
Este consenso era saudado por Blanchard como o fim de uma batalha que estava a minar a reputação da macro, um triunfo dos “factos”, uma revolução que apesar da “destruição de algum conhecimento”, de algum extremismo e de dinâmicas de “manada”, lhe permitia proclamar que “o estado da macroeconomia é bom”.
O artigo foi publicado dias antes do colapso do Lehman Brothers e da aceleração da Grande Recessão.
A 12 de Fevereiro passado, como o Ricardo Mamede aqui prontamente assinalou, o mesmo Olivier Blanchard publicou um novo artigo em co-autoria em que escreve: “Foi tentador quer para os macroeconomistas quer para os decisores políticos reclamar para si o mérito da continuada redução das flutuações cíclicas verificada a partir do início da década de 1980 e concluir que sabíamos executar as políticas macroeconómicas. Não resistimos à tentação. A crise obriga-nos claramente a por em questão a nossa avaliação anterior”. No que segue reexaminam-se quer factos, quer teorias. Afinal parece que o estado da macroeconomia não era assim tão bom e que a mistura entre água doce e água salgada nem sequer potável é. A Olivier Blanchard só fica bem o reconhecimento.
O que mais importa é que ambos os artigos são muito instrutivos. Por razões diferentes: o primeiro por clarificar os termos da mistura teórica que governou a política macroeconómica durante vinte anos, o segundo por expor algumas (apenas algumas) das debilidades dessa caldeirada.
Iremos por partes: um próximo post para o primeiro artigo, um outro para o segundo.
Sem comentários:
Enviar um comentário