VCI e a segunda ponte do Feijó, poucas coisas constituirão uma parte tão rotineira das manhãs e finais de tarde radiofónicos e televisivos quanto a lenga-lenga em torno dos movimentos ascendentes ou descendentes do PSI-20 e das acções cotadas na bolsa. A eléctrica nacional subiu 0,5%, a maior queda do dia foi do BES e, com um pouco de sorte, ainda ficamos a saber o que se passou com a bolsa de Frankfurt e o NASDAQ.

Mas, se me permitem a pergunta, afinal a quem é que isso interessa? Qual é mesmo a percentagem de portugueses que detém activos indexados ao PSI-20, para já não falar do NASDAQ? Se a ideia é ceder tempo de antena a interesses tão particulares, parecer-me-ia mais interessante uma rubrica de columbofilia: afinal de contas, sempre são 18.000 os federados em Portugal.

De onde é que vem este ritual que milhões de pessoas ouvem e quase ninguém escuta? Sinceramente não sei, nem sei o que é que o vai sustentando. Por mais que gostasse de dispôr de uma teoria mais sofisticada, receio que se trate de pouco mais do que inércia e ignorância editorial e jornalística: sempre se fez assim; os outros também fazem; convém ter alguma coisa de economia; e a economia é aquilo da bolsa e tal.

Porém, pelo meio de tudo isto, a alta e a baixa dos índices bolsistas assumem relevância no espaço mediático e assim se vai conferindo legitimidade aos “mercados” para avalisar ou reprovar políticas públicas. Sobretudo quando o anúncio dos movimentos diários dos indíces se faz acompanhar de interpretações, por parte de pitonisas especializadas, que atribuem essas mesmas flutuações a pretensas explicações ‘reais’. Explicações mais ou menos plausíveis, conforme os casos, mas sempre reflectindo os interesses do… como é que é mesmo?... ah, sim, do capital financeiro.

11 comentários:

ze disse...

no outro dia ocorreu-me precisamente o mesmo.

a minha teoria é que se trata de lavagem cerebral para os mais pequenos, quando vão a caminho da escola :D

Mas, graçolas à parte, é um aspecto sintomático do nosso jornalismo.

Dias disse...

E quando a EDP dispara ou a Isabel dos Santos reforça?

Tenho sérias dúvidas que alguns desses meios de comunicação, a que não falta sobranceria, sejam viáveis sem “apoios”. A intoxicação e profecias fazem parte do tal “programa”, um custo indirecto que alguém anda a pagar.

Emília Arroz disse...

É muito interessante reflectir sobre o real e o virtual: a economia real em declínio que tanta falta faz à vida real das pessoas e a economia virtual em ascensão que tanta desgraça provoca na real vida das pessoas que a ela não estão ligadas sem que as pessoas consigam fazer a real conexão entre a ascensão da economia virtual e a suas consequências nefastas na sua deseconomia real ....

ANTÓNIO DA CEREJEIRA SALAZAR disse...

é simples e desumano
há muitas dezenas de milhares de pequenos especuladores
se calhar até centenas
que ouvem essa patacoada todos os dias
e vão online nos ministérios e escolas ver as cotações diárias

é como aqueles jogadores compulsivos que religiosamente assentam os números do euromilhões
ou da lotaria com receio que se não o fizerem
a ira dos deuses da sorte recairá sobre eles

é vê-los online nos comboios
os que andam de carro são os de médio a longo prazo

parecer-me-ia mais interessante uma rubrica de columbofilia: afinal de contas, sempre são 18.000 os federados em Portugal

pois mas os pombos além de deitarem pela cloaca aqueles presentitos encima dos carros que possuem esses rádios

têm infecções fúngicas muito desagradáveis

António De Melo Alvim disse...

Mas interessa muito ...a muita gente que vive do chamado "serviço público
"A RTP/RDP beneficiou de uma subida de 2,7 milhões de euros, o equivalente a quase mais 2%, na indemnização compensatória para este ano. O valor de 145,9 milhões d de serviço público de televisão para o quadriénio 2008-2011. Ao mesmo tempo, e até ao terceiro trimestre, a RTP tinha recebido 88,15 milhões de euros em dotações de capital. Tudo junto dá 234 milhões de euros de transferências do Estado, o que compara com os 205,5 milhões de euros pagos à RTP o ano passado. Em causa está uma subida de quase 14% nas transferências, ou de 28,5 milhões de euros.

A estes números serão ainda somados os 134,4 milhões de euros de receita da taxa audiovisual paga na factura eléctrica. O acordo entre a RTP e o governo contempla também uma subida de 2,3 milhões de euros na contribuição audiovisual em 2010, face a valores de 2009.

Na resolução do Conselho de Ministros ontem publicada, o governo justifica os valores pagos à RTP com o cumprimento dos compromissos decorrentes do contrato de concessão assinado entre o Estado e a empresa para o cumprimento do serviço público de televisão, em particular no que respeita ao acordo de reestruturação financeira da RTP assinado em 2003. A televisão pública é das poucas empresas que beneficiam de um contrato que estabelece os deveres de serviço público e o seu financiamento pelo Estado.

No âmbito do pacote de medidas de austeridade para o Orçamento do Estado para 2011, o governo anunciou que ia reduzir os subsídios à RTP no próximo ano - mas em contrapartida vai aumentar cerca de 30% a taxa audiovisual que financia a televisão pública. No acordo anteriormente estabelecido entre as duas partes para o quadriénio 2008-2011 estava previsto que a RTP recebesse uma indemnização compensatória de 147,3 milhões de euros e uma contribuição audiovisual na ordem dos 138,8 milhões. O anunciado aumento de 30% da taxa audiovisual representará por isso mais cerca de 40 milhões de euros, a pagar pelos portugueses através da factura de electricidade."
Cumprimentos

Ana Pinto disse...

A VCI, o túnel da Bonjóia e a segunda ponte do Feijó têm um efeito terapêutico em mim, sem o qual o bulício do dia-a-dia não teria o mesmo gozo: é um tremendo gozo ouvir falar dos entupimentos do IC19 enquanto faço os meus 5Km de percurso até ao trabalho, em que raramente me cruzo com outro veículo (às vezes cruzo-e com o rebanho matutino, que, qual relógio de precisão suíço, insiste em atravessar a estrada quando já estou em cima da hora).
Em suma, sinto-me na plenitude da chamada "qualidade de vida" do interior da país, uma benesse que poucos têm papilas gustativas para apreciar alegremente :)

Anónimo disse...

Ana Pinto, e que tal deixar o pópó em casa e começar a pedalar? são só 5 km....

mau mau maria disse...

Não aflige eles darem as cotações da bolsa o que aflige é eles não darem uma boa sugestão de cinema como por exemplo "Inside Job". Ainda aí está nas salas de cinema de Lisboa. Sempre se trata de informação económica...e da melhor

Banda in barbar disse...

e que tal deixar o pópó em casa e começar a pedalar? são só 5 km....

com os carros que há por aí

é suicidío

há uma coisa na ponte chamada comboio

e há umas campas nos cemitérios chamadas road kill

Dumoc disse...

é mesmo de MAU gosto sintonizar radio quando se escutar um CD (a gosto) ou através duma PEN, mp3 surripiados da net. A estupidez da generalidade dos locutores, autopromovidos a "espirituosos" é deprimente e envergonha, já para não falar da publicidade autêntica violadora da inteligência. Radio is DEAD!

Dumoc disse...

é mesmo de MAU gosto sintonisar radio quando se pode escutar um CD (a gosto) ou através duma PEN,escutar os belos dos mp3 surripiados da net. A estupidez da generalidade dos locutores, autopromovidos a "espirituosos" é deprimente e envergonha, já para não falar da publicidade autêntica violadora da inteligência. Radio is DEAD!