quinta-feira, 29 de março de 2018

E se experimentássemos pensar em «rankings» diferentes?

Percebe-se que a iniciativa «Escola Amiga das Crianças», proposta pelo psicólogo Eduardo Sá e promovida pela CONFAP, pretende em certa medida superar as limitações dos rankings convencionais, construídos a partir da ordenação dos resultados dos exames.

De facto, esta nova abordagem considera aspetos menos relacionados com os processos de ensino e resultados escolares, preferindo avaliar os estabelecimentos de ensino a partir da qualidade das suas «infraestruturas» (espaços de recreio, por exemplo), da «alimentação» ou dos «projetos educativos», atribuindo um «selo de qualidade» às escolas públicas ou privadas melhor posicionadas na ordenação construída a partir desses fatores. Ou seja, trata-se de uma avaliação mais centrada na ambiência das escolas e em fatores de bem-estar dos alunos.

Deve contudo sublinhar-se que este projeto (no qual se inscreveram cerca de 800 escolas), continua a apostar - tal como os rankings convencionais - numa lógica de concorrência («ciúme saudável», nas palavras do seu mentor) que é alheia ao papel das escolas em termos de inclusão e igualdade de oportunidades, desvalorizando igualmente a importância dos contextos e, até, as genealogias e (des)vantagens de partida dos diferentes estabelecimentos de ensino. Ou seja, bem intencionada e procurando ir além das ordenações a partir dos níveis de aproveitamento escolar, a iniciativa «Escola Amiga das Crianças» continua a não responder a uma avaliação que valorize efetivamente aspetos essenciais da missão socioeducativa das escolas.

Admitindo que pudesse não ser assim, era de facto interessante que esta iniciativa incluísse, entre outros aspetos: a recolha de dados sobre o perfil socioeconómico dos alunos, permitindo identificar (e penalizar) as escolas que selecionam as crianças e jovens que as frequentam (e teríamos então, finalmente, elementos sobre as privadas nesta matéria); a obtenção de informação sobre constituição de turmas, afetação de docentes e distribuição de horários, permitindo aferir, nestes processos, a aplicação efetiva de princípios de equidade, heterogeneidade e igualdade de oportunidades; a recolha de dados relativos ao acompanhamento individualizado de alunos com maiores dificuldades de aprendizagem; ou, ainda, elementos relativos à avaliação do progresso dos alunos face à sua situação de partida. Centrando-se neste tipo de dimensões, a iniciativa «Escola Amiga das Crianças» bem poderia, nesse caso, defender a «concorrência» entre escolas e destacar, meritoriamente, as boas práticas e os melhores exemplos.

3 comentários:

Jose disse...

Onde as regras sobre a defesa da privacidade se conformam à avaliação desses contextos?
A catalogação de contextos para os alunos significa necessariamente uma diferenciação de oportunidades; é mais sensato promover a sua individualidade do que defini-lo como resultante de contexto.

Ainda se tudo resultasse em diferenciação de turmas e de pedagogias, mas aí vai-se o contexto e a individualidade e sobrepõe-se a igualdade porque sim!

Anónimo disse...

Que paleio mais sem pés nem cabeça este, deste josé.

A individualidade e mais o bla-bla da ordem. Enjoativo e enjoadinho. .

Tudo isto para esquecer a sua figura na defesa dos colégios privados mais os contratos de associação criminosos

Apanhados agora alguns passarões corruptos ligados aos interesses privados. E como sempre, alguns abutres da governança neoliberal.

É a individualidade a sobrar na gula desenfreada de tais privados

Anónimo disse...

"É mais sensato promover a sua individualidade do que defini-lo como resultante de contexto":

36 000 000

No total, aquela que já é conhecida como a "máfia dos colégios" desviou perto de 36 milhões de financiamento do Estado, no âmbito de contratos de associação – que gastaram em jantares, cruzeiros e carros de luxo

O jose gastou alguns milhares de comentários na defesa de tal máfia.

"porque sim!"?

Já todos percebemos