quarta-feira, 7 de setembro de 2016

A estratégia do medo mostra que já perderam


Não é todos os dias que aparece um economista com o estatuto de Joseph Stiglitz a afirmar com toda a clareza que Portugal deve sair do euro. A Antena 1 resolveu entrevistá-lo (ouvir aqui) e as televisões tiveram de ir atrás.

Porém, o comentador de economia da SIC Notícias, José Gomes Ferreira, não gostou mesmo nada do que disse Stiglitz e, assumindo que não percebe nada de economia, resolveu desancar no economista norte-americano (ver aqui). Desde logo, exactamente por ser norte-americano pois, insinuou, os economistas norte-americanos têm um inconfessado interesse geoestratégico no fracasso do euro. Ora vejam lá, uma moeda cujo peso nos pagamentos internacionais não foi além do que representavam as anteriores moedas seria uma ameaça ao dólar, o que motivaria as análises críticas destes economistas.

A ideia da conspiração dos EUA contra a UE é uma fábula muito frequente nos círculos europeístas. Porém, a fábula não resiste a um mínimo de investigação histórica. Jean Monet e os restantes pais fundadores da UE eram íntimos dos círculos do poder nos EUA e sempre contaram com o seu generoso apoio através da CIA. Sem o assentimento dos EUA, a UE nunca teria existido e Maastricht não foi um obstáculo à continuidade dessa parceria.

O facto é que, desde sempre, houve economistas dos dois lados do Atlântico que sabiam que o euro é uma aberração histórica (recordo Nicholas Kaldor, um precursor), que uma moeda europeia sem um Estado europeu seria, por natureza, uma construção política condenada ao fracasso. O valor de uma moeda é determinado pela garantia de que o Estado que essa moeda serve, dotado de um banco que cria a moeda necessária, paga sempre as suas dívidas. Isto não existe na UE-Zona Euro e essa é uma razão fundamental para a crise em que está mergulhada.

Ao tentar desvalorizar Stiglitz, JGF caiu no ridículo. Procurando amedrontar os portugueses, disse as maiores barbaridades sobre as implicações de uma saída de Portugal da zona euro. Chegou ao ponto de afirmar que o país iria regredir décadas. Afirmações destinadas a meter medo aos telespectadores que, como é sabido, não têm acesso a opiniões diferentes. Com este tipo de comentadores, a SIC Notícias e os restantes canais de televisão estão transformados em canais de propaganda do sistema vigente com o objectivo de anestesiar o povo.

Vejamos um dos disparates de JGF: "as dívidas ficam em euros". Precisamente o contrário. A esmagadora maioria das empresas e famílias portuguesas tem dívidas com contratos regidos pelo direito português. Todos esses contratos serão redenominados automaticamente com a saída do euro. Portanto, as dívidas das famílias e das empresas convertem-se na nova moeda. Os salários de uma família e a sua dívida ao banco, em termos relativos, ficam na mesma.

Segundo a jurisprudência internacional (lex monetae), também a dívida pública emitida sob legislação nacional, mesmo que esteja na posse de estrangeiros, é convertida na nova moeda. É a isto que se referem os operadores financeiros quando falam do 'risco de redenominação' (ver aqui).

Claro que isto traz problemas à banca no que toca às dívidas que tenha contraído no estrangeiro. Por isso mesmo alguns bancos poderão ter dificuldade em pagar as suas dívidas em euros a bancos estrangeiros, e terão de ser recapitalizados (e nacionalizados) com o apoio do banco central, do Banco de Portugal. Note-se que, num país com moeda própria, as dívidas do Estado ao respectivo banco central são dívidas do Estado ao próprio Estado.O Estado tem uma dívida à troika que, pela jurisdição em que foi contraída, permanece em euros. Por isso, terá de ser renegociada, mas agora em posição de força porque o Estado português já não precisará dos seus empréstimos para se financiar.

Quanto à perda do poder de compra dos salários, JGF talvez não saiba que a taxa de desvalorização da nova moeda não se traduz em inflação do mesmo nível. Talvez não saiba que o conteúdo em importações do cabaz de bens de consumo de uma família anda pelos 25%, o que significa que uma desvalorização de 50% no imediato (mas que não se repete) se traduziria numa subida de preços de 50%x25%= 12,5%. É uma subida de preços pontual que tende a esbater-se nos anos seguintes. Não é inflação, no sentido de subida permanente dos preços a essa taxa. Claro que a inflação no país será maior fora do euro, mas isso vem acompanhado de um nível de desemprego muito mais baixo, como acontece em todos os países em desenvolvimento. Só num país em grave estagnação, caso da Zona Euro, é que os preços não sobem mais do que 1% ao ano e não há teoria económica que justifique um nível de inflação perto dos 2%, o mandato do BCE. A Rússia e a Islândia fizeram desvalorizações maiores e não consta que tenham regredido décadas, bem pelo contrário. A Islândia até alcançou o pleno emprego.

Ou seja, para defender a manutenção de Portugal nesta crise sem fim, JGF vê-se forçado a exagerar os custos da saída do euro pintando um cenário de calamidade. Mas não devemos estranhar porque, à medida que o fracasso do euro se vai tornando evidente para o comum dos cidadãos, maior será a histeria dos avençados do sistema. Nos próximos tempos até poderemos ver um ou outro 'virar a casaca' com o maior descaramento.

Seremos nós capazes de criar formas de comunicação alternativa para que o povo tenha acesso ao contraditório que os media lhe negam?

(Também publicado aqui)

52 comentários:

Anónimo disse...

Gostei

"à medida que o fracasso do euro se vai tornando evidente para o comum dos cidadãos, maior será a histeria dos avençados do sistema."

E José Gomes Ferreira é memoo um traste. Um traste,um avençado e um lambe-botas a quem lhe paga

Anónimo disse...

Os avençados do sistema são piegas que não querem sair da zona de conforto!

O seu desespero na defesa do falido Euro é tal que até defendem a lenta agonia dos portugueses até que morram de vez e longe de preferência, porque eles, os avençados do sistema não querem chatices!

Anónimo disse...

Infelizmente os debates nos canais televisivos só têm um sentido. O que mais me custa é a RTP ainda não ter sido saneada, tem essa obrigação perante os contribuintes.

Anónimo disse...

Passados estes 9 meses de governação PS não e´ difícil descortinar que pouco ou nada se fez…
Continuamos a não dar consistência política aos programas sociais. Dá-se um jeito a pescar mas não a pensar. Os bens materiais – retorno de pensões e salários que ajudam a “aquietar” a miséria não veem acompanhados de bens simbólicos que suprimam a indigência da consciência. Assim, nesta forma de governança - A fome de pão será saciada, mas a da inteligência não!
Continuar a apoiar uma governança sob a égide de Bruxelas e´ um erro de todo o tamanho. Com respeito - de Adelino Silva

Anónimo disse...

Perderam...perderam o argumento. Mas como eles estão mais preocupados em manipular do que ter uma discussão argumentativa, pouco lhes interessa o argumento. E até é eficaz o método deles. Infelizmente

Unabomber disse...

"O valor de uma moeda é determinado pela garantia de que o Estado que essa moeda serve, dotado de um banco que cria a moeda necessária, paga sempre as suas dívidas": Qual é o valor das moedas da Venezuela e do Zimbabwe?
- O valor de uma moeda é sobretudo determinado pela quantidade e valor dos bens e serviços que a respectiva economia produz.

"Portanto, as dívidas das famílias e das empresas convertem-se na nova moeda": e as poupanças das familias e empresas também se convertem na nova moeda.

"Os salários de uma família e a sua dívida ao banco, em termos relativos, ficam na mesma" - mas os salários reais e as taxas de juro não ficam na mesma (na decada de 80 chegaram a aprox.30%).

"Por isso mesmo alguns bancos poderão ter dificuldade em pagar as suas dívidas em euros a bancos estrangeiros, e terão de ser recapitalizados (e nacionalizados) com o apoio do banco central, do Banco de Portugal.": o Banco de Portugal não fabrica euros (apenas novos escudinhos), por isso todos (ou quase todos) os bancos comerciais terão de dar o calote nas suas dividas em euros.

"O Estado tem uma dívida à troika que, pela jurisdição em que foi contraída, permanece em euros. Por isso, terá de ser renegociada, mas agora em posição de força porque o Estado português já não precisará dos seus empréstimos para se financiar.": as importações vão ter que ser pagas em moeda estrangeira (não em escudinhos), e se a balança corrente registar os crónicos desequilibrios, lá teremos que votar a pedir empréstimos em moeda estrangeira (resta saber a que taxa), ou então racionar produtos importados conforme faz a Venezuela.

Anónimo disse...

Olha se não é o caro Unabomber?

Unabomber antes de irmos aos "escudinhos" como refere dessa forma um pouco trôpega (quem diria?) já se lembrou de pedir desculpas pela aldrabice com que tentou entreter o pagode?
E um pedido de desculpas ao Eugénio Rosa pela forma como manipulou o que ele diz , como acabou por o insultar e como depois (ou antes) se aproveitou de forma néscia ( e anónima) das suas palavras?

Anónimo disse...

Caro Unabomber essa fixação com o Zimbabué e com a Venezuela é exactamente o quê?
Um argumento para classificar as opiniões dos outros como se de idiotas se tratassem?

Voltaremos a este assunto porque tal é fundamental.

Por enquanto registar mais uma vez o argumento do medo agora travestido de Zimbabué e da Venezuela.

Anónimo disse...

"O Nobel da Economia Joseph Stiglitz defendeu, em entrevista à Antena 1, a saída de Portugal do euro. Reconhece que o «pântano» provocado pela moeda única já nos custou uma década e que só abandonando o euro poderemos crescer.

Stiglitz enquadra os problemas do euro na matriz a partir do qual foi criado, ou seja, a regra de o défice não ir além dos 3% do PIB e a eliminação dos dois mecanismos de ajustamento: as taxas de juro e de câmbio. Esclareceu que os visionários da criação do euro «confiaram apenas na política orçamental limitada e disseram que o Banco Central Europeu, uma instituição central, teria de se fixar na inflação e não no emprego e no crescimento económico».

Segundo Joseph Stiglitz, «para o euro funcionar, no sentido de uma moeda única permitir a um leque de diferentes países atingirem todos o pleno emprego e crescimento económico, teríamos de romper essas regras básicas, mudá-las». Por isso sugere que a Europa comece a pensar «num divórcio amigável com alguns países, para estes pensarem em formas para lidar com a saída». O economista, que em 2001 foi distinguido com o Nobel, esclarece que o processo não será imune a dificuldades, mas há que reconhecer que «o actual sistema é extraordinariamente prejudicial» e que Portugal sabe disso porque «foi uma década perdida», com custos enormes tanto para as famílias (devido ao fenómeno da emigração) como para a economia.

Simultaneamente, afirma não existir vontade política para mexer no «projecto do euro», por parte das instituições europeias, apesar de os resultados não serem, aparentemente, os esperados. O economista reconhece que em vez da prosperidade e da solidariedade política anunciadas à entrada do euro, o que resultou da adesão foi uma falta de solidariedade, estagnação e discriminações".

Anónimo disse...

"Enfatiza também que a ideologia económica que sustentou a criação da moeda única estava errada, como alguns afirmaram na altura, sustentada na ideia de que bastaria aos governos manter baixos o défice e a inflação, e que o sector privado trataria do resto. «Se o euro tivesse sido criado em 2008, veríamos agora que os mercados privados não são eficientes nem estáveis. O que precisamos é de estrita e forte regulação dos governos, a falha foi não terem regulado o suficiente», denuncia.

O economista é ainda peremptório a afirmar que a receita da austeridade prescrita pela Alemanha vai continuar «mesmo que a teoria económica e até o Fundo Monetário Internacional (FMI) demonstrem, claramente, que a austeridade nunca irá funcionar».

Face à caricatura dos preguiçosos países do Sul, repetidamente usada pela imprensa alemã, Stiglitz recordou dados da OCDE que afirmam que os gregos trabalham mais do que os alemães, uma informação que a Alemanha se recusa a aceitar.

No entender de Joseph Stiglitz, caso Portugal permaneça no euro «está condenado», salientando que a Europa «não tem, nem vai ter condições políticas para fazer as mudanças necessárias». Para o economista, a Europa «corre demasiados riscos, saltando de crise em crise».

A saída do euro, reconhece, daria a Portugal condições para crescer, criar emprego e implementar um processo de reestruturação da dívida. Alerta que o caminho não seria fácil mas que, com a dívida estruturada, a economia cresceria."

Daqui:
http://abrilabril.pt/nacional/portugal-deve-sair-do-pantano-para-poder-comecar-crescer

Joseph Stiglitz, um perigoso zimbabueano? Ou um sinistro venezuelano?

Anónimo disse...

O medo de JGF é tão só o medo do governo Grego, que apesar de ter todas as condições para sair, acabou por não o fazer. Porque uma coisa é defender a saída em entrevistas,livros e blogs (em teoria) outra é ser responsável pela sua implantação e consequências.

Unabomber disse...

"Recorde-se que nas duas intervenções anteriores do FMI, em que se teve também de DESVALORIZAR muito o escudo para aumentar a competitividade das exportações portuguesas, e assim aumentar as exportações, foram os períodos em que os trabalhadores e pensionistas perderam mais poder de compra.
Entre 1977 e 1979, 1º período de intervenção do FMI, os preços aumentaram 93%, o salário mínimo subiu 87% e a pensão média da Segurança Social aumentou a
penas 58%.
Entre 1982 e 1984, período de 2ª intervenção do FMI, os preços subiram 98%, o salario mínimo nacional aumentou 54%, e a pensão média da Segurança Social subiu 71%.
Nestes dois períodos, a perda de poder de compra acumulada do SMN foi de 27%!!! e da pensão média de 29%!!!!!.
Foi também nestes dois períodos em que a parte dos salários no PIB mais desceu: 1º período: - 13,1% (queda de 6,7 pontos percentuais); 2º período: - 16,9% (redução de 7,4 pontos percentuais).
E tenha-se presente que não se teve de fazer desvalorizações da moeda de 30%".

Anónimo disse...

Companheiro de jornada
Ainda não viste que o padre/ promete o reino dos céus/ àqueles que na verdade/ vos roubam os fariseus?
Se não viste, então abre o olho, que a mais não és obrigado!
Existem certos tristes que sem argumentação propositiva vão digerindo sobremaneira essa comunicação dos quantos pobres serão precisos para construir a miséria…
Aludem ao Zimbabue esquecendo a Rodezia de S.M. a Rainha de Inglaterra, Lembram-se da Venezuela Bolivariana e independente e esquecem a colonia espanhola. Hoje a ver-se a braços com a guerra económica infligida pelo TIO SAM com a IV Esquadra em ameaça permanente.
Claro que o maior cego e´ aquele que não quer ver!
De Adelino Silva

jdinis disse...

Até que enfim vejo uma opinião fundamentada contra a correnteza dos comentadores que pululam como pragas pelos canais de televisão, jornais economeses e outros quejandos pasquins.

Anónimo disse...

"A estratégia do medo mostra que já perderam"
Do ponto de vista teórico a batalha dos defensores da "manutenção" até já pode estar perdida. Mas acho que não haverá nunca políticos que assumam o risco de implementar uma estratégia de saída unilateral (mesmo que negociada) de Portugal do Euro (o exemplo Grego é auto-explicativo). À derrota no plano teórico corresponde por isso pouca ou nenhuma mudança no plano que interessa: o prático.

Anónimo disse...


Normalmente, passados 9 meses, uma nova vida e´ dada a´ sociedade para que cresça e se desenvolva sadiamente. as “aguas”da democracia não são eternas. E´ chegada a hora do “parto”!
Antes que “Forças centrifugadoras” busquem atrelar o destino do nosso pais as ruinas da U.E.
Não devemos divorciar da Esperança
Nao devemos renunciar ao Futuro
Não devemos renegar o Passado
Não devemos ceder a Cidadania.
E´ a vida da naçao milenar que esta´em rota de colisao…de Adelino Silva

Anónimo disse...

Vejamos.
Portugal sempre foi um País prospero, sem crises financeiras e sem bancarrotas, sempre controlou as suas contas e promoveu politicas centradas na economia, crescimento e desenvolvimento.
Se retirarmos o período do estado novo, que dispenso,Portugal é um conjunto de crises umas a seguir às outras já com 3 bancarrotas desde o 25 de Abril, duas em escudos e uma em Euros.
No estado dito neo-liberal Português por cada 100 sacos de farinha que cada um de nós produz o estado retira quase 50 para si, nada mau para um estado neo-liberal, dir-se-a que é para proteger os mais fracos, os serviços sociais e o estado, em suma o estado social.
Registo de interesses, não sou a favor nem contra a saída porque ambos tem vantagens e desvantagens, as certezas absolutas são a arma dos ignorantes e neste aspecto existem muitas zonas cinzentas.
Preocupa-me muito mais o modelo pós saída do que a economia em si, passo a explicar.
Queremos a saída o Euro para nos endividar-mos ainda mais, a almofada social (estado social) tem sido feita através de endividamento, conseguiremos produzir o suficiente??? Ou queremos a saída do Euro para estimular a iniciativa de cada um para que se consiga produzir riqueza capaz de ser distribuída por quem realmente precisa.
O que temos hoje é que 50% da população trabalha para a outra parte, os dos direitos adquiridos pela constituição, continuaremos a ter um estado de um lado (instalados) e os outros. Os meus filhos e netos terão que pagar as dividas duma classe instalada???
Se for para caminhar-mos para um estado socialista, dispenso, não quero um mercado selvagem sem direitos e sem regulação, mas quero um estado com palavra que deixa que o nosso esforço e dedicação tenha a correspondência na vida que temos e não na cultura da mediocridade que hoje alastra por todos os poros da sociedade Portuguesa.
Infelizmente não conseguimos aproveitar a boleia do Euro, se tivermos que sair do Euro que seja, mas ao menos que criem uma sociedade baseada no mérito e no respeito pelas pessoas, sim, pelas pessoas, escravizar fiscal-mente uma parte da População para benesses da outra metade não me parece futuro para ninguém, foram muitas as asneiras que cometemos no euro, que sirva de exemplo para não repetirmos no Escudo ou outra qualquer moeda que venha a ser adoptada.

Unabomber disse...

(...) "Para ser claro, as consequências de uma decisão unilateral de abandonar a zona euro seriam muito difíceis de gerir, pelo que tal decisão deve ser evitada. Isto não significa que ela deva ser posta de parte em qualquer circunstância, nem que não seja possível o desmantelamento do euro em condições menos penalizadoras (nomeadamente, num processo coordenado a nível multilateral).
Há duas coisas sobre as quais podemos estar certos: primeiro, o quadro institucional do euro tem sido e será desastroso para países como Portugal, pelo que faz todo o sentido debater alternativas; segundo o recurso a argumentos absurdos, visando construir cenários catastróficos, não só não ajudam ao debate público como nos devem fazer desconfiar das razões de quem os utiliza. O debate sobre a permanência de Portugal na zona euro está a ganhar espaço na sociedade. Isso, seguramente, não faz mal nenhum ao país".

De Ricardo P. M.

Anónimo disse...

Seguramente, a austeridade funciona sempre e neste caso, funciona no sentido que o sistema lhe da´ – ver que nunca o sistema capitalista foi tao usurpador como em tempos de austeridade.
E tanto e´ assim, que a austeridade tem sido outra forma de desvalorizar os rendimentos do trabalho.
Temos de nos debruçar sobre as origens causais do endividamento do estado português.
Sem uma análise profunda a culpa morrera´ solteira e sujeitamo-nos a repetições. De Adelino Silva

Anónimo disse...

Ao menos um rasgo de decência de Unabomber ao dar a conhecer o autor do seu último comentário

E Ricardo Paes Mamede parece que adivinhava também o aqui demonstrado:
"segundo o recurso a argumentos absurdos, visando construir cenários catastróficos, não só não ajudam ao debate público como nos devem fazer desconfiar das razões de quem os utiliza"

Perfeitamente de acordo. Como aliás já Jorge Bateira tinha adiantado neste seu post.
E os "papões" do Zimbabué e da Venezuela vieram confirmar

Jaime Santos disse...

Convinha separar aquilo que são ameaças reais das criadas por pessoas como Gomes Ferreira (convenhamos que ele representa uma péssima caricatura de quem tem sérias dúvidas sobre o processo de saída do Euro). As ameaças reais são as da falência bancária (que obriga o Estado a nacionalizar e a recapitalizar os bancos) e a da falência de empresas (ou de particulares) que tenham dívidas denominadas em Euros em contratos não sujeitos à lei nacional. O próprio Jorge Bateira já enunciou essa possibilidade. O que se faz em relação a elas é algo que sinceramente ainda não percebi. Nacionalizam-se? Em segundo lugar, saúda-se a admissão da possibilidade de alta inflação (falo em inflação de dois dígitos, não em hiper-inflação, que seria só seria possível num cenário em que o País ficasse sem divisas estrangeiras, pouco provável, exceto em caso de saída desordenada) nos anos seguidos à saída do Euro, como aconteceu nos anos oitenta. Bastam alguns anos com inflação acima dos 10% para isso significar (porque os juros embora mais altos, não podem acompanhar a inflação) uma degradação significativa (para além da inflação de 12,5% inicial de que fala) do valor das poupanças das pessoas. E isto tem que ser dito e admitido. E, admitindo que existe uma saída ordenada do Euro e uma renegociação de dívida, ninguém imagina que isto represente o fim da austeridade, não é, Jorge Bateira? Porque a dita posição de força não é tão grande quanto isto, basta ver o caso recente da Argentina. O que isto quer dizer é que quem quer conduzir este debate de forma séria tem que alertar para as oportunidades e para as dificuldades. E, já agora, por as cartas todas na mesa relativamente ao que tenciona fazer, em vez de vir falar em 'políticas de inovação'. Toda e qualquer crítica pressupõe uma alternativa e convém que ela seja assumida, preto no branco.

José M. Sousa disse...

Está-se permanentemente a falar das poupanças das pessoas no cenário de saída do Euro. E então o que está a acontecer às poupanças das pessoas no cenário (actual e de risco crescente) de permanência no Euro. As poupanças dos lesados do BES, dos lesados do BANIF, dos depósitos que não estão garantidos (quando se diz que estão garantidos, é para desconfiar), etc. Será que isto não tem nada a ver com o Euro? Um estudo recente do ISEG liga às crises bancárias ao Euro, o que parece ser uma evidência. Fala-se muito de inflação. E então e os perigos da deflação actual? E os cortes de rendimento nominais e as taxas de desemprego sem paralelo histórico em democracia que equivalem, para muitos, a rendimento zero! A inflação de dois dígitos para estes seria o menor dos problemas comparadas com o desemprego sem perspectivas.

Unabomber disse...

Grande parte dos argumentos utilizados pelo J. Bateira equivalem-se em demagogia aos utilizados pelo cómico Zeca Gomes Ferreira, apenas se altera o cenário, de catastrófico (no caso do Z.Gomes Ferreira) para paradisíaco (no caso do J.Bateira)- (afirmar que:"O valor de uma moeda é determinado pela garantia de que o Estado que essa moeda serve, dotado de um banco que cria a moeda necessária, paga sempre as suas dívidas", é pura DEMAGOGIA no caso português).

Talvez a mensagem mais Realista relativa ao euro seja a do Ricardo P. M.:
"Para ser claro, as consequências de uma decisão unilateral de abandonar a zona euro seriam muito difíceis de gerir, pelo que tal decisão deve ser evitada. Isto não significa que ela deva ser posta de parte em qualquer circunstância, nem que não seja possível o desmantelamento do euro em condições menos penalizadoras (nomeadamente, num processo coordenado a nível multilateral)"

....
A proposito dos beneficios das desvalorizações das moedas deixo aqui a seguinte questão:
Qual foi o impacto da desvalorização (nos ultimos anos) de 20% do euro em relação ao USD (a cotação passou aprox.de 1,4 para 1,1)nas exportações portuguesas? teve um impacto muito significativo?

Anónimo disse...

Jaime Santos estraga tudo nas últimas 4 linhas do seu discurso. Não resiste

Porque motivo Jaime Santos não expõe as suas ideias, sem colocar em causa as ideias e as opiniões dos outros?

O que quer dizer com : " O que isto quer dizer é que quem quer conduzir este debate de forma séria tem que alertar para as oportunidades e para as dificuldades"?

Quer dizer que quem não concorda com o que jaime Santos diz não é sério?
Se Jaime Santos fosse sério ( e é-o na maior parte das vezes)saberia que geralmente quem defende a saída do euro alerta sempre para os riscos de tal opção

E se Jaime Santos também pensasse um pouco para além das suas motivações ideológicas saberia que a questão não é o de haver ou não austeridade ( temos sempre que saber austeridade para quem , mas adiante) mas sim fazer opções.

Jaime Santos quer que todos optemos pelo seu caminho. Está errado. Ainda não percebeu, tal como não percebeu o que foi o Brexit, que quem está do outro lado tem o legítimo direito a ter a sua opinião. E é pelo menos tão intelectualmente honesto como o outro.

O estatuto de menoridade que JS atribui aos outros é marca duma sobranceria que mete pena.

Anónimo disse...

Infelizmente há mais, muito mais e isso já passa pelas opções ideológicas dos intervenientes E passa pelo seu posicionamento face aos interesses que defende e a quem defende.

Há quem não goste que se fale em políticas de inovação porque tem medo que se inove demais. E que os privilégios mais ou menos ocultos que se defendem possam ser simplesmente arrastados por ares mais limpos e higiénicos.

JS não quer ver que há alternativas que não passam pela venda do país e da sua soberania nacional. Que não passam pela vida triste e cansada, sem perspectivas e ao serviço de outros interesses, que nos conduz esta UE.
Um problema dele.Mas que não faça juízos de valor como os que faz.

Uma última palavra. Toda a crítica não pressupõe uma alternativa Um chanceler alemão disse uma anedota um dia em que tentava fazer vender essa ideia. Nem dignificou nem o chanceler ( que se veio a "sujar " posteriormente com algumas opções que tomou baseado nessa farsa) nem a realidade.
A crítica é um primeiro passo e é um passo que se pode dar independentemente de outros passos futuros. A crítica tanto pode ser um dever ético, um desabafo, um distanciar-se do tema, um caminho para a reflexão, uma via para para o estudo,um despertar para o debate. E um equacionar para eventuais alternativas. Não ver isto é um convite à censura e uma tentativa de silenciar os demais, tal como o infeliz chanceler acabou por fazer
(Era mesmo o que mais faltava tentar calar e condicionar as opiniões críticas dos cidadãos).

Infelizmente para JS, no caso concreto da eventual saída do euro, as alternativas estão aí à vista de todos e são a cada dia que passa equacionadas e apresentadas.
Ao contrário de quem defende esta morte lenta e agoirenta que por mais que se insista, não consegue apresentar dados que perspectivem uma saída com futuro para o futuro

Anónimo disse...


Cogitar sobre a manutenção na U.E. e´ uma tarefa importantíssima nos tempos que correm e a que não nos podemos furtar. Para mim não e´ a perda do «bem-estar, conforto e etc.» mas sim as possíveis represálias e ameaças (bélicas e económicas) tendo em vista que a OTAN capitaneada pelos USA e´ o elo mais forte que amarra os vários países desta “União.“ Para os europeístas a OTAN é mais importante como base da cooperação entre os aliados europeus e entre a Europa e a América do Norte”. Exemplo – Grécia amarrada por ser ponto estratégico fulcral no Mediterrânio (Mar Egeu) e não pela situação económica e social.
O Busílis da questão esta´ aqui - não pode faltar retaguarda a´ ofensiva a Leste! Penso eu de que…
De Adelino Silva




Bem entendido e
No momento em que a UE se fissura e perde pedaços, pela rebelião de vastos setores populares deteriorados pelas políticas “comunitárias” e sob o efeito de suas próprias rivalidades internas, a Otan se coloca, de uma maneira mais explícita do que nunca, como base de união entre os Estados europeus. Estes se encontram desta maneira engatados e ainda mais subordinados aos Estados Unidos, os quais reforçam sua liderança nessa aliança.

José M. Sousa disse...

Unabomber:

«O terceiro ponto diz respeito ao crescimento espectacular das exportações para fora da zona euro, sobretudo no último trimestre. Neste caso vale a pena olhar para o comportamento do euro face ao dólar durante o ano (isto é assumidamente feito “a olho”, valeria a pena ter uma análise mais fina com uma série temporal mais longa). Com um normal desfasamento de um ou dois meses, os períodos de valorização/desvalorização do euro são seguidos por um menor/maior crescimento das exportações para países extracomunitários. O euro valoriza-se em Janeiro, as exportações crescem menos em Março; o euro valoriza-se em Março e Abril, o crescimento das exportações cai em Junho e Julho; o euro cai abruptamente em Setembro, as exportações disparam em Novembro; valoriza-se em Outubro e o crescimento das exportações cai em Dezembro.» De Nuno Teles aqui: http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2012/03/defice-externo.html

Jaime Santos disse...

Eu penso que a posição sobranceira é a de quem diz que sairemos disto sem grandes dificuldades. Nesse aspeto, a posição de Paes Mamede citada acima é bem certeira. Não há garantias nenhumas, e tudo o que podemos é tentar minorar os danos e mais vale ser-se honesto quanto a isso. E sim, criticar implica apresentar alternativas detalhadas se o que se pretende é exercer o poder e transformar a sociedade (para melhor), em vez de continuarmos permanentemente a diagnosticar aquilo que já conhecemos. Quanto a uma obrigação que eu teria de também apresentar uma alternativa, eu não sou Economista e não tenho qualquer pretensão a tal, logo a minha posição é bem diferente da do Jorge Bateira ou da dos seus colegas. A sua responsabilidade é bem maior do que a minha. Não existe nenhuma simetria entre as minhas obrigações e as deles e remeto-me ao papel de mero comentador. Não quero calar ninguém, simplesmente lembrar as pessoas das suas responsabilidades e se isso incomoda, ainda bem. Finalmente, vir dizer que as alternativas aparecem de dia para dia é no mínimo ser-se pouco exigente (faltam os detalhes e o diabo está neles, veja-se a presente falta de ideias do Governo Britânico sobre o caminho a seguir). P.S. Se o anónimo se refere ao dito de Schmidt, 'se tem uma visão, vá ao médico', lamento mas ele tinha toda a razão. Não basta indicar objetivos, é preciso dizer como se chega lá. De contrário, estaremos a cair no populismo e na demagogia...

Anónimo disse...

José M.Sousa em meia dúzia de linhas arruína de forma confrangedora o pseudo-edifício das inevitabilidades ( e algumas vezes de insultos) de Jaime Santos.





Anónimo disse...

Mas vejamos.
Quem disse que "sairemos disto sem grandes dificuldades"?

O que se desmonta são as barbaridades de José Gomes Ferreira
O que se diz é se "seremos nós capazes de criar formas de comunicação alternativa para que o povo tenha acesso ao contraditório que os media lhe negam?"

Acossados perante os factos é a uma argumentação do medo que os do sistema recorrem.
Como é evidente em José Gomes Ferreira e a um ou outro comentador aqui presente.

Anónimo disse...

"Não há garantias nenhumas"?

Mas não há garantias nenhumas em nenhum dos modelos apresentados. O futuro não oferece garantias nunca e o que podemos fazer é tentar fazer as leituras adequadas ao que queremos para o futuro.
E logo aqui há outra enorme divergência.Há quem tente fazer passar a ideia que o futuro que queremos é comum a todos E de facto não o é. Quem ganha dinheiro com a dívida tem interesse que o processo continue. Quem sai prejudicado e quem é roubado quer por um ponto final no saque.

Dizer que Schauble tinha interesses comuns para o futuro com o desgraçado que se suicidou na Grécia pela intransigência das suas políticas é simplesmente repugnante

Anónimo disse...

A posição, ou melhor as posições aqui citadas de Ricardo Paes Mamede são posições conhecidas.
Infelizmente não há qualquer registo da data em que foram proferidas. Unabomber é useiro e vezeiro nisso. Publicam-se frases que se interessam, ocultam-se outras que já não se ajustam ao pensamento de quem assim procede. Mais, esquece-se ( ou esconde-se) que as pessoas vão evoluindo de acordo com o debate e que não mantém na íntegra as mesmas posições que tinham no início.

RPM não precisa nem de tradutores, nem de revisores, nem de mangas de alpaca que façam o corte e costura mais adequado. Em Fevereiro de 2015 escrevia isto: "A disponibilidade para sair do Euro neste momento é o trunfo mais forte dos mais fracos"

E a 18 de Janeiro de 2016, numa entrevista ao Nuno ramos de Almeida:
P:Do ponto de vista económico, Portugal tem alguma saída?

R:No imediato ou a prazo?

P:A prazo.

R:Com as regras actuais, é muito difícil. Temos sempre a saída de podermos ser uma reserva barata de mão de obra da Europa. E há quem acredita que isso é uma saída não só possível como desejável. Eu não acho que seja.

Anónimo disse...

P:Há alguma possibilidade, dentro do processo de globalização e integração europeia, de nós construirmos um modelo próprio de desenvolvimento económico?

R:A análise que faço parte de um pressuposto de que as regras, tal como existem, não vão sofrer alterações. E eu não acho que as regras europeias possam manter--se durante muitos mais anos sem haver alterações. O que eu não acredito é que as regras se alterem porque há mentes brilhantes na Europa que se apercebam de que isso não é favorável a alguns povos, como os do sul da Europa. Se elas forem alteradas é porque há algo muito significativo que acontece no continente, mas alguma coisa terá de acontecer. O que faz com que eu não consiga prever o que será Portugal daqui a dez anos ou 15 anos.

O que eu penso é que a própria União Europeia está numa situação de enorme bloqueio que não é sustentável a prazo. No que isto vai dar, não sei prever. Mas tenho a certeza que não se pode manter esta situação durante muitos anos.

P:Pode-se chegar a uma altura que ficar na UE se torne uma impossibilidade, dado os seus custos crescentes?

R:Creio que é muito importante que haja mecanismos robustos de coordenação económica e política dentro do continente europeu e, desse ponto de vista, acho que a UE contém um conjunto de características que vão nesse sentido e têm de ser valorizadas. Dito isso, a UE transformou-se numa máquina extremamente disfuncional, o que me leva a antever que possa haver, mais cedo ou mais tarde, países que queiram sair porque não têm capacidade de promover as alterações que consideram necessárias.

O que tem acontecido é que temos abdicado de soberania nacional sem com isso termos mecanismos democráticos e sem assegurarmos os objetivos básicos de uma economia: combater as desigualdades, combater a instabilidade e promover o pleno emprego.

É possível ir sobrevivendo. Estamos a cozer em lume brando. A nossa vida não piora anualmente de uma forma drástica, mas daqui a 20 ou 30 anos olharemos para trás e será terrível.

P:Mas não seria melhor romper?

R:Depende das condições que temos para romper e de quem é que lidera o processo de rutura, e do contexto em que se desenrola esse processo. Mas, para todos os efeitos, devemos preparar a economia e a sociedade e a democracia portuguesas para vários cenários possíveis e para uma eventual necessidade de romper com a União Europeia."

Anónimo disse...

O "cair no populismo e na demagogia" é agora a forma escolhida por certas elites se defenderem da contestação que estão a sofrer. Uma espécie de discurso ideologicamente marcado para encontrarem legitimidade fora do contexto democrático para manterem o status quo

"É a tendência associada para distribuir epítetos a torto e a direito, que escondem mais do que revelam: de populista a eurocéptico, passando por desglobalizador" (João Rodrigues).

"É espantoso como, matraqueando sem parar o jargão da ciência política, se conseguiu atribuir uma carga pejorativa brutal à ideia de povo. E, pior, associá-la, num passe de magia semiótica, à xenofobia, ao racismo e ao autoritarismo.

Um governo que se atreva a ter ter no centro da sua acção o interesse das classes populares está a explorar emoções, é alvo de chacota e é brindado nos media com o anátema do "populismo". Já um governo que que tenha como principal objectivo a preservação e reforço das elites financeiras, esse revela "sentido de estado" e "visão política" e tem direito ao selo da "credibilidade".
Estou a ver mal ou a difusão deste sentido da palavra "populismo" é um enorme triunfo do elitismo - esse sim, o grande problema da nossa democracia? "
(Pedro Estêvão)

Ora é aqui que vai entroncar também a questão das "críticas e das alternativas" e a questão de Helmut Schmid e outros desvarios mais.

Anónimo disse...

Helmut Schmidt,que sabia como estas coisas funcionavam e de como tirar daqui os benefícios político-partidários adequados, disse em tempos que "quem tem uma visão é bom que vá ao Médico. Quando instado a explicar o que disse, respondeu que não há mal nenhum em ter ideais, mas que é preciso indicar os caminhos para lá chegar".
A pilhéria do alemão, de muito mau gosto diga-se de passagem, sobre as visões e a idas ao médico é muito mais do que isso. Demonstra o cinismo de quem compara os ideais com visões e considera aquelas do foro médico.
Mas infelizmente há mais. E o mais que há, passa pela tentativa de condicionar um processo legitimo e democrático em função das alternativas a apresentar.

Pura e simplesmente acabava-se com o princípio democrático numérico para o condicionar a um exercício de confluências dispares.

Por exemplo não existe em Portugal a figura da Moção de Censura Construtiva. Nos países em que esta existe tem-se revelado, muitas vezes, ineficaz dada a dificuldade dos partidos da oposição de se colocarem de acordo sobre um candidato alternativo à presidência do Governo

Quem ganha? Quem está no governo mesmo que tal corresponda a uma posição que é minoritária..O argumento da "governabilidade" não corresponde à realidade. O que se passa é que querem continuar a governar(-se).

Estar-se-ia assim provavelmente protegido de coisas tão perniciosas para as elites como a Revolução Francesa( quando começou quem sabia onde iria parar? Que alternativas se desenhavam na sua fase inicial?). Ou salvaguardado de coisas mais comezinhas como o Brexit.

Espanta ver como se defendem posições tão anti-democráticas e como desta forma se tenta condicionar o debate e as opções que os povos têm ao seu alcance

(De facto O alemão sabia o que fazia)

Anónimo disse...

Criticar não implica de forma nenhuma colocar alternativas. Confunde-se de forma confrangedora crítica construtiva com alternativa.
Critico a histeria tonta dos avençados do sistema, não tenho nada que apresentar alternativas à histeria do dito cujo, tenho sim que construtivamente apelar ao seu bom senso ou ao bom senso de quem contrata coisas assim. Critico a idiotia da frase do chanceler alemão, não tenho que apresentar alternativas ao que este disse, tenho sim que o acusar que através destas trafulhices de jogos de linguagem tentou defender o status quo que lhe convinha. Critico uma ideia, desmonto-a, dou pistas para que se observe dum outro ângulo, não tenho que apresentar alternativas à ideia criticada. Quem critica um governo, quem o consegue derrubar, não tem que apresentar alternativas aquele governo, tem sim que dizer que aquele governo não serve e que há que partir para outra( e não vale a pena mudar o que a Constituição diz). Critico um filme e não tenho que fazer um novo filme ou por-me na pele dum realizador. Critico uma obra de arte e exponho uma, duas, múltiplas perspectivas mas não tenho o desplante de dizer o que o artista devia ter feito.
Critico um comportamento do ponto de vista ético ( ou mesmo moral), posso ( e devo) explicitar os motivos para o fazer, mas não devo indicar um substituto para tal comportamento, uma "alternativa" que é da responsabilidade do visado e que dispensará certamente missas beatas, hipócritas e paternalistas.

"A crítica é um primeiro passo e é um passo que se pode dar independentemente de outros passos futuros. A crítica tanto pode ser um dever ético, um desabafo, um distanciar-se do tema, um caminho para a reflexão, uma via para para o estudo,um despertar para o debate. E um eventual equacionar para eventuais alternativas.

A coisa surreal é que é o próprio Jaime Santos que na sequência da conversa, vem desmentir o que dissera previamente. "Vou citá-lo: "Quanto a uma obrigação que eu teria de também apresentar uma alternativa, eu não sou Economista e não tenho qualquer pretensão a tal" Ou seja ,critica...mas não apresenta alternativas.
E não as apresenta porquê? Porque não é especialista ou seja, economista. Agora as alternativas só podem ser apresentadas por especialistas?

Estaremos no reino da farsa?

Clemenceau disse que a “guerra é um assunto demasiado importante para se deixar apenas para os generais”. Não saberá Jaime Santos que a economia é uma coisa demasiado importante para a deixar apenas com os economistas?

Anónimo disse...

ja vi aqui so aceitam porcaria



Anónimo disse...

O "ja vi aqui so aceitam porcaria" é um comentário perigoso. E ao mesmo tempo delicioso.

Ao aceitar-se o comentário do anónimo em causa está-se a qualificar tal comentário de acordo com os altos critérios do referido anónimo.

Uma pena. Mas que não abafa uma boa gargalhada

Unabomber disse...

Sete comentários de rajada do superanónimo monopolizador dos comentários:

Dentro do entulho, diz o superanónimo:
"A posição, ou melhor as posições aqui citadas de Ricardo Paes Mamede são posições conhecidas.Infelizmente não há qualquer registo da data em que foram proferidas".
"Mais, esquece-se ( ou esconde-se) que as pessoas vão evoluindo de acordo com o debate e que não mantém na íntegra as mesmas posições que tinham no início".
- A citação que coloquei consta na página do Facebook do Ricardo com data de 08 de Setembro de 2016 às 09:36 - já as do superanónimo são de 2015.

Diz o superanónimo:
"RPM não precisa nem de tradutores, nem de revisores, nem de mangas de alpaca que façam o corte e costura mais adequado"
- Tem toda a razão o superanónimo, certamente que o Ricardo não precisa de tradutores como o superanónimo: aliás, quem quiser ler uma obra séria sobre a situação da nossa economia sugere-se que leia o livro " O que fazer com este país" (digo isto sem qualquer intuito publicitário)
....

Diz o superanónimo:
"O que se desmonta são as barbaridades de José Gomes Ferreira"
- Mas parece-me que para isso o J.Bateira utilizou outras barbaridades: ou seja as barbaridades do «Zeca G. Ferreira foram desmontadas pelas barbaridades do J. Bateira - conformo exponho no meu comentario de 07 de Setembro às 20:07
.....

Anónimo disse...

Ahahahah

Caro unabomber acho muito bem que tenha precisado o que disse.

Primeiro corrigir o que é falso: se reparar bem dentro do entulho ( gosto sinceramente dessa...um mimo caro Unabomber...à sua altura confessemos) há uma referência aos comentários de RPM como referentes ao ano de 2015. Se tivesse a possibilidade de ter lido com um pouco mais de atenção , teria reparado que os últimos são referentes a Janeiro de 2016.
Unabomber em vez dessa pedantice e que tal um pouco mais de atenção lolol.

Acho que um curso de matemática o ajudaria a ser mais rigoroso

Anónimo disse...

Comparar o que debita JGF com o exposto por Jorge Bateira parece-me de particular mau gosto. Diria mesmo mais, de particular ... melhor não especificar para não ser mal educado, não acha?

Mas isso de gosto cada um tem o seu.

E o seu ao menos tem dado direito a algumas gargalhadas, porque de quando em quando é citado ...e juro que não fui o primeiro

Aqui:
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2016/07/submetemo-nos-de-vez-ou-acabamos-com-o.html

Vou citar:
"Mas está quase perdoado caro Unabomber porque independentemente da sua credibilidade a partir daí ter sofrido o mesmo efeito erosivo que as dunas do Algarve foi fonte de fartas e bastas gargalhadas. Valeu a pena o seu esforço, lolol.
Vale a pena lê-lo."

Anónimo disse...

Mas deixando as pilhérias há uma coisa que foi focada e que não pode passar

O seu comentário de 8 de setembro de 2016 às 14:03 não é da sua lavra. É copiado. E de quem copiou andou depois a tentar deturpar as suas conclusões. Até o insultou, veja-se bem.

http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2016/07/submetemo-nos-de-vez-ou-acabamos-com-o.html

A honestidade ficou esquecida no armário lá de casa caro Unabomber?
Pois é. O pedacinho ilustrado é de Eugénio Rosa e nem as vagas aspas lhe servem de desculpa.
E tal esteve na origem da série de pérolas repisadas e gritadas aí no link citado.

Confirma-se que parece que a sua credibilidade ficou um pouco emperrada. Tanto mais que é reincidente certo?

Deve ser efeitos do papão da Venezuela e de Zimbabué. Pela certa . Acontece por vezes à coluna vertebral de quem anda a meter medo

Unabomber disse...

Amigo Superanónimo:

De 2015 para Janeiro de 2016 vai uma diferença abismal, a qual é extremamente importante para "traduzir" o pensamento do Ricardo P.M.
Se o superanónimo ainda tiver duvidas relativamente à opinião do Ricardo P.M., expressa no comentário de 08 de Setembro de 2016, sugere-se que veja o programa de ontem da RTP3: "os numeros do dinheiro".
....
"Mas isso de gosto cada um tem o seu" - pelos vistos, para o superanónimo é tudo uma questão de gostos (ideológicos).
...
As aspas que coloquei no comentário de 08 de Setembro só lá estão mesmo a enfeitar o texto, cujo conteudo não interessa absolutamente nada para o superanonimo
.....
Apesar dos meus comentários, e provavelmente os do Jaime Santos, não terem credibilidade nenhuma, mereceram sete contra-comentários de rajada do superanónimo, que no seu conjunto constituem um texto maior que o post do J. Bateira.
...
O superanónimo é o unico que vejo por aqui a utilizar a pouco democrática tática do "entulho".

Anónimo disse...

"De 2015 para Janeiro de 2016 vai uma diferença abismal, a qual é extremamente importante para "traduzir" o pensamento do Ricardo P.M."

Será que não permite Unabomber reparar que a questão referente à precisão das datas não tem a ver com o pensamento de RPM mas tem a ver sim com ele, ele mesmo Unabomber?

"Se tivesse a possibilidade de ter lido com um pouco mais de atenção , teria reparado que os últimos são referentes a Janeiro de 2016.
Unabomber em vez dessa pedantice e que tal um pouco mais de atenção lolol."

Ou seja e infelizmente.... nem sequer tem a integridade para reconhecer que fez asneira?
Mais uma duna que se esboroa

Anónimo disse...

Não percebe Unabomber que o que se critica de forma directa não é o que RPM disse escreveu ou comentou mas sim a forma como Unabomber se posiciona?

O que se atira a cara de Unabomber é isto:
"A honestidade ficou esquecida no armário lá de casa caro Unabomber?
Pois é. O pedacinho ilustrado é de Eugénio Rosa e nem as vagas aspas lhe servem de desculpa.
E tal esteve na origem da série de pérolas repisadas e gritadas aí no link citado".

Unabomber...Não tem mesmo vergonha de não assumir que isso de andar a copiar texto que não são os seus é feio? Uma questão de educação também. Mas é mais do que isso. Tanto mais que o mesmo texto serviu para um intenso debate ao qual o Unabomber reagiu daquela forma tão disparatada ( e cómica) como quem consultar o referido post aí em cima citado pode confirmar?

E não sabe que lhe fizeram antes tal reparo porque já repetiu o feito e que continua a demonstrar a mesma falta de consideração por quem copia feito personagem a lembrar os manhosos de todas as épocas?

E Unabomber, e repito, age de forma desonesta tentando repetir um debate e escondendo de forma cobarde a sua origem e o seu desenvolvimento.


Anónimo disse...

Cada um tem o seu gosto.Sim. O meu é também determinado pela ideologia tal como o meu gosto condiciona as posições ideológicas que tomo.

Elementar e que , por mais que o tentem desmentir, ocorre com a generalidade das pessoas.

Vergonhoso é escrever isto, como Unabomber o fez, testemunho duma pedantice lastimável :
"Ao contrário da maioria dos ladrões, do anónimo, do Eugénio Rosa, e da maior parte da comunicação associal eu não sofro de cegueira ideológica".

O que é isto? Um manifesto desonesto a acusar os demais de cegueira ideológica, enquanto o Unabomber reivindica o estatuto contrário? Qual virgem púdica mas com falta de noções básicas de civilidade ?


É uma posição de gosto ideológico. Sejamos claros. Acho

Anónimo disse...

Quem lhe disse a si que os comentários de Jaime Santos ou os seus não têm nenhuma credibilidade?

Agora, para além do já dito, assume o papel de Calimero e, pior, põe na boca de outros aquilo que estes não disseram?

Não tem coragem para assumir que a crítica é livre? Vai medi-la em cm ou em metros? E queixa-se que o texto de Jorge Bateira é ultrapassado em dimensão?

Francamente , não se enxerga do ridículo dessa sua posição de censor envergonhado e mal assumido?

Anónimo disse...

Há no entanto uma coisa que quero dar um realce à parte.

Independentemente das divergências ( mais pessimistas) que possa ter com o conteúdo do texto de Jorge Bateira, acho abjecto alguém comparar o que este escreve com o que escreve José Gomes Ferreira

( esta de chamar a este último "zeca" é também um bom testemunho da "qualidade" argumentativa. O que tem o nome a ver com o caso? Discutem-se ideias, não se tenta humilhar à custa de idiotices com o nome. A menos que Unabomber seja íntimo de JGF?)

Esta posição de separação de águas para mim é uma questão de honra. De gosto. Também ideológico, veja-se bem.

Por mais que se lastime do comprimento e do número e da ideologia e do diabo a sete, pode Unabomber estar certo que as fraudes também intelectuais e de integridade serão sistematicamente denunciadas.

Unabomber disse...

(...) "Para ser claro, as consequências de uma decisão unilateral de abandonar a zona euro seriam muito difíceis de gerir, pelo que tal decisão deve ser evitada. Isto não significa que ela deva ser posta de parte em qualquer circunstância, nem que não seja possível o desmantelamento do euro em condições menos penalizadoras (nomeadamente, num processo coordenado a nível multilateral).
Há duas coisas sobre as quais podemos estar certos: primeiro, o quadro institucional do euro tem sido e será desastroso para países como Portugal, pelo que faz todo o sentido debater alternativas; segundo o recurso a argumentos absurdos, visando construir cenários catastróficos, não só não ajudam ao debate público como nos devem fazer desconfiar das razões de quem os utiliza. O debate sobre a permanência de Portugal na zona euro está a ganhar espaço na sociedade. Isso, seguramente, não faz mal nenhum ao país".

De Ricardo P. M.

.......

Diz o superanónimo:
"A posição, ou melhor as posições aqui citadas de Ricardo Paes Mamede são posições conhecidas.Infelizmente não há qualquer registo da data em que foram proferidas".
"Mais, esquece-se ( ou esconde-se) que as pessoas vão evoluindo de acordo com o debate e que não mantém na íntegra as mesmas posições que tinham no início".
- A citação que coloquei consta na página do Facebook do Ricardo com data de 08 de Setembro de 2016 às 09:36 - já as do superanónimo são de 2015 (e Janeiro de 2016).

Diz o superanónimo:
"RPM não precisa nem de tradutores, nem de revisores, nem de mangas de alpaca que façam o corte e costura mais adequado"
- Tem toda a razão o superanónimo, certamente que o Ricardo não precisa de tradutores como o superanónimo: aliás, quem quiser ler uma obra séria sobre a situação da nossa economia sugere-se que leia o livro " O que fazer com este país" (digo isto sem qualquer intuito publicitário)

Se o superanónimo ainda tiver duvidas relativamente à opinião do Ricardo P.M., expressa no comentário de 08 de Setembro de 2016, sugere-se que veja o ultimo programa da RTP3: "os numeros do dinheiro".

Unabomber disse...

"Recorde-se que nas duas intervenções anteriores do FMI, em que se teve também de DESVALORIZAR muito o escudo para aumentar a competitividade das exportações portuguesas, e assim aumentar as exportações, foram os períodos em que os trabalhadores e pensionistas perderam mais poder de compra.
Entre 1977 e 1979, 1º período de intervenção do FMI, os preços aumentaram 93%, o salário mínimo subiu 87% e a pensão média da Segurança Social aumentou a
penas 58%.
Entre 1982 e 1984, período de 2ª intervenção do FMI, os preços subiram 98%, o salario mínimo nacional aumentou 54%, e a pensão média da Segurança Social subiu 71%.
Nestes dois períodos, a perda de poder de compra acumulada do SMN foi de 27%!!! e da pensão média de 29%!!!!!.
Foi também nestes dois períodos em que a parte dos salários no PIB mais desceu: 1º período: - 13,1% (queda de 6,7 pontos percentuais); 2º período: - 16,9% (redução de 7,4 pontos percentuais).
E tenha-se presente que não se teve de fazer desvalorizações da moeda de 30%".

(De Eugenio Rosa)

Unabomber disse...

Amigo Superanonimo:

Já que é tão importante para a minha honestidade: acrescentei a data de Janeiro de 2016 no primeiro comentario e coloquei o nome do Eugenio Rosa no comentario anterior
.....



Anónimo disse...

Boa unambober, boa.

É uma forma (manhosa) de responder às evidências. E perante os factos, outro remédio não há , não é mesmo Unambomber?

Alguma integridade intelectual precisa-se mesmo. De decência também. Bem como de coragem para assumir o "entulho" que fabrica e com que tenta produzir poeira para os demais.