O homem que um dia disse que "há limites ao sacrifício que se pode pedir às pessoas", não convive bem com o único governo europeu que, contra todas as chantagens, resolveu respeitar o mandato popular que recebeu para transformar aquelas palavras de conveniência em actos consequentes.
Amanhã, pela primeira vez, o Conselho Europeu será confrontado com o desastre de escala continental que ajudou a produzir nos últimos anos. O Presidente da República de um país que sofre na pele esses erros e a disfuncionalidade de um arranjo monetário insustentável deveria aproveitar para reforçar a importância histórica do momento. Ao invés, com a verticalidade de uma minhoca satisfeita por viajar no bico do falcão que a tem refém, Cavaco Silva apenas tem palavras para lembrar os empréstimos portugueses à Grécia. (Quanto mais não seja, deveria ter consciência da irrelevância desses empréstimos face às implicações imediatas que teria para Portugal qualquer correcção na estratégia europeia para lidar com a crise do euro.)
Com 20 anos de protagonismo nas instituições democráticas, Cavaco Silva é uma mancha feia na nossa história, que não temos como apagar. Espero que isto sirva, ao menos, para os democratas e patriotas deste país pensarem bem quando tiverem de decidir o que fazer em eleições presidenciais.
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15 comentários:
O que espero é que Carvalho da Silva tenha saúde para poder substituir o biombo de sala.
o Vitorino todo se ajeita, mas eu estou como o Barroso. Afastem esse cálice
Um final de mandato de um PR que, arvorando as posições públicas, na exibição da cátedra de economista, mostra a sua verdadeira mesquinhez do político que sempre foi,sem lisura, sem elevação, sem qualquer sentido de estadista.As posições das maiorias políticas nos dois países ibéricos,menorizando e amesquinhando as iniciativas gregas para quebrar as amarras de um espartilho, são indignas de quaquer espirito de solidariedade europeia.
Um final de mandato de um PR que, arvorando as posições públicas, na exibição da cátedra de economista, mostra a sua verdadeira mesquinhez do político que sempre foi,sem lisura, sem elevação, sem qualquer sentido de estadista.As posições das maiorias políticas nos dois países ibéricos,menorizando e amesquinhando as iniciativas gregas para quebrar as amarras de um espartilho, são indignas de quaquer espirito de solidariedade europeia.
Segundo o politicamente correcto que nos infesta:
- Política é a arte de ignorar a economia
- Solidariedade é esquecer que onde há devedores há credores
"Com 20 anos de protagonismo nas instituições democráticas, Cavaco Silva é uma mancha feia na nossa história, que não temos como apagar."
Na mouche!
E se o Manuel Alegre tivesse sido eleito? Perceberam agora a utilidade do bobo Nobre?
E se todos os candidatos forem uma nódoa como esta que podemos fazer, pergunto eu?
"Com 20 anos de protagonismo nas instituições democráticas, Cavaco Silva é uma mancha feia na nossa história, que não temos como apagar."
Nem mais. Excelente resumo de um cidadão que foi tudo e não deixa nada. Nem saudades.
Esperemos para ver quem se chega à frente nas eleições, mas sobre o papel de Cavaco na Democracia portuguesa já por mais de uma vez no Governo Sombra foi discutido pelo painel (e não só pelos representantes da esquerda, note-se) que para quem em 40 anos de Democracia só teve um papel de destaque em 20 deles, Cavaco joga muito bem a carta de "não sou político".
As duas eleições de Cavaco são mais um exemplo acabado de um certo analfabetismo político em Portugal. Na primeira Cavaco ganha sem articular um pensamento durante a campanha, na segunda dá-se um mandato a um fulano que revelou graves problemas de idoneidade na permuta de propriedades (para lá de todo o seu círculo de vizinhos estar envolvido no, na altura, maior escândalo bancário de Portugal).
Depois disto é razoável acreditar que o próximo presidente seja o Barroso ou o Santana...
como diz o programa da tempo de avançar: não podemos viver sem estar de acordo com as nossas melhores possibilidades e capacidades.
Amen!
Abraham Chévre au Lait,
Cavaco foi eleito pq os outros candidatos somados não chegaram aos 51 por cento.
Se, com ou sem Nobre, Cavaco só tivesse tido 49 por cento dos votos, teria ido à segunda volta com o mais votado dos outros, fossem eles 50 Nobres e Alegres e mesmo que esse segundo mais votado tivesse tido apenas dois por cento dos votos na primeira volta.
Veja-se 3 a 4 candidatos da esquerda aquando da primeira eleição de Soares, que foi o segundo mais votado na primeira volta de 1986 com apenas 25 por cento dos votos e com menos 1 milhão e 200 mil votos que Freitas do Amaral.
R.B. NorTør,
Governio Sombra é aquela treta em que o Araújo Pereira recicla em 15 segundos piadolas da Visão evitando deitar por terra as longas argumentações de TAvares e o Mexia, fazendo de conta que existe ali espaço de contraditório?
As posições de Cavaco e da Maioria Política que o sustenta e que ele sustem, é a expressão do que sempre foi a posição reaccionária de Portugal desde, pelo menos, o tempo do Botas!...Sempre ao lado da Alemanha até serem obrigados a dar o flanco pela vitória do bom-senso e da Liberdade!
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