quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Realismo e sensatez

«Pode haver dor sem haver ajustamento. (...) Esta ideia de ganhar tempo, aguardando os resultados da execução orçamental do próximo ano, é - na opinião do Conselho - contrária aos interesses do país, pois na eventualidade de não serem atingidas as metas para 2013, as negociações com a troika far-se-ão numa posição de maior fragilidade. Por isso, o Conselho recomenda que o processo de negociação deva ter lugar no mais curto espaço de tempo, de forma a poder reflectir-se nas metas para 2013.» (...) [São três os pontos que é preciso rever:] redução expressiva dos juros a pagar pelo empréstimo concedido a Portugal; uma reavaliação dos prazos em relação aos períodos de amortização dos empréstimos; estabelecimento de maior equilíbrio entre austeridade e crescimento, mediante a introdução de novas e eficientes medidas fomentadoras da retoma da economia e da criação de emprego. (...) O Conselho alerta, com a maior das preocupações, para as possíveis consequências - no plano político - decorrentes das situações de desamparo, miséria, incerteza, insegurança e intranquilidade, que poderão contribuir, de forma muito grave, para situações de ruptura social.»

Excertos da declaração de Silva Peneda, na apresentação do parecer do Conselho Económico e Social sobre a Proposta de Orçamento de Estado para 2013, que mereceu a abstenção dos representantes do governo, por considerarem que «o parecer do CES, ao ignorar elementos fundamentais, apresenta uma análise desequilibrada e que não permite uma percepção correcta das escolhas que efectivamente se colocam a Portugal».

Quando se somam, dia após dia (e vindas dos mais insuspeitos sectores), as vozes que apontam para a necessidade de iniciar urgentemente uma renegociação radical do memorando, dada a crescente evidência do erro da escolha austeritária, o governo persiste - por fanatismo alienado, interesse ideológico ou simples cobardia - na sua estratégia delirante e suicidária. Depois da aprovação na generalidade, pela maioria, do Orçamento de Estado, resta esperar que Cavaco Silva dê sinais de que mora em Belém um presidente com um mínimo de sentido de patriotismo e responsabilidade. É também a ele que será entregue a Petição pela rejeição do Orçamento de Estado para 2013, promovida pelo Congresso Democrático das Alternativas e que ainda pode ser subscrita, até ao final deste mês.

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