Os planos quinquenais, precedidos de exercícios detalhados de prospectiva
tecnológica, são também prática corrente na Coreia do Sul capitalista. O mais
recente plano identifica seis áreas prioritárias: IA aplicada à educação,
plataformas autónomas de integração de internet das coisas, robôs
auto-evolutivos para companhia de humanos, sistemas de assistência médica
remota com base em biossinais, tecnologia de comunicação de ultra-alta
frequência, e sistemas de monitorização anónima hiper-conectados. Para cada uma
destas áreas prioritárias, o plano sul-coreano identifica o tipo de intervenção
pública que é necessário para impulsionar o seu desenvolvimento, fomentando a
articulação entre investigação científica e inovação empresarial.
Os EUA deixam evidentes as suas apostas prioritárias em grandes programas
federais, como o recente CHIPS and Science Act (que dedica o equivalente ao PIB
português a áreas como a produção de semicondutores, a computação quântica, a
inteligência artificial, a nanotecnologia, as energias “limpas” e as
biotecnologias) e o Inflation Reduction Act (que apoia com um orçamento ainda
maior a produção e difusão de tecnologias de ponta na área da descarbonização).
Um conjunto de agências federais americanas assegura não apenas o apoio, mas
com frequência a coordenação de esforços públicos e privados para assegurar o
desenvolvimento das áreas de aposta prioritária.
Estes são apenas alguns exemplos de práticas de planeamento e selectividade
nas políticas de investigação e inovação, prosseguidas por países com economias
avançadas, tendo em vista o desenvolvimento das suas capacidades produtivas. A
direita portuguesa chama a isto “socialismo”. Na verdade, é apenas boa política
pública.
O resto do meu texto está disponível no Público de hoje, em papel e online.
2 comentários:
Como coleccionador dos artigos do Professor RPM,lamento não ter - pelo menos - um extracto desta dimensão, do artigo do passado dia 1.JS
Portugal has 140 active planning instruments
https://www.planapp.gov.pt/wp-content/uploads/2022/10/Poster-ICEGOV-1.pdf
140 instrumentos de planeamento ativos (estratégias e planos de ação) em 2022 são suficientes, ou são necessários mais?
Enviar um comentário