quarta-feira, 24 de julho de 2024

Haja noção em tempos financeiros


Recentemente, Diogo Vasconcelos chamou a atenção para as “performances públicas de ‘domínio’ das tricas e das mais irrelevantes personagens da política americana” por parte da nossa “dispensável” elite, considerando que tal “ser ainda hoje fonte de capital social é só sinal do quão bimba e colonizada é.” 

Há anos que não sigo regularmente as mediocridades que pululam pela televisão, até porque deixei de ter televisão em 2022, um ato básico de higiene (vejo filmes e séries no computador). Ganha-se mais em ler a imprensa financeira internacional dirigida a uma burguesia com menos tempo para outra ideologia que não seja a de tomar o que existe por racional. 

Por exemplo, já perdi a conta ao número de vezes que no Financial Times se fala da decisiva política dos grandes doadores em campanhas eleitorais cada vez mais caras, sobretudo depois do Supremo Tribunal de classe ter decretado que não há qualquer limite à transformação do capital em poder político. Os EUA são legalmente uma plutocracia e dali não vem nada de bom para a ação coletiva. 

Sim, ao contrário de certa “esquerda”, seduzida pelo federalismo, pela NATO e por outras tralhas ideológicas, o poder imperial dos EUA continua a ser a maior ameaça aos povos de todo o mundo, incluindo à maioria do povo norte-americano. 

Este povo é também subjugado pelo complexo militar-industrial-penal, o que impede que se separe a política interna da política externa, como faz alguma esquerda apostada em ofuscar a cumplicidade ativa de Biden no genocídio do povo palestiniano pelo Estado terrorista de Israel. É um sistema onde de resto passam por radicais de esquerda propostas que por cá são defendidas pelos liberais até dizer chega, como o seguro universal de saúde. 

Haja noção em tempos financeiros.

1 comentário:

Anónimo disse...

Os "nossos" liberais até dizer chega ainda chegam à América, se os deixarem...