domingo, 11 de novembro de 2018

A realidade não é suave


No Público garantem que o Bloco suavizou discurso anti-Europa. Perante tal rigor ideológico, eu pergunto: será que o BE é contra uma mera expressão geográfica? Na realidade, é de União Europeia que falamos e logo do efeito da ideologia europeísta. No Público, salvo excepções, nunca tivemos direito a mais nesta área.

Por cá, o europeísmo está também ao serviço de uma narrativa: o BE está em vias de se transformar numa espécie de verdes alemães, o sonho de uma certa elite nacional dita progressista e que se imagina no centro do império. Acontece que estamos na periferia europeia e por essa razão bem material tal tipo de cooptação pode ser mais difícil. E já nem falo da cultura política socialista existente no BE, bem como da existência de outra força, o PCP, que é igualmente parte da alternativa (aliás não é por acaso que a defesa de uma regressão ideológica no BE está fortemente articulada com o discurso anti-comunista).

Na realidade, a moção da maioria parece confirmar a necessária viragem soberanista do BE - “só a recuperação de esferas fundamentais da soberania permite responder às crises” -, oriunda da convenção de 2105, em plena ressaca do golpe financeiro perpetrado pela UE na Grécia. Isto nota-se, por exemplo, no saudável distanciamento em relação ao Syriza e na constatação, na prática política, do fim dessa farsa inventada pela Comissão Europeia que são os partidos europeus.

Embora, devido às regras, as moções do BE sejam excessivamente curtas, não permitindo o desenvolvimento das hipóteses políticas formuladas, creio que esta passagem da moção da maioria é relevante e ajuda a contrariar uma narrativa que diz mais sobre a ideologia dos seus proponentes do que, e esta é a aposta de quem está de fora, sobre este partido:

“Com a capitulação dos seus defensores institucionais, desapareceram as propostas de uma reforma progressista da União Europeia. Só é possível uma política alternativa à austeridade e ao neoliberalismo na rutura com os tratados, o que implica um confronto com o diretório europeu. O balanço da chantagem europeia contra a Grécia é claro: se não dispuser de uma alternativa soberana fora do euro, um governo de esquerda, mesmo com apoio social maioritário, perde o espaço negocial e cede perante o ultimato.”

28 comentários:

Anónimo disse...

Como sempre de uma lucidez e objectividade notáveis

Jose disse...

“só a recuperação de esferas fundamentais da soberania permite responder às crises”

Esta é uma posição central da esquerdalhada, e é bem compreensível:

A cena da Revolução e das vanguardas operárias é matéria para filmografia saudosista.
Tomar o poder no capitalismo actual só explorando os seus ciclos, distribuindo na prosperidade e cavalgando as crises para 'reformas' mais estruturantes no acréscimo do poder do Estado.

Porque é disso e tão só disso que trata a soberania proclamada, acrescer o poder do Estado para que valha a pena coloniza-lo com a vanguarda comuna.

A geringonça é um degrau de acesso, mas as limitações dos acordos trariam com a tomada do poder o risco de despir a máscara que vem dando votos.

Entretanto os socialistas administram a colónia a contento da sua diligente clientela.

Jaime Santos disse...

Fica, como sempre, por explicar como será essa alternativa soberanista e quais os sacrifícios que ela implicará. Andamos desde 2012 a ouvir o mesmo discurso, no fundo, sem que se perceba quais as opções políticas detalhadas que a Esquerda propõe para nos tirar do Euro e da UE.

Antes de Janeiro de 2015, também o Syriza queria fazer a quadratura do círculo e agora é acusado de traição porque Tsipras olhou para o abismo e recusou dar o passo em frente, capitulando à intransigência de Berlim.

Como será renegociada a dívida? Como será distribuída a nova moeda? Como serão constituídas reservas de moeda forte? Quais as medidas de contingência para fazer face à pressão dos credores? E por aí a fora. Tal estudo deveria estar há muito feito pelas Esquerdas e pura e simplesmente não aparece. Restam pois os slogans e as moções.

Na falta do trabalho técnico sobra a ideologia, o último refúgio dos ingénuos, dos fanáticos e dos incompetentes... Ah, e dos cínicos que sabem que têm que repetir os chavões esperando que por entre o barulho, os outros não reparem que há muito abandonaram a ortodoxia. Valham-nos esses, que são gente razoável, que só não quer perder a face...

De notar que todas as Esquerdas que optaram por políticas expansionistas foram confrontadas, tarde ou cedo, com a austeridade e o retorno da Direita mais reacionária. Um Governo, na Venezuela, resiste mantendo o País à beira da implosão, depois do o ter transformado numa ditadura.

No fundo, o discurso desta Esquerda é esquizofrénico. Exige ao PS que rompa com a política presente em nome da dignidade e da melhoria das condições de vida das pessoas, sem nunca assumir que aquilo que propõe em alternativa obrigaria a sacrifícios que fariam os anos-do-lixo de 2011-2015 parecer, porventura, um passeio no parque.

A recuperação da soberania monetária é um objetivo político tão legítimo como qualquer outro. Prometer que tal pode ser feito sem provocar uma grande crise não passa de demagogia...

Anónimo disse...

Não passa de demagogia porque...? Diga lá.

Anónimo disse...

Já percebemos

JS prefere as grilhetas de Bruxelas enquanto alegremente vê que vamos caminhando para a boca do leão

Fala em esquizofrenia? O problema é bem maior do que estes diagnósticos da treta

Anónimo disse...

A realidade não é mesmo suave.

A prova que estamos numa guerra sem quartel é a forma como a serpente saída do ovo vai mostrando mais a sua face.

Sinais dos tempos e imitações patéticas de bolsonaro?

Isso com toda a certeza. Mas bem pior do que isso. Agora até escutamos tentativas de menorização da Noite de Cristal.

A atitude patibular dum certo patronato que nunca perdoou que lhe tenham tirado provisoriamente a condução do reino e do seu direito ao saque

Anónimo disse...

"“só a recuperação de esferas fundamentais da soberania permite responder às crises”"

Uma frase lapidar.

Percebe-se que os vende-pátrias vulgares se levantem contra esta. Para espanto dos que, desconhecendo os factos actuais , estranham as posições dos que outrora abraçavam a guerra e as pilhagens coloniais.

Mudam-se os tempos, permanece o desejo pelo saque e pelo lucro . Custe o que custar.


Anónimo disse...

"A cena da Revolução e das vanguardas operárias é matéria para filmografia saudosista."

Matéria para filmografia saudosista?

Este tipo assume que não quer ver de novo a cena dos seus amados pides, descompostos e com líquidos orgânicos espalhados pelas calças nos heróicos tempos de Abril?

Era o que mais faltava. Pode jose ficar sossegado que o seu ídolo, um tal Francis Fukuyama já veio protelar o fim da história e falar que afinal Marx.

Estes desejos húmidos transformados em certezas são idiotas. Mesmo que senis

Anónimo disse...

"Tomar o poder no capitalismo actual só explorando os seus ciclos..."

Agora é a idiotia que entra de forma desabrida e sem pudor pelo texto adentro.

Tomar o poder só explorando os seus ciclos? Aqueles descritos por Marx?

Mais uma vez Marx no encalce dos disparates de jose. Afinal o Capital não está assim tão seguro de si. E vemos jose a choramingar pelo medo da exploração dos ciclos que afinal não são mais do que os resultados da trampa para o qual o capitalismo nos conduziu.


Mas jose vai mais longe. Já não lhe basta o cheiro de qualquer coisa que tenha a ver com socialismo. Ouçamo-lo:

"distribuindo na prosperidade "

Percebe-se que a escrita lhe tenha fugido para a verdade. A prosperidade está reservada para os gordos e luzidios usurpadores da riqueza,os tais 1% que nesciamente se esbodegam na riqueza e na vampiragem. E é contra a possibilidade da prosperidade poder ser distribuída por quem trabalha, que motiva esta persistente e tenaz manifestação solidária de jose perante os que mais têm

Os tais obesos, lustrosos e ventrudos que acumulam a riqueza cumprem outra lei de Marx. Podem-se ver alguns até no ginásio, despejando as banhas e prosperando no ócio das classes possidentes

São as odes aos DDT e aos

Anónimo disse...

Agora é a hipocrisia que toma o passo:

"cavalgando as crises para 'reformas' mais estruturantes no acréscimo do poder do Estado."

O poder do estado reivindicado por jose para matar e morrer na guerra colonial?

O poder do estado para reprimir reivindicações do trabalho?

Ou a ausência do poder do estado para que o direito do mais forte continue na sua actividade predadora criminosa?

Mais uma vez as ligações estreitas entre o fascismo e o neoliberalismo

Anónimo disse...

Porque é disso e tão só disso que trata quem defende a perda da soberania

A concentração do Capital assim o exige. A procura do lucro acima de todas as coisas assim o determina. A concentração da prosperidade em meia dúzia de mãos assim o obriga.

Pelo credo ideológico destes, essa coisa de soberania é mesmo para a vanguarda comuna ou qualquer coisa assim do género

Se existissem comunas na altura do miguel de vasconcelos era um discurso assim deste género que o traidor debitaria.

Manter o status quo. E sonhar com a vinda de passos, montado no diabo ou travestido de bolsonaro

S.T. disse...

Eu só queria fazer notar ao Sr Jaime Santos que não vai ser preciso "plano de saída do euro".

Os planos que deveriam estar a ser traçados é para melhor aproveitar o inevitável "descasca banana" do euro.

Isto porque tudo aponta para que a evolução da economia mundial dite a sentença de morte do euro e da EMU.

Passo a explicar:

A guerra comercial entre os USA e a China não visa só a precipitar uma crise que destabilize a economia chinesa e sirva o objetivo geostratégico de conter o crescimento chinês enquanto potencia mundial. Visa também, embora de maneira mais discreta colocar em dificuldades as economias dos BRICS e indirectamente punir a Alemanha pelos escandalosos superávits da sua balança comercial com os Estados Unidos.

Como é que isso se processa? A subida das taxas de juro nos EUA e os cortes de impostos destinam-se a fazer afluir os capitais aos USA. Como consequência todas as economias que se endividaram em dolares agora têm que os pagar com língua de palmo porque o afluxo de capitais aos USA provoca a valorização da notinha verde. Os BRICS e as economias emergentes já estão a apanhar pela medida grande.

A China está a braços com uma enooooorrme bolha de crédito.

O Brasil está mesmo a pôr-se a jeito de uma monumental recessão.

O Irão está de novo sob sanções na esperança de que isso provoque uma mudança de regime.

A Rússia apesar de também estar sob sanções já tem muita rodagem em resistir a estas marés.

A Turquia redefiniu os seus alinhamentos e utilizou uns vouchers políticos que tinha para conseguir financiamentos.

E de um modo geral todos os emergentes cerram os dentes e aguentam-se o melhor que conseguem.

A Argentina está outra vez sob assistência do FMI.

O Paquistão está a ser financiado pela China em função do BRI Belt and Road Initiative (nova rota da seda), e não exclui recorrer ao FMI.

Como é que este cenário afecta a zona euro?

Simples, como subir as taxas de juro rebentava com as dívidas de metade da EMU, o ECB tem que assistir passivamente ao fugir dos capitais para os USA.

Quem vai ser mais afetado? Surpresa! Os mais afectados vão ser os países exportadores porque se os mercados importadores se contraem não há compradores para o que os exportadores produzem e a crise entra-lhes pela porta dentro. E quanto mais dependentes das exportações maior será a recessão.

Merkel dentro da cabine de pilotagem já está a ouvir o aviso "Stall!-Stall!-Stall!-Stall!-Stall!".

E por acaso ninguém reparou que a Itália está isenta das sanções ao Irão, podendo continuar a comprar petróleo que até é capaz de ter um simpático desconto? LOL

Portanto o jogo agora é ver quem é que se aguenta na balanço. A EMU, visto que o ECB já não tem balas para a bazooka nada poderá fazer. Ora, se a política monetária nada pode fazer resta ou sacrificar a vaca sagrada da austeridade fiscal ou dissolver o mais ordenadamente possível a EMU. Em qualquer dos casos os sectores exportadores da Alemanha perdem.

No meio disso tudo o Sr Macron, que não é muito versado em diplomacia, afirmou a necessidade de constituir um exército europeu para se defender da Rússia e dos USA. Claro que já teve que engolir a sua incompetência.

Portanto os planos que deveriam estar a ser feitos é para como é que se vai passar por estes enoooormes apertos com o mínimo de danos possíveis.

Como diz um certo economista, Kapish, Jaime Santos? Não é o BE que tem que fazer planos para uma saída do euro, é como é que o PS, que por acaso é governo, vai gerir as perturbações que inevitávelmente aí vêm. Duvido que tenham pensado sériamente no assunto.

S.T.

S.T. disse...

Como é que este cenário se articula com a nossa política "doméstica"?

Eu diria que a situação é e vai de uma monumental ironia. As mudanças que por aí vêm não são especialmente desejadas pelo PS nem existe qualquer preparação conceptual para as integrar.

Por outro lado o BE tem a preparação conceptual mas não tem o peso eleitoral necessário para ser um actor determinante e duvido que tenha a flexibilidade suficiente para assumir o pragmatismo que garantiria o sucesso.

É como no Feiticeiro de Oz: O PS é uma espécie de leão cobarde, o PCP só pode ser o espantalho e o BE deve ser o homem de lata. Será que como diz Dorothy percebem que "We are not in Kansas anymore, Toto!"? Vai ser preciso abdicar de muitos clichés e ortodoxias.

Se a esquerda não fôr bem sucedida em tornar-se "apresentável" e coerente, a mudança será protagonizada por uma direita que tudo fará para desvirtuar e sabotar o processo.

Isto é como eu perspectivo o futuro, mas admito que talvez não tenha um conhecimento suficientemente profundo de "política doméstica" e dos personagens envolvidos.

S.T.

Jose disse...

O problema com os colecionadores de informação económica é raramente saberem o que fazer com ela.

Um princípio está sempre presente: tudo é preferível a colocar os cidadãos face à realidade; e nada como o engano da manipulação monetária para contar uma historieta ao povinho.

Anónimo disse...

Ainda bem que o BE está a largar o discurso anti-europa! Essa ideia de "recortar" o país da península, torná-lo uma ilha e empurrá-la com os devidos propulsores para outro continente, deslizando o Atlântico, não é uma ideia muito inteligente.

S.T. disse...

Este artigo corrobora a análise que transmiti segundo a qual há da parte do Sr Trump a intenção deliberada de punir os batoteiros cambiais alemães que dão origem a enormes deficits comeriais:

https://www.zerohedge.com/news/2018-11-12/auto-stocks-slide-reports-us-car-import-probe-advancing

"Furthermore, European Commission President Jean-Claude Juncker said Monday that Europe's avoidance of US car import tariffs might not last past the end of the year."

"Além disso, o presidente da Comissão Européia, Jean-Claude Juncker, disse na segunda-feira que a escapatória da Europa às tarifas dos EUA de importação de carros pode não durar até o final do ano."

S.T.

S.T. disse...

O Soberanismo não consiste em "recortar" coisíssima nenhuma. Aliás, no caso presente a única coisa sensata que há a fazer é evitar fazer disparates.

A pega do touro vai ser feita pelo governo italiano. A Portugal caberá, quando muito a função de rabejador. Não é que eu seja muito pelas touradas, mas a alegoria serve para o presente.

Como Álvaro Cunhal descobriu em 74/75 os países não existem num vazio geoestratégico. Isso coloca constrangimentos de facto ao espectro de políticas que um qualquer governo pode implementar com sucesso. Portugal provávelmente pagaria um alto preço se tentasse desafiar o hegemon regional que neste caso é a Alemanha. O caso da Grécia é prenhe de lições sobre a brutalidade do neocolonialismo do eixo Berlim-Bruxelas-Frankfurt.

Só que com a Itália o caso é completamente diferente. A Itália é um contribuinte liquido para o orçamento da EU. Depois é a terceira economia do euro. E a dívida pública italiana está disseminada por todo o sistema bancário da eurozona. Se a Itália redenomina a sua dívida em liras o sistema bancário europeu desmorona-se como um castelo de cartas.

Debate em francês:

(Sem legendas, só para francófonos)

https://www.les-crises.fr/interdit-dinterdire-face-a-face-historique-bruxelles-rome-jusquou-cela-peut-il-aller/

E um compte-rendu do coloquio da associação A/Simetrie, havido o fim de semana passado. Chama-se muito justamente "La danse de mort entre Rome et Bruxelles":

/www.les-crises.fr/russeurope-en-exil-la-danse-de-mort-entre-rome-et-bruxelles-par-jacques-sapir/

Tiragostos no comentário seguinte

S.T.

S.T. disse...

"La danse de mort entre Rome et Bruxelles":

/www.les-crises.fr/russeurope-en-exil-la-danse-de-mort-entre-rome-et-bruxelles-par-jacques-sapir/

Tiragostos:

"...l’intervention de Stefano Fassina a marqué l’assistance. Son intervention fut centrée sur l’impérieuse nécessité de la souveraineté afin de redonner une possibilité d’existence aux luttes sociales, et sur le fait que ces luttes sociales sont en dernière instance la seule garantie qu’ont les classes populaires que leurs intérêts soient pris en compte."

"... a intervenção de Stefano Fassina marcou o público. A sua intervenção centrou-se na necessidade imperativa de soberania, a fim de restituir a possibilidade de existência às lutas sociais, e no fato de que essas lutas sociais são, em última instância, a única garantia que as classes populares têm de que os seus interesses são tidos em conta."

"De fait, la situation est fondamentalement différente de celle de la Grèce en 2015. D’une part parce que l’Italie est un pays contributeur net au budget de l’UE. L’Italie, de fait, n’a pas besoin de l’argent européen puisqu’elle donne plus qu’elle ne reçoit. L’Italie est en fait en position de force face à l’UE. Mais, le gouvernement italien cherche, à l’évidence, à faire peser le poids de la rupture sur Bruxelles. C’est pourquoi, il évite toute déclaration inutilement provocatrice et cherche à obtenir un « compromis », tout en sachant pertinemment que Bruxelles le refusera. Le gouvernement italien et Bruxelles sont donc engagés dans une étrange danse : Rome est prêt à céder sur des détails, mais pas sur le fond alors que Bruxelles veut obtenir une capitulation totale du gouvernement italien, mais sait aussi qu’en cas de conflit ouvert les conséquences de ce conflit pourraient être désastreuses pour l’ensemble de l’Union européenne."

"De facto, a situação é fundamentalmente diferente da da Grécia em 2015. Em primeiro lugar, porque a Itália é um contribuinte líquido para o orçamento da UE, a Itália não precisa do dinheiro da Europa, porque dá mais do que recebe. "A Itália está realmente em posição de força face à UE, mas o governo italiano está, obviamente, a tentar fazer recair o peso da ruptura sobre Bruxelas, portanto, evita declarações desnecessariamente provocatórias e está à procura de um "compromisso", sabendo muito bem que Bruxelas o irá recusar o governo italiano e Bruxelas estão, portanto, envolvidos numa estranha dança. Roma está pronta a ceder nos detalhes, mas não no fundo, enquanto Bruxelas quer uma capitulação total do governo italiano, mas também sabe que em caso de conflito aberto as consequências deste conflito poderiam ser desastrosas para o conjunto da União Europeia . "

Apenas uma curta nota: Há muito se sabe que a desmontagem ordenada do monumental erro do euro deve começar pela retirada da Alemanha. Para bem de toda a EU deveria ser por aí que se deveria começar.

Os bolds foram introduzidos por mim.
S.T.

Anónimo disse...

Vê-se algum pânico nesse tal jose por se pretender dar informação acessível às pessoas.

Sobretudo económica

Nada como contar a historieta da treta de aldrabões sem escrúpulos sobre a austeridade uberalles e o diabo a aparecer

Entretanto continuam na engorda.

E depois ginásio que lhes fica tão bem

Anónimo disse...

22 e 08:

Não ê uma ideia muito inteligente basear-se nos artigos das laranjas do público e não ler este post. Até ao fim

Pensando bem, não é uma questão de inteligência. Ê algo pior

Se bem que em matéria de intelecto...

Jose disse...

«...necessidade imperativa de soberania, a fim de restituir a possibilidade de existência às lutas sociais, …»

Porreiro, pá!
Agora as lutas sociais são para serem satisfeitas com despesa pública.
Essa treta da luta de classes dá uma trabalheira do caraças; nada como despejar notas para cima do povinho; a seguir desvaloriza-se o papel e a coisa fica equilibrada; e a luta continua com excelentes novas oportunidades de manifestação.
E quem temos na liderança de tão excitante projecto? Queridos líderes que tanto podem ser de direita como de esquerda, desde que deem possibilidade de existência às lutas sociais.
Provavelmente serão de direita, que os de esquerda sempre complicam o que é simples.
É a festa, pá!

S.T. disse...

É grato saber que a informação que transmitimos é apreciada.

Continuando no mesmo registo venho propor mais um link, desta feita com muitos elementos técnicos mas cujos gráficos permitem perceber num relance os efeitos da paranóia chamada euro.

Trata-se de uma página de Ashoka Mody na Universidade de Princeton, com montes de pdf, de que eu só vi o primeiro mas dada a riqueza de conteúdo confio que os outros sejam igualmente bons.

https://scholar.princeton.edu/amody/presentations-0

Talvez de maior utilidade para economistas, mas a primeira apresentação pareceu-me bastante acessível. Com uma particularidade interessante: há um link (figures) para as figuras de cada pdf em formato .xlsx que assim podem ser utilizadas noutros sítios para ilustrar a desgraceira que é o euro.

Divirtam-se!
S.T.

S.T. disse...

Também há links para uns bons videos mas para os apreciar é necessário domínio do inglês falado:

https://scholar.princeton.edu/amody/youtube-book-talks

S.T.

Anónimo disse...

Porreiro pá?

Essa não era a expressão usada por um político neoliberal?
Agora jose também o imita?

Os bons exemplos sao para imitar

Anónimo disse...

Infelizmente depois este mesmo jose adorna. Disparata mesmo. Fala de luta de classes de uma forma imbecil. Podia-o fazer com um pouco mais de nível. Infelizmente o desbragamento e a crispação levam-no a tais comportamentos um pouco histéricos

Essa coisa de lutas sociais até lhe causam vertigens e sabemos que usa os sais nessas ocasiões

(Adivinham-se as saudades dos tempos em que as garras estendida do sacana do outro tentavam impedir essas lutas )

Quanto às notinhas, adivinha-se que estas são para acumular no ventre obeso dos do costume. Houve por aí um destes que ainda há pouco o confessou, naquela forma de vampiro em tirocínio

Anónimo disse...

“ desde que dêem possibilidade de existência às lutas sociais’

É um escândalo que dêem possibilidade a essas coisas...

Esquerda? Direita?

Qual carapuça. Isso é manifestamente curto

Por isso o branqueamento das Noites de Cristal. Resolviam essas minudencias durante algum tempo

S.T. disse...

Continuando com textos de Ashoka Mody, saiu há quase uma semana no Independent um artigo em que compara Macron com Renzi.

Recorde-se que tanto Renzi como Macron foram intensamente promovidos pela propaganda europeísta com base na sua juventude e pouco mais do que slogans ocos e esperança.

No texto Ashoka Mody analisa como Renzi defraudou as esperanças dos italianos e como Macron segue na mesma senda. Como alguém já disse em bom português são "estrelas a despontar para o anonimato", verdadeiros epifenómenos artificialmente promovidos pelas elites europeístas para prolongarem o mais que puderem o seu domínio da vida política dos países da EU.

https://www.independent.co.uk/news/business/comment/eurozone-macron-france-italy-matteo-renzi-finance-economy-ecb-imf-a8629651.html

"...Francois Hollande, was humiliated in the European parliamentary elections in 2014, a setback from which he never recovered. The looming European parliamentary elections in May 2019 – on which Macron has set such great store – could prove his undoing."

"... François Hollande, foi humilhado nas eleições para o Parlamento Europeu em 2014, um revés do qual nunca se recuperou. As iminentes eleições parlamentares européias em maio de 2019 - às quais Macron tem dado tanta importância - poderiam provar ser a sua ruína."

O apoio a Macron esboroa-se continuamente à medida que vai aplicando a sua agenda neoliberal em detrimento dos interesses gerais do povo francês. O seu índice de opiniões favoráveis já está abaixo de 30% e não pára de descer. E apesar de ter uma maioria parlamentar que o apoia, está a ser abandonado por muitas figuras que o apoiaram. Isso prefigura, a meu ver, que muitas das figuras políticas conservadoras francesas tomem as suas distâncias para não serem contaminadas pela sua impopularidade em futuras eleições.

Recordo também que os populistas italianos põem igual ênfase nas Europeias de 2019, que são vistas por muitos como um palco privilegiado para os povos europeus mostrarem o seu descontentamento, votando por partidos eurocépticos à esquerda e à direita.

S.T.

S.T. disse...

Para quem domine o francês falado proponho um video de Emmanuel Todd (via Les Crises)

https://www.les-crises.fr/conference-gambetta-leurope-selon-emmanuel-todd/

Ou directamente no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?time_continue=1408&v=Y9cUYnEZAxA

Interessante sobretudo para quem se interesse pela história e antropologia da Europa, do euro e da política europeia.

Com as presenças de Coralie Delaume e Arnaud Montebourg.

Aviso: É uma conferência e é longo. 2h 16m.

S.T.