Viva o 14 de julho de 1789, hoje feriado revolucionário em França. Há uma semana, milhares de pessoas estavam imensamente expectantes e logo ficaram imensamente felizes. Algumas choraram, assim que foram conhecidas as primeiras projeções à boca das urnas nas eleições francesas. Estavam reunidas na praça da Batalha de Estalinegrado, em Paris, quartel-general dos insubmissos que fizeram frente.
Em França não se esqueceu que a Batalha de Estalinegrado decidiu a Segunda Guerra Mundial, que o sacrifício do povo soviético deu o contributo decisivo, livrando-nos de grande parte da “escumalha fascista”. O povo português continuou a tarefa, do outro lado do continente, quase três décadas depois.
Há duas ou três semanas, vi um episódio de um banal documentário norte-americano sobre a Segunda Guerra Mundial. Lá se falava de Estalinegrado, como se tivesse sido menos importante do que o desembarque na Normandia, mas dando a palavra a uma veterana da batalha. De lágrimas nos olhos, esta cidadã sublinhou o patriotismo soviético.
Na passada segunda-feira, vi uma foto do meu historiador favorito. Eric Hobsbawm (1917-2012), aos 19 anos, estava em Paris, a apoiar a Frente Popular, num desfile. Tinha fugido da Alemanha para Inglaterra, com a tomada do poder pelos nazifascistas.
Em Tempos Interessantes, a sua autobiografia, publicada em 2002, este marxista dizia pertencer “à era da unidade antifascista e da Frente Popular”, que “continua a determinar o meu pensamento estratégico em política”. Aí alertou de forma presciente:
“Dez anos depois do fim da União Soviética, é possível que o medo tenha voltado (...) Graças ao enfraquecimento da social-democracia e à desintegração do comunismo, o perigo vem dos inimigos da razão; fundamentalistas religiosos, etnotribais e xenófobos, entre eles os herdeiros do fascismo (...) O mundo ainda se arrependerá de, perante a alternativa formulada por Rosa Luxemburgo – o socialismo ou a barbárie –, ter preterido o socialismo.”
Estamos sempre a tempo do socialismo, incluindo contra a barbárie que vem dos EUA.
4 comentários:
Caro Joao Rodrigues,
A batalha de Estalinegrado nao decidiu a IIGM. Foi a Uniao Sovietica quem ganhou a guerra para os aliados, mas nao foi em Estalinegrado.
Isso mesmo, caro João, a batalha de Stalingrado, a maior e mais sangrenta de toda a história humana, foi, de facto, o momento mais decisivo e, precisamente, o grande ponto de viragem na Segunda Guerra Mundial.
Bom dia João Rodrigues.
Por mais que possa parecer tonto, gostaria que os seus textos aqui na "Ladrões de Bicicletas" fossem um pouco mais longos.
Talvez por identificar-me com as suas opiniões, fico sempre com vontade que desenvolva mais o seu pensamento.
No texto sobre a obra de Gramsci, faltou no contexto português identificar a obra "Gramsci A cultura, os subalternos, a educação", com introdução e tradução de Rita Ciotta Neves.
Continuação de bom trabalho, Ana Pereira.
Muito obrigado, Ana Pereira, pela referência e pelo incentivo.
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