Um dos problemas já apontados é de ordem técnica: é muito difícil identificar estas operações nos balanços (segundo a The Economist, menos de 5% dos ganhos da generalidade dos grandes bancos é atribuída a estas operações). O insuspeito editor de economia do Financial Times, Martin Wolf, aponta esta “regra”como insuficiente e pede que “se os governos estão, de facto, comprometidos com reformas estruturais, elas precisam de ser substancialmente mais radicais.” Como temos sido acusados de manipulação e desonestidade nas referências ao jornalista, espero explicações vindas da seita liberal nacional. Mas desta vez ao menos apontem exactamente onde está a manipulação e deixem-se das referências ideológicas genéricas e não linkadas (daí a minha não reciprocidade).
“Fait-divers” da blogoesfera à parte, vale a pena pensar mais profundamente sobre a timidez destas propostas. Este artigo do economista Jan Kregel, sobre a história e subsequente erosão e reversão do Glass-Steagall Act, fornece importantes e estimulantes pistas para pensar uma nova arquitectura do sistema financeiro. Para Kregel, tentar voltar ao regime legal criado nos anos trinta é inútil. Uma das alternativas a pensar seria tratar o serviço de captação de depósitos como serviço público, criando instituições financeiras públicas que se dediquem à actividade bancária tal como a aprendemos na escola, funcionando com uma nova estrutura de incentivos: a liquidez criada pelos bancos estaria restringida aos depósitos dos clientes, deixando de fora todos os complexos instrumentos da banca de investimento, que não beneficiriam de qualquer garantia pública. Como o próprio Kregel assume, estas propostas estão longe de resolver alguns dos paradoxos da finança. Pelo menos, são bons pontos de partida para uma reforma mais estrutural.
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