Confesso que não entendo quem diz não aceitar as imposições do BCE, sem nada dizer sobre as implicações, óbvias para todos, de tal recusa consequente – a defesa da recuperação da soberania democrática possível na esfera monetária. Até parece que esclarecer a relação directa entre uma coisa e outra é inconveniente.
Nesse caso, estou com Paulo Coimbra: o extremo-centro é que a sabe toda. Dado o fenómeno das preferências adaptativas, da acomodação prevalecente à falta de alternativas reais, mais vale então estar calado ou, quando a pressão é muita, fazer uns comentários inconsequentes sobre problemas de comunicação do BCE ou sobre a insensibilidade da sua liderança do momento. Entretanto, aproveita-se o que pinga para uma periferia que se quer conformada com transferências de recursos para o exterior, sob a forma de juros ou de lucros.
Felizmente, há simulacros políticos que não podem durar. Ou será que podem?
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