domingo, 19 de dezembro de 2010
Flexinsegurança
Como ilustra este gráfico, quanto maior é a centralização da negociação salarial entre patrões e sindicatos menores tendem a ser as desigualdades salariais. O “fórum”, que substitui o “mercado”, ou seja, a correlação de forças dentro de cada empresa, é sempre mais igualitário. A ideia liberal do governo – “pretende-se aumentar a competitividade do mercado de trabalho, através da adopção de mecanismos de descentralização da contratação colectiva, privilegiando a negociação de base empresarial” – é parte da política de fragilização dos sindicatos, de aumento da discricionariedade patronal, empresa a empresa, e de aumento das desigualdades salariais. O sucesso laboral do “modelo nórdico” assentou em instituições de negociação colectiva facilitadas por elevadas taxas de sindicalização. Isto também favoreceu coligações em defesa do Estado social universal. Este é o segredo do seu relativo igualitarismo. A Dinamarca, por exemplo, com metade das desigualdades salariais de Portugal, gastava, em 2007, 45 000 euros por desempregado; Portugal gastava 8 000 (valores ajustados ao poder de compra). Por isso é que o ex-primeiro ministro dinamarquês Poul Rasmussen, o da flexisegurança, deixou um aviso sensato quando esteve em Portugal: “Se em Portugal decidem de um dia para o outro cortar a protecção laboral, arriscam-se a que tudo o resto não se chegue a realizar. E os empregos precários tornam-se na regra da economia”. Reduzir direitos laborais e cortar nas prestações sociais é a receita para o desastre laboral, gerando os incentivos para uma variedade de capitalismo cada vez medíocre. A constelação de instituições e de políticas que geram empregos decentes, apontada pelo economista do trabalho David Howell, fica cada vez mais distante. De resto, os países com estruturas negociais mais robustas, mecanismos de partilha e maior protecção laboral e social dos trabalhadores parecem ter aguentado melhor o embate destrutivo da crise em termos de emprego.
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3 comentários:
O sindicalismo em Portugal foi ferido de morte, e pelas costas.
Não aconteceu com derrotas sucessivas em mesas de negociações mas pela legalização do trabalho sem contrato do tipo biscate.
A instituição (casa-mãe francesa) em que trabalhava estabeleceu como objectivos para a divisão de recursos humanos a redução de custos e encontraram na precariedade legal via ETTs o meio para o fazer. Tudo para a rua e/ou substituídos pela "jorna" verde.
O meu vizinho da frente, motorista rodoviário agora na mão de um consórcio alemão de 300k trabalhadores trabalha à jorna por 50€, sem papéis, contribuições, etc.
Estes países exemplares podem sê-lo de onde vêem mas não resistem à impunidade tuga. O seres humanos são todos iguais.
Sindicalizarmo-nos e unirmo-nos? Como? Conseguiram destruir a coesão e empatia de toda uma geração sub-35 e criar um esquema de "todos-contra-todos" em que se alguém não aceita um trabalho de 600€/9h dia algum outro o aceitará.
Hoje haviam menos de 85.000 ofertas de trabalho em todos os centros do IEFP. Somos 600.000.
O que o Rasmussen näo entendeu (porque a sua mentalidade nórdica näo entendeu mesmo sendo de direita) é que o objectivo näo é a flexisegurança, é mesmo a flexiexploraçäo de quem trabalha.
"Conseguiram destruir a coesão e empatia de toda uma geração sub-35 e criar um esquema de "todos-contra-todos" em que se alguém não aceita um trabalho de 600€/9h dia algum outro o aceitará."
Mas isso näo é de agora. Esse é o "estado natural" do português, só vê um palmo à frente dos olhos, e desconfia até da própria sombra! O conceito de "bem colectivo" em Portugal equivale a "quanto posso levar para os outros näo o poderem fazer?", sem pensar nas consequências. No Norte da Europa pensa-se a longo prazo, e é-se sensato nas negociaçöes.
Se *todos* recusassem esses trabalhos-lixo claro que o patronato teria de pagar mais, como faz em França ou na Alemanha. As empresas jogam com o quadro legal, e näo por caridade: paga-se sempre o mínimo possível, se o quadro legal deixa explorar e os trabalhadores näo se queixam, tanto melhor.
"Sindicalizarmo-nos e unirmo-nos? Como?"
Se necessário, criando um sindicato próprio!!! E já agora, votando contra quem aprova leis de precaridade laboral!
Ah, mas no Norte da Europa já se anda a abandonar o "modelo nórdico"! Pois é, e viu-se o resultado na Isländia em 2008, e em como resolveram (voltar ao modelo nórdico). E assim acontecerá na Suécia de 2012 e Finländia 2013, querem apostar? É que quem tem algo a perder mexe-se! Os portugueses, entretanto só têm a perder... o medo, que mais nada têm!
É vergonhoso o que se está a passar em Portugal pela mão do chamado Partido Socialista.
Como é que possivel que um partido que tantas e tantas malfeitorias tem feito( até bem piores do que as feitas pelo PSD e pelo CDS)ainda não se levantou, ainda não se rebelou contra os bandalhos que nele mandam e contra as suas politicas, que são nem mais nem menos que suicidas para o partido mas criminosas para o país.!?.
Não consigo entender a não ser pelo grande clientelismo(jobs for the boys) criado pelo Socrates e cª.
Pobre país este cujos cidadãos servem apenas e tão só para serem explorados sem dó nem piedade.
É revoltante, nojento e miserável o que estes partidos do dito arco do poder têm feito de mal neste país.
A chamada flexisegurança é mais uma das patifarias.
Mas porque é que estes bandidos não vão flexisegurar a valente puta que os pariu.
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