«A tese de que precisamos crescer antes de distribuir, essa sim, não faz qualquer sentido. Primeiro, porque, como vimos, as variações na desigualdade dependem muito mais de variações na distribuição dos rendimentos, as quais, por sua vez, dependem sobretudo mais de escolhas políticas, do que de variações no crescimento. (...) Segundo, porque a redução da desigualdade é ela própria um mecanismo potenciador do crescimento. Ao contrário da austeridade, que não promove o crescimento económico mas garante o aumento das desigualdades sociais, políticas de igualdade poderiam ser não só mais justas mas também mais eficazes na promoção daquele crescimento. (...) O problema deve pois ser enfrentado antes, no plano das regras económicas da distribuição, evitando o crescimento primário das desigualdades e a maior necessidade de redistribuição através do sistema fiscal. Por exemplo, reforçando o papel da negociação coletiva ou eliminando as formas mais abusivas e generalizadas de precarização do emprego. (...) Não há razões sociais, económicas ou morais que justifiquem o crescimento exponencial dos rendimentos individuais sem um correspondente aumento da progressividade dos impostos sobre esses rendimentos, ou de medidas que desincentivem tal crescimento para além de limites aceitáveis.»
Excerto do artigo de Rui Pena Pires («O impacto das políticas na desigualdade») no Público de terça-feira passada, que merece ser lido na íntegra. De facto, e ao contrário do que muitas vezes se quer fazer crer, é sobretudo ao nível da distribuição dos rendimentos privados (salários e rendimentos de capital, etc.) que se desenha o essencial das desigualdades, sendo o impacto dessa distribuição mais relevante que o das contribuições e transferências sociais e da própria fiscalidade (impostos diretos). Esta é, de resto, uma das principais conclusões do recente estudo «Desigualdade de Rendimento e Pobreza em Portugal», de Carlos Farinha Rodrigues, Rita Felgueiras e Vítor Junqueira (no âmbito de uma parceria entre a FFMS, o Expresso e a SIC).
Esqueça-se pois, de uma vez por todas, a «economia do pingo», como sugeria Pedro Lains já em agosto de 2014. Isto é, a ideia de que «os grandes devem ter tudo pois, ao terem tudo, deixam pingar recursos para baixo, para o resto da economia». Uma formulação, acrescentava Lains, «com tudo de falso» e que esteve «nas mentes da troika e do governo por ela assessorado» e que teve (e tem ainda) «muitos apoiantes entre jornalistas, "economistas" (...) e fazedores de opinião». Aliás, como bem sabemos, não é, Dr. César das Neves?
8 comentários:
"Reformados e funcionários públicos controlam a política e a comunicação social"
" os reformados e os funcionários públicos escaparam a cortes nos salários e pensões que eram justos"
"o papa está a ser apropriado pelos revolucionários que querem derrubar o capitalismo."
"Salários e pensões deviam ter sido permanentemente cortados, como o Governo anterior chegou a querer"
"Não tive consciência de que não vivia em democracia antes do 25 de Abril de 1974"
João César das Neves, um também a fazer serviço cívico na luta de classes. Quando estudante levantava o braço na saudação fascista. Juntinho com um émulo de Pinochet
«...medidas que desincentivem tal crescimento para além de limites aceitáveis.»
Um pérola da cretinice aplicada ao desenvolvimento económico!
Um pingo da economia do pingo, pinga em serviço cívico herr Jose.
Ao serviço da cretinice? Provavelmente. Mas sobretudo ao serviço dos seus interesses. E da sua classe, nesta luta de classes sem quartel
Há economistas e matemáticos por tudo quanto e´ lado mas parece haver mais advogados de causas perdidas! Comentadores e fazedores de opinião de toda a laia e feitio ainda são muitos mais, e eles comem e vestem consumindo a´ balda ate´ o que não e´ deles! E mais tarde ou mais cedo, mais cedo do que tarde e´ desta gente que sairá o novo governo, a nova Assembleia da Republica… Ate o próximo PR!
São centenas de milhar que de uma forma ou outra se agarram a mesa do Orçamento. Porque no final das contas e´ sempre o trabalhador produtor quem pagara´ a tais improdutores…
Já alguém dizia que a cultura dominante, neste caso (neoliberal) cria os seus próprios monstros. e se os homens e mulheres de esquerda não mudarem de Rumo, iremos assistir a novas monstruosidades.
De Adelino Silva
"Cavaco pagou metade do IMI que devia ter pago durante 15 anos
A casa de Albufeira do ex-Presidente da República foi reavaliada pelas Finanças no ano passado. O valor patrimonial quase duplicou face ao que constava da caderneta predial em 2009. Os dados fornecidos por Cavaco não eram verdadeiros!".
Como José Vitor Malheiros dizia... " é preciso que os ricos paguem o que devem"
João das Neves, Cavaco e herr Jose...todos eles estão do lado da perpetuação de mais das Neves, cavacos e herres joses. E não olham a meios.
Até por vezes fazem passar o saque por "serviço cívico" ou por "mandamento divino"
Puro divertimento!!!
http://observador.pt/opiniao/os-ricos-nossos-amigos/
Aos neoliberais transvertidos em sociais-democratas, socialistas e sociais cristãos se deve este posicionamente antidemocrático existente adquirido aquando da entrada de Portugal na CEE- U.E.
Eles os neoliberais, nunca tiveram vontade de incrementar a participação politica e democrática das massas. Em vez de fomentar a participação cidadã reduziram-na a um perverso voto a cada quatro anos.
A eles devemos esta crise geral da democracia existente, dominada por grupos financeiros e partidos a seu serviço e não dos cidadãos, com eleições controladas por dinheiro e por meios de comunicação, com corrupçao sistêmica da banca e do aparelho do estado. Ate o ensino, a cultura em geral,virou para o lucro em detrimento do uso. Por aqui me fico. De Adelino Silva
A que propósito e na sequência deste post que desanca na "economia do pingo", um tipo aí em cima nos dá um link para um texto paupérrimo, verdadeira apologia dos donos disto tudo?
Provavelmente pela sua autora vemos que fala em "vacas" e ficamos a saber que a vaca "morta, a dar a carne para comermos, a pele para indústria dos curtumes, os chifres para os pentes e cabos de talheres " e outras tretas do género.
Mais uma da série de quem anda por aqui a fazer "serviço cívico " e a gozar com o pagode. Uma que faz de conta que isso do 1% que vive à custa dos outros 99% é coisa que não existiu e o que existe são tipos com inveja e que o que querem é acabar com os ricos. E que estes serão os que tiverem mais de mil euros no banco (!).
A direita extrema está nisto. Não tem vergonha e baba ódio. Mente e aldraba. Quer fazer-nos esquecer que foi esta mesma das vacas que andou por aí a berrar contra os salários e as pensões. Tal como aliás o jose.
De mãos dadas, ungindo tretas e asneiras. Puro divertimento para gozo pessoal, dirá ( dirão), arreganhando a dentuça irmanados na boçalidade do lúmpem da humanidade
Enviar um comentário