sexta-feira, 20 de março de 2009

A economia para além da rigidez do manual

Uma das características mais saudadas do modelo norte-americano era a sua suposta flexibilidade e ausência de rigidez. Na discussão sobre políticas públicas, como em todas as discussões, há expressões que ajudam a fixar os termos do debate e a encaminhá-lo para determinadas direcções. É o que acontece com estas duas palavras, usadas na discussão sobre a legislação laboral e sobre as regras que enquadram outros mercados. Elas já contêm em si todo um programa. Quem é que pode defender a rigidez? No entanto, a legislação laboral é considerada rígida quando, entre outras coisas, reconhece certos direitos aos trabalhadores, impõe correspondentes obrigações aos empregadores, estrutura as relações laborais de forma a que os últimos não sejam capazes de impor alguns custos sobre os primeiros, ou quando suporta determinados mecanismos de participação colectiva e de determinação das normas salariais que minimizam os desequilíbrios estruturais entre as partes contribuindo, por exemplo, para um virtuoso processo de compressão salarial. O resto do artigo pode ser lido no esquerda.

4 comentários:

Miguel Fabiana disse...

"Perante um dos mais incipientes Estados Sociais do mundo desenvolvido, o que aliás explica a medíocre performance dos EUA em matéria de indicadores sociais, os trabalhadores puderam manter os seus níveis de vida e ter acesso a muitos bens sociais vitais graças ao recurso maciço ao crédito"

A isto "eles" chamam de Capitalismo em Democracia, crescimento e melhoria de condições de vida!!!

Fantasias e Ilusões!!!

O pior é que os trabalhadores alucinados pela fantasia do crédito fácil, acharam que isto é que era "normal"...se todos faziam...desde que se usasse do "bom senso"...desde que não se caísse em "exageros"... e agora...as Fantasias financeiras neoliberais, como qualquer fantasia...seja qual for a perspectiva, transformou-se em Pesadelo - é o que dá confundir fantasia com Realidade: DOR !!!

De quem é a Responsabilidade da DOR?!? os próprios!!! MAS a Responsabilidade da fantasia não é das famílias nem dos trabalhadores... os Responsáveis pela fantasia neoliberal de uma economia de casino, baseada em ilusões financeiras, agora estão a pedir 'ajuda' aos contribuintes para conseguirem sair da insolvência e do prejuízo!

Digo isto, porque já li comentários e alarvidades que responsabilizavam as famílias pelo Subprime!...a loucura da denegação da realidade já chegou a esse nível !

Abraço,
Miguel

Pedro Viana disse...

O termo rigidez é empregado pelo impacto cognitivo negativo que tem em quem o houve. Quem pretende manipular usando o discurso formata-o cuidadosamente, de modo a associar às suas ideias, termos, conceitos e metáforas consideradas positivos pela grande maioria do seus ouvintes e o inverso para caracterizar as ideias adversárias. Esta estratégia é tão velha como o Homem, mas nunca tantos recursos foram investidos nela como nos últimos 40 anos, quando o Poder sócio-económico, recando perder o controlo após os libertadores anos 60 do século passado, investiu milhares de milhões de dólares (em particular nos EUA) na criação de "think-thanks" dedicados essencialmente a encontrar maneiras de re-formatar o discurso público. De modo a que os adversários das suas políticas (predadoras) aparecessem como contrários ao senso-comum, e contrários aos "valores do homem-comum". A introdução de termos como rigidez do emprego ou alívio fiscal (tax relief) resultam desse esforço. De tal modo teve sucesso, que a grande maioria das pessoas (inclusivé economistas) nem tem ideia que ao utilizar certos termos no seu discurso, está automaticamente a tornar o seu ouvinte (desde que igualmente ingénuo) mais propenso a aceitar certas políticas sócio-económicas em detrimento doutras.

Como já afirmei aqui, nos EUA uma ds pessoas que mais tem contribuído para desmascarar esta intensa manipulação é George Lakoff.

Anónimo disse...

Espero que não me interpretem mal. É apenas uma consideração filosófica ( ou uma coisa parecida).
Tudo correu bem até metade da humanidade ficar em casa , não foi ? havia emprego prós homens todos. Agora não há emprego pra humanidade inteira.
E se começassem a pensar numa forma justa de retribuir o trabalho doméstico ,fosse ele cumprido por homem ou mulher , pás? 200 euros pró infantário já nâo era problema. 500 pró lar também.
Ideias feitas são muito perigosas , o politicamente correcto também.
Mente aberta , ver o que correu bem no passado , transpo-lo , modificado , para o futuro , é capaz de ser boa ideia.
Isso porque eu não abdico de toda a liberdade que consegui , mas de uma pouca para o bem estar geral estou disposta a abdicar. Sobretudo porque já percebi o que corre mal. Pagamos pelo que podíamos fazer nós. E não estou certa de quem é que lucra.

Luís disse...

Mais do que abolir ou anular a dicotomia flexível/rígido (que é bom não esquecer foram trazidas prara a economia pelas ciências físicas e é lá que encontram o seu primeiro referente) vale a pena considerá-las como momentos de um todo (uma realidade) composto; consigamos estabelecer as regras, os padrões, as hierarquias; mas constatemos isso sim a simplicidade, a insufuciência de considerar como parâmetro fundamental a inclinação da recta de oferta de trabalho (a abstracção de um número; o grau do ângulo).

Reconhecer o seu poder explicativo como analogia, como conceito é ainda um postulado de comunicabilidade com esses outros que queremos contrariar!

"E viva o socialismo democrático! ou seja o ps!"