O Público tem uma primeira página com três “economistas” do medo, os que apoiam Cavaco (dois são membros da sua comissão política). Felizmente, a opinião sobre os desafios económicos para 2011 é mais plural:
O grande desafio é o da viabilidade da própria economia portuguesa no actual contexto de austeridade. Face à contracção das despesas pública e privada, a recessão, o aumento do desemprego e a insustentabilidade financeira externa (do Estado e do sistema bancário nacional) são os resultados previsíveis. Só com políticas públicas promotoras do crescimento económico podemos ter um ano de 2011 que nos forneça pistas para a saída da crise. Para isso precisamos de um novo enquadramento europeu que nos liberte da actual ditadura dos mercados financeiros, com instrumentos de financiamento dos Estados em dificuldades e políticas de redistribuição europeias só possíveis com um orçamento europeu robusto. No quadro nacional, uma auditoria democrática à dívida pública que prepare o caminho para a sua reestruturação é imperativo. Só assim conseguiremos a folga orçamental para promover um novo modelo económico assente numa política industrial promotora dos bens transaccionáveis e na redução das desigualdades, principal bloqueio ao nosso desenvolvimento.
Nuno Teles
A economia portuguesa tem um desafio claro em 2011: assegurar que não proliferem na sociedade focos de desintegração, que a conflitualidade social não alastre, que a coesão nacional não seja posta em perigo e que não haja pessoas afastadas dos patamares de uma vida decente. Afinal, este é o verdadeiro desafio a que uma economia se deve sempre submeter: ser um sistema de provisão e uso de bens que dê bem-estar às pessoas e lhes amplie as qualificações e capacidades. O problema, bem se sabe, é que esta finalidade constante de uma economia está em sérios riscos, devido a uma crise que semeou insustentabilidade. Por isso, os desafios que se colocam são já desafios-limite. É esse o problema em 2011. Assim sendo, está também em causa saber se se acrescenta um desafio adicional à economia: o de rejeitar métodos falidos e mecanismos perversos. A questão é saber se é possível superar os desequilíbrios fatais que se criaram entre economia e sociedade, produção e especulação, capital e trabalho.
José Reis
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