terça-feira, 12 de julho de 2011

Quem pode confiar?

Podemos identificar dois tipos de economistas: os que discutem os problemas da economia portuguesa no quadro da zona euro e dos seus disfuncionamentos e os que, monopolizando o debate público, fingem que o nosso país pode ser pensado de forma isolada, ou seja, no quadro de regras europeias que não querem questionar porque sabem que estas favorecem o seu discurso neoliberal. Assumido pelos austeritários do bloco central, incluindo um Cavaco que no seu discurso de tomada de posse não referiu uma única vez a questão europeia, o moralismo das finanças públicas é hipócrita e equivocado, para além de ser estreito.

Será que isto está desactualizado, agora que os moralistas económicos nacionais, os da instituição de uma economia crescentemente imoral, foram obrigados a começar a descobrir a União Europeia e o euro, indicando assim que não andaram a fazer mais nada este tempo todo do que pura propaganda, com a prestimosa colaboração de demasiados editorialistas, ao serviço de uma agenda política pouco recomendável? Talvez não esteja totalmente desactualizado, já que os moralistas ainda não desistiram da austeridade, a grande oportunidade para enfraquecer ainda mais posição do trabalho que se organiza e para desmontar o Estado social, à boleia de um processo bárbaro de tentativa de correcção conjuntural dos desequilíbrios externos através da destruição económica, o que diz tudo sobre a insustentabilidade deste euro.

Os moralistas falam de promoção da confiança empresarial, quando o investimento privado colapsa, impulsionado pelos sinais dados pelo público, e até de promoção da poupança, quando o peso do crédito malparado das familias, até aqui dos mais baixos na UE, aumenta, graças ao desemprego de massas permanente e à quebra dos rendimentos. Quem pode confiar?

3 comentários:

Paulo Pereira disse...

Muito bem.

Mas é preciso denunciar o compadrio e incompetência que grassa no sector publico, que com o seu peso e desperdicio esmaga o sector privado com impostos.

Anónimo disse...

pois é...

... era em 2008 que se devia ter feito alguma coisa (TODAS aquelas que não se fizeram, para se "promover o diálogo") e agora... "o moralismo das finanças públicas é hipócrita e equivocado, para além de ser estreito" !

Mais uma vez falhámos... e mais uma vez assistimos (quase) de cátedra à implosão deste sistema (neoliberal) Capitalista e ainda vamos comentar o sistema que virá a seguir (?NeoNovoLiberalismo?): uma espécie de "falar sobre o que se devia fazer para não ter que se assumir aquilo que se pode fazer".

Esquerda Castrada!!!

...sem excepções.

procura disse...

:)) então , o BE anda com falta de procura e vai daí vocês fecham instalações e despedem funcionários ? nada solidário e socialmente responsável..deviam fazer o que recomendam às empresas : pedir um empréstimo à banca , a uns 12% ou mais de juros , e manter tudo à espera que o mercado eleitoral arrebite...
quando toca a nós , né ? os principios vão pelo cano. normal.