A conclusão é óbvia: o Chega é um partido liberal autoritário no caminho para o fascismo. Em coerência, quer atrofiar o Estado social para dar músculo ao Estado penal, programa de resto partilhado com os liberais até dizer chega da IL. Na realidade, nunca se trata de “reduzir” o Estado, trata-se antes de mudar os interesses e os valores que o Estado protege.
Este programa de regressão, que no fundo pretende retomar e levar mais longe o trabalho sujo da troika, tem interesses, como o PCP não se cansa de sublinhar: de facto, Chega e IL são duas faces da mesma moeda, emitida pelas frações mais reacionárias do capital. É uma má moeda que entrou em circulação política, graças a Passos Coelho e ao PSD. A estratégia é sempre a mesma: trata-se de comprimir o salário direto e indireto, também por via da destruição do Estado social.
Combater estas forças brutas implica começar pela base, ou seja, pela defesa da valorização da força que trabalha, num quadro de pleno emprego. A desorganização das classes trabalhadoras, de que se aproveitam, não ajuda. Daí que Paulo Raimundo tenha sido claro: se o PS aprovar as propostas laborais comunistas, há acordo no próprio dia.
Entretanto, tem-se falado muito da presença maciça do Chega nas redes sociais. Sem descurar esta dimensão da reação, é mesmo preciso atentar na rede social mais importante e que está a montante, a do capital que é grande, a dos financiadores cada vez mais numerosos do Chega. Mariana Mortágua e o BE têm revelado os nomes, em linha com a tradição intelectual de Os Donos de Portugal: por exemplo, o Champalimaud dos CTT é um dos financiadores do Chega e daí que Ventura já tenha saído em sua defesa, mesmo que estejamos em presença de uma privatização ruinosa.
O resto do artigo pode ser lido no setenta e quatro.
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