sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O princípio do fim - parte 2

Na sua coluna de opinião no jornal britânico The Telegraph, Abrose Evans-Pritchard deu a conhecer o "sentimento" de um operador do mercado financeiro:

"Angela Merkel não vai assinar por baixo enquanto não tiver corrido muito sangue no mercado das obrigações, e é vista [pelos especuladores] como não dispondo de qualquer saída. O mercado continuará a vender até que as ‘yields’ [taxas de juro implícitas nas transacções do mercado secundário] das obrigações de Espanha e Itália (e talvez também da Bélgica e França) atinjam níveis ‘suficientemente horrorosos’."

E o artigo de Evans-Pritchard conclui:

"Uma União Orçamental – com obrigações-euro, um Tesouro da UE na prática, e dívida pública da União – representa um enorme avanço político. Na Alemanha não há apoio popular para o que acabaria por ser o fim do estado-nação, e a senhora Merkel ainda não mexeu uma palha para preparar o terreno. Esse salto exigiria um novo Tratado da UE aprovado por todos os membros. É bem provável que a Alemanha possa chegar à conclusão que, tendo integrado os seus irmãos de Leste com um custo exorbitante, agora não consegue assumir o mesmo encargo para uma área seis vezes maior."

De facto, parece pouco provável que a senhora Merkel desrespeite frontalmente as regras do Tratado para salvar este euro. E qualquer solução inter-governamental através de uma continuada "interpretação flexível" de alguns artigos do Tratado apenas adiará o problema por mais algumas semanas. Em linha com o que aqui escrevi em 2009 (ver I, II), já estivemos mais longe do fim da moeda única.

1 comentário:

Anónimo disse...

Espalhem a notícia, e com regozijo, porque os efeitos não tardam, aliás já estão aí. Já há emigrantes que estão a retirar as poupanças dos bancos cá da Choldra e repô-las na Alemanha, Suíça, França etc. Entre os residentes, não falo da alta finança, murmura-se sobre a viabilidade de resgatar depósito e outros "activos" e colocar o dinheiro a salvo. Talvez, então, como já tenho visto defender, não reste outra hipótese que pedir como já o têm feito outros uma qq forma de perdão, reestruturação ou seja lá o que for mas, e no dia seguinte, como vai ser paga o petróleo, e o trigo para as carcaças, e a soja para a bicharada e os medicamentos patenteados etc etc . hum? Têm resposta?

Bem poderão dizer que, pelo menos, mantemos a nossa independência de 9 séculos e no fim de contas haverá sempre quem não esteja pior, pensaremos na Guiné no Burundi, na Somália etc etc e poderemos esperar alguma solidariedade dos irmãos de Cabo-Verde.

LUGO