quinta-feira, 7 de julho de 2011

O outro imposto sobre os portugueses

BCE sobe taxas de juro de referência para 1,5 por cento

Deixa lá ver se percebo. Toda a Europa embarcou, de forma mais ou menos violenta, nas políticas de austeridade, que envolvem redução, indirecta ou directa, dos salários. Entretanto, devido à especulação nos mercados de matérias-primas, o preço destas aumentou, dando origem a um ligeiro aumento da inflação na zona euro. O BCE, com o quintal da zona euro a arder, toma este aumento da inflação como o maior risco que a economia europeia enfrenta, já que poderia dar origem a uma espiral inflacionista (não se percebe como, com os salários a cair). Aumenta, por isso, as taxas de juro para reduzir o crédito na zona euro e refrear o crescimento económico (que crescimento económico?), reduzindo a procura e estabilizando os preços. Os efeitos recessivos são agravados para os países onde as famílias e empresas estão fortemente endividadas, como Portugal.

Isto parece fazer tão pouco sentido que qualquer leitor duvidará do parágrafo anterior. De certeza que existirão outros motivos para tal comportamento. Motivos mais racionais. Tem razão. O que o BCE está a fazer não é mais do que defender os interesses financeiros da zona euro, cujo principal inimigo é sempre a inflação - na medida que desvaloriza os activos financeiros -, e proteger a sobrevalorização do euro nos mercados internacionais, tornando os "investimentos" europeus em dólares mais baratos e protegendo o papel do euro enquanto moeda de reserva internacional concorrente do dólar. Talvez nunca tenha sido tão clara a divergência entre os interesses do capital financeiro e os do resto da economia.

11 comentários:

João Pedro Santos disse...

Pessoalmente concordo no essencial, ou seja que na actual conjuntura não faz sentido o BCE subir a taxa de juro.
Mas na verdade são as consequências da zona euro não ser uma zona monetária óptima. Neste momento temos uma Europa a três velocidades e um banco central que tem que aplicar uma política monetária única.

alfacinha disse...

As economias europeas divergem uma a outra. Isto é o porblema da Europa

Eu Hein? disse...

Isto já parece os gregos

Culpa minha...jámé

1,5 nas obrigações anexadas à DÍVIDA A 10 anos

dá 2,25% ao ano

já nã se perde tudo

good churrasco ó auto de café.... disse...

O que o BCE está a fazer não é mais do que defender os interesses financeiros da zona euro, cujo principal inimigo é sempre a inflação - na medida que desvaloriza os activos financeiros -, e proteger a sobrevalorização do euro nos mercados internacionais, tornando os "investimentos" europeus em dólares mais baratos e protegendo o papel do euro enquanto moeda de reserva internacional concorrente do dólar

talvez não tenha...talvez não

e da boa saúde financeira dos bancos não depende o resto da economia

Pués disse...

E ósdepois?

Os bancos tamém nã são gente?

São capazes de andar apertaditos disse...

Pessoal que pediu 500 mil euros para a casota de praia

E 80 mil pró Mercedes

é capaz de tar lixada

Anónimo disse...

A aplicação de certas medidas económicas ou financeiras na zona euro não podem ser tomadas de forma a beneficiarem uns e a prejudicarem os outros o mesmo se passa com os países não se podem adoptar medidas que prejudiquem uns para beneficiar os outros esta lógica é absurda. Temos de centrar a questão na cooperação e não na competição, têm de ser criados instrumentos que sirvam a todos sem excepção, só assim podemos construir algo realmente importante.

Pedro Veiga disse...

É mesmo disso que se trata. A política financeira serve os interesses dos negócios estritamente financeiros o resto, a economia, as empresas e as pessoas que se lixem!

Anónimo disse...

O BCE tem como principal função o controlo da inflação que deverá ser inferior a 2%. Quando aderimos ao Euro sabíamos que iria ser assim. A Alemanha esta a ter um crescimento forte, o ano passado cresceu 3.6% e tudo aponta que cresça acima de 3% este ano, os níveis de emprego estão em alta, o desemprego baixo (6.1%), dado que é o motor da economia europeia, na Alemanha existe pressão para a subida dos preços, verificando-se isso mesmo dado que tem vindo a subir este ano. Com o crescimento da Economias emergentes, principalmente a China e a Índia, temos assistido a um aumento do preço dos alimentos (a FAO estima que até 2015 estes aumentem em 30%).
O preço do petróleo apesar de ter abrandado na sua subida ainda assim se encontra num nível elevado, o brent está a 118$ quando em 2010 o preço foi +/- de 80$. Basta ir ao supermercado ou à bomba para atestar o carro, que verificamos que existe um grande aumento dos preços.
O controlo da inflação não é só positivo para a finança, mas também para o empresário e para o consumidor dado que dá estabilidade no planeamento do investimento ou do consumo.
Como assistimos nos últimos 15/20anos a uma estabilidade de preços, não achamos que a inflação seja um grande problema, mas esta tem um custos económicos enormes.
Sim mais fácil com inflação alta promover uma redução dos salários, aumentasse 10% o salário a inflação a 20%, o trabalhador fica contente porque não lhe cortaram o salário, mas é "comido" em 10% do seu poder de compra.
Este capitalismo não regulado, sem duvida que é prejudicial à sociedade, mas o maior período de crescimento foi nos golden years do pós guerra, e enquanto o capitalismo providenciou uma qualidade de vida nunca antes vista, o dito socialismo criou aquilo que se viu por de traz da cortina de ferro

Ana Paula Fitas disse...

Caro Nuno,
Fiz link... deste e de outro :))
Obrigado.
Abraço.

Anónimo disse...

O penúltimo anónimo tem razão. Aderimos ao euro, mas há quem não tenha lido os tratados. O último foi aprovado há pouco tempo.
É só sair do euro. Não custa nada.