sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Não sei se ria, se chore


Bem sei que a reputação da Economia, da profissão de economista e se calhar de professor de economia já conheceu melhores dias. O público desconfia e com razão. Mas nem eu, que em matéria de economistas e de professores de Economia pensava já ter visto o pior, posso deixar de me escandalizar com o caso mais recente: Carlos Santos, professor de Economia na Universidade Católica.

Entrado de rompante no espaço público como crítico da ortodoxia económica e do neo-liberalismo este professor acabou de ultrapassar o FMI pela extrema-direita. Continua coerente numa coisa: é um crítico do FMI.

O problema não é mudar de ideias… a velocidade e a extensão da mudança é que atordoam. Comparem só o Carlos Santos de 25 de Outubro passado com o de 26 de Fevereiro.

Não sei se há explicação para tão estranho fenómeno, nem me interessa. Só sei que é por estas e por outras que as pessoas têm boas razões para desconfiar de economistas que passam a vida a puxar dos galões científicos para impingir opiniões que o vento leva na primeira guinada.

Várias vezes citamos e linkamos este professor de Economia no Ladrões. Desculpem, não sabíamos que eram opiniões que variavam ao sabor da cotação dos CDSs.

20 comentários:

CS disse...

Respondido, no que toca à parte científica, que neste post contem erros a mais. Na parte pessoal, não faço debates desse teor na blogosfera.
Carlos Santos

Anónimo disse...

O autor do texto deve saber que há condições para escrever no 'i'. Perguntam ao Paulo Pinto Mascarenhas.

José M. Castro Caldas disse...

Parte científica? Erros? Pessoal? Nada de pessoal. Desculpas aos leitores dos ladrões. Apenas.

Anónimo disse...

Eu sempre disse que "isso" de estudar dava cabo da mona...

Anónimo disse...

É verdadeiramente inacreditável a comparação dos dois pronuncimentos deste "sábio". Pura esquizofrenia intelectual? Simples oportunismo ideológico? Ou apenas manifestação do subdesenvolvimento da academia nacional?

Nuno disse...

Enfim,palavras para quê?Particularmente anedótico vindo dum professor!Mais valia escolher outra profissão! Cartão vermelho,e já;)

José M. Castro Caldas disse...

Enquanto espero que Prof. Carlos Santos emende um post que lá tem no blog e publique o comentário que lá tentei pôr. Aqui fica mais uma leitura: http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/07/acabar-com-o-salario-minimo-diz-agenda.html
Depois disso é instrutivo fazer uma pesquisa em “Hayek” no “Valor das Ideias”. Isso basta. Ficamos por aqui.

Anónimo disse...

Esse dito Carlos Santos é um charlatão da pior espécie... Ouvi dizer que traiu os seus pares em troca de uns sestércios oferecidos pelo PPM... Já tratei de escrever uma carta para a Universidade Católica a denunciá-lo porque queria divulgar uns documentos comprometedores para a Igreja Católica... Muito triste...

Sérgio Pinto disse...

José Castro Caldas,

Depois de boquiaberto pela mudança, segui o seu conselho e fiz uma pesquisa com "Hayek". Tropecei logo neste texto:

Faz assim eco da prosápia de Van Zeller! JMF tornou-se o novo representante do patronato português. E não se coibe de dizer, num momento em que Campos e Cunha alerta para o perigo de deflação (os tais economistas do outro manifesto já alertavam muito antes), que Ana André deve exigir contenções salariais ou mesmo congelamento de salários! JMF transformado em António Borges. Ele acha que num país onde o salário médio é de 700 Euros se podem fazer coisas destas. A sua consciência social está ao nível zero.
(...)
Expliquem isto a JMF, que saltou para Hayek sem ler os economistas sérios.


http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/10/o-epitafio-de-jose-manuel-fernandes-no.html

Este indivíduo é o mesmo que, a 24 de Fevereiro, escreveu um post intitulado "Demonstrando a necessidade de redução salarial". Como o "episódio João Galamba" já tinha demonstrado, há gente sem qualquer vestígio de coluna vertebral, capaz de tudo por um tacho. Triste, muito triste. E é gente que temos como professores universitários...

Anónimo disse...

http://www.google.pt/search?q=%22diana+mantra%22

nanda disse...

Pois eu diria:
Erros ortográficos e gramaticais: afinal há professores que desprestigiam a língua portuguesa

José M. Castro Caldas disse...

Enquanto continuo à espera que o post no blog do Prof. Carlos Santos seja corrigido e que o meu singelo comentário passe no filtro, um minuto mais para continuar a antologia iniciada por Sérgio Pinto.

Agora que o Prof. Carlos Santos virou austríaco vejamos o que é um Prof. Carlos Santos a discutir com outro Prof. Carlos Santos:
1) A sua economia é apolítica e é muito feio falar a seu propósito de “extrema direita” … Dizia o Prof. Carlos Santos:
“Para quem duvida que haja quem se oponha à existência de um salário mínimo nacional, administrativamente definido, e ache que o termo "neoliberal" é uma criação de esquerda, porque ninguém de bom senso defenderia tal absurdo, o alinhamento dos economistas Friedman e Hayek num programa político, testado na ditadura de Pinochet, no Chile, com os célebres Chicago Boys, esteve aí para o provar.”
http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/07/acabar-com-o-salario-minimo-diz-agenda.html

2) A sua economia é muito científica… Dizia o Prof. Carlos Santos (da escola austríaca o que Maomé não diz do toucinho):
“Enfim, importa ainda dizer que tanto a economia neoclássica como a austríaca abstraem do real. Partem de hipóteses num caso e axiomas, noutro, e procedem por dedução. Logo, o resultado é incontestável por resulta de "leis lógicas". O problema é que em ciências sociais um método como a praxeologia austríaca é errado. Bem como qualquer método hipotético dedutivo. Os austríacos não produzem, desde logo conclusões que possam ser testadas empiricamente. E por isso aquilo não é ciência em nenhum sentido da palavra.”
http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/03/replica-ao-insurgente-sobre.html

Felizmente, a coerência do Professor Carlos Santos, contrariamente às conclusões da Escola Austríaca, podem ser empiricamente testadas.

Mais uma vez: é verdade que só os burros não mudam de ideias. Mas mudanças destas são leviandade. Relendo os posts antigos do Prof. Carlos Santos dei comigo a constatar que a parcialidade de facto pode cegar. Como é possível não ter visto a leviandade nos posts antigos, onde ela estava tão clara como nos actuais? Não me interessam outras considerações. Volto a pedir desculpa aos leitores dos Ladrões pelo erro de avaliação cometido.

beijokense disse...

Caro José M Castro Caldas, estava a escrever um comentário e acabei por fazer um post :)
Se quiser ler:
http://beijokense.blogspot.com/2010/02/ciencia-e-ideologia.html

Fábio disse...

O problema deve ser meu! Não vejo nenhuma contradição entre os "dois" Carlos Santos. O "default" mesmo parcial por via da inflação defrauda os aforradores - é verdade. O investimento estrangeiro pode ser vantajoso... Num manual novo, Economia(s), não se espelha a necessidade de revisão das "hipóteses" da teoria económica?

Às vezes parece-me que aqui se reduz a economia a uma autarcia, onde não é preciso ser competitivo e onde a fiscalidade se pode basear no imposto-inflação.

Anónimo disse...

Lia Carlos Santos quando ele não tinha aderido aos blogues de apoio ao Sócrates. Aí comecei a achar que era demasiado entorse ao que dizia antes, se me deizem que ainda guinou mais, entramos no domínio da multiplicidade das personalidades

João Pedro Santos disse...

Nâo vou discutir questões do foro pessoal. Pessoalmente prefiro discutir ideias e um dos direitos para mim inalienáveis é o de quando vejo que me enganei... mudar de opinião.
Além disso, faço minhas as palavras do Fábio. Não fosse a referência aos ciclos monetários e provavelmente nem haveria polémica.
Quanto à questão em si acho que quer este blog quer o Prof. Carlos Santos não intepretaram de forma inteiramente correcta as sugestões (dos autores dos papers e não do FMI como erradamente se tem vindo a dizer embora não deixe de ser significativa a sua publicaçãoi enquanto Staff Papers) quanto à liberalização de capitais pois apenas disseram que: "capital controls on certain types of inflows might usefully complement prudential regulations to limit financial fragility and can be part of the toolkit. In particular, by helping fuel
credit booms, especially in foreign currency, debt liabilities, including debt recorded as financial
FDI, seem to bring significant vulnerabilities to the economy", posição com que pessoalmentee concordo mas que me parece substancialmente diferente da defendida neste blog e relativamente à qual se levantam várias questões como a como implementá-la.
Sobre a questão da inflação como a minha posição é mais dificil de explicar em poucas linhas perdoem-me remeter para o post do meu blog (http://jopms.blogspot.com/2010/02/o-objectivo-de-taxa-de-inflacao.html) em que faço uma pequena análise desse paper.

Anónimo disse...

Não tem mal mudar de ideias. Eu mudo quase todos os dias ao confronta-las com a realidade. E é burro quem não as muda por teimosia ou utopias irrealizáveis ( faz um mal do caraças à sociedade , ignorar quem somos e pondo num pedestal quem deveriamos impossivelmente ser ). Só tem mal mudá-las por lucro. Mas não sei se é esse o caso do dito cujo. Se calhar anda à procura de um caminho no real feio , e sendo assim , respeito-o. Muito mais do que aqueles que servem ideologias. Servir é escravidão. Mesmo que sejam ideologias xpto. A realidader é o que conta. Para ficção ? vou ao cinema.

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

Paul Krugman saúd a nomeação de Vítor Constâncio para o BCE por ele ser, como o próprio Krugman, inflation dove. Carlos Santos é, pelos vistos, e apesar de admirar Krugman, um inflation hawk.

Como não sou economista, não sei dizer se há nisto alguma contradição. Talvez não haja.

Nuno teles disse...

Entretanto, o blogue desapareceu. Parece mesmo que o Carlos Santos era um "agent provocateur".

Não será o único na blogoesfera:

http://spectrum.weblog.com.pt/arquivo/2010/02/questoes_a_que.html

Sérgio Pinto disse...

Nuno Teles,

Acho que é muito simpático para com o Carlos Santos. Eu não conseguiria ser tanto...

P.S. Vale o que vale (quase nada), mas parabéns pelo blogue. Uma das minhas paragens diárias, e do melhor que existe à Esquerda.