Antes de 2010.
Vítor Bento participou nas iniciativas do "Compromisso Portugal", organização com uma agenda marcada claramente de mudança radical do país.
2010.
Em Maio, Vítor Bento contribui - com Pedro Pitta Barros, Campos e Cunha e Vítor Gaspar - para o Projecto Farol, coordenado por Daniel Proença de Carvalho e criado pela firma Deloitte como think-tank para marcar os 40 anos de actividade em Portugal, com vista a criar uma Magna Carta Orçamental. Bento defende a urgência de uma desvalorização dos salários. Em Novembro desse ano e na sequência do seu livro “Nó cego”, defende no site das SEDES que os países do sul tinham de "convergir para o rigor alemão". Era necessário “uma enorme austeridade – porque, estando nós há 10 anos a viver cerca de 10% acima das nossas possibilidades, não poderemos deixar de, em primeiro lugar, ajustar o nosso nível de vida às nossas possibilidades”. (Leia-se igualmente a resposta aos leitores, onde Bento conclui: "Austeridade. Eu percebo a angústia, mas sem dinheiro não há outro remédio".)
2011.
Vítor Bento aparece nas sessões do movimento “Mais Sociedade” criado pelo PSD para alimentar a sua campanha eleitoral. E poucos dias depois defende a ideia de “desvalorização fiscal”, como forma de aumentar a competitividade da nossa economia. (“A ideia é uma boa ideia”). Em Outubro de 2011, já com Passos Coelho no Governo, Bento defende toda a necessidade de um ajustamento pela austeridade. "Já chegámos ao fim da linha porque não temos financiamento", por isso "não há limites para os sacrifícios", afirmou. Em Dezembro desse ano, em entrevista ao Público, Bento defende o ajustamento feito com a troika.
2012.
A 31 de Janeiro, Vítor Bento defende a ideia benigna da austeridade: Deve-se transformar a austeridade de «uma ideia de privação para uma ideia de sobriedade». Em Fevereiro, defende que Portugal não podia ser daquelas pessoas que constroem uma casa no leito de um rio e que culpa a cheia por ter lhe levado a casa. A austeridade era inevitável: “Ou sim, sou sim”, disse. (veja-se minuto 8 e 10. Em Setembro diz: “Dizem que há alternativas àausteridade, mas eu não vi – confesso que não conheço”.Na 2ª versão da desvalorização fiscal, Bento concorda com o FMI, mesmo quando a medida escassos resultados tem. Novembro: estando o equilíbrio externo restaurado, agora era necessário reduzir os custos salariais.
2013.
Janeiro, um novo livro e já com a crise do Estado Social a pairar, a mesma abordagem: «Isto foi uma etapa, mas ainda há muita volta para correr, há muita montanha para subir». Novembro: já com todos os desvios face ao plano inicial que o ajustamento vai causando: “não é devido à austeridade que a economia não cresce (como não cresceu quando não havia austeridade), mas é falta de condições de crescimento que acentua a austeridade”.
2014.
1 de Abril: face a um consenso de que a dívida pública não é pagável, Bento defende que nada deve ser dito porque só vai elevar as taxas dos mercados (minuto 8) e que o ajustamento terá de ser feito quer se queira quer não (minuto 11).
Passados cinco anos, mais de 1,2 milhões de desempregados, pobreza a subir e emigração a levar-nos mão de obra formada para os países Excedentários, Vítor Gaspar fugiu para o FMI, António Borges chegou a defender a nacionalização das PPP e agora Vítor Bento culpa os países do norte. Irá Braga de Macedo abraçar Varoufakis diante da sede do Governo grego?
PS: O Francisco Louçã chamou atenção aqui para que as mudanças de pensamento já vêm, de facto, de 2013. Fica o seu registo.
12 comentários:
Esqueceu-se de mencionar a expulsão de Bento do Novo Banco. Possivelmente o governo deu-se conta a tempo de que estava a braços com um heterodoxo...
Como as coisas estão a mudar é importante adequar o discurso, o objectivo é estarmos sempre no topo da onda. Estes ilustres deste nosso país só dizem banalidades, são de uma superficialidade constrangedora.
Oh meu deus,o Bento chegou lá. É sempre bom revisitar os livros.
Esqueceu-se da Tempo de Avançar. Foi decisiva para a mudança de postura do Bento.
É preciso,
"manter os nomes dos bois".
O Braga de Macedo também já mudou de discurso há algum tempo. Veja-se isto:
Braga de Macedo "Quanto ao aspeto orçamental, o primeiro problema não é esse. Isto é muito importante de se perceber. O primeiro problema de Portugal, que levou Portugal a pedir ajuda externa, foi o défice externo [privado]."
http://www.dinheirovivo.pt/economia/macro/interior.aspx?content_id=3923508&page=-1
Irá Braga de Macedo abraçar Varoufakis diante da sede do Governo grego?
Não... o Macedo é católico, os gregos são ortodoxos, o Varoufakis penso eu que é ateu. :)
Auateridade sem reformas estruturais nunca foi nem é boa notícia.
A palhaçada do 'tudo a todos' prossegue em bom ritmo, a função pública no seu santuário, as pensões à espera de retomarem o saque.
Só falta mesmo o retomar os brados da luta contra o capital - em espera a ver se o capital mais uma vez apaparica Grécia - para completar o quadro da estupidez plena.
Quem for de contornar os problemas, já clama por caminhos novos.
É uma tristeza muito grande ver-mos estes grandes génios da economia( uns auto-intitulados outros assim chamados por outros grandes crâneos...),a dar o dito por não dito, a dizer o contrário do que já haviam dito, enfim, a tentarem passar de falcões a pombas.
Que grandes crâneos e génios economistas estes que afinal não conseguem ver um palmo á frente do nariz.
E por causa disso, muita gente farta-se de sofrer quando era escusado.
Afinal de contas isto é tudo uma questão politica e nada mais.
Basta que os políticos se preocupem com as pessoas para que nada disto aconteça.
Espero que Vitor Bento reze 30.000 pais nossos e avés marias como castigo por todo o mal que causou ao influenciar dente como o tal Gaspar e o tal B.Macedo ( grandes crâneos desta praça, claro...).
Jose,
Os que paguem!
O José é tão esperto, tão esperto que até mete dó.
Tanta sabedoria e afinal ainda não faz parte da pandilha que nos governa.!?
Tenha calma, homem que a dizer tantras baboseiras ainda lá chegará ou não fosse o Passos Coelho um perito em recrutar Josés.
Deixem lá o Jose. O homem é coerente! Até tirou o acento em sinal de austeridade...
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