quarta-feira, 26 de setembro de 2007

A captura das elites (I)

Em economia política do desenvolvimento tem vindo a ganhar peso a ideia de que a performance económica dos países depende, entre outros factores, da capacidade que governos e administração pública têm para forjar políticas públicas capazes de orientar e coordenar as estratégias de investimento do sector privado. Isto pressupõe que existem condições para criar uma situação de «autonomia embutida (embedded autonomy)».

Este conceito, desenvolvido por Peter Evans, pretende transmitir a ideia de que o ideal será que o Estado construa pontes com o sector privado e tenha atenção ao contexto onde intervém e, ao mesmo tempo, consiga ser autónomo em relação às pressões sectoriais de curto prazo. Isto se quer ter capacidade para promover estratégias desenvolvimentistas que prossigam o bem comum. Os Estados bem sucedidos são assim aqueles que evitam a captura do sector público por fracções do sector privado.

Infelizmente, em Portugal parece-me que as nossas elites políticas estão demasiado «embutidas» no sector privado e a perder a necessária autonomia. O caso da Lusoponte é apenas um entre muitos exemplos. Ao contrário do que pensam os liberais isto não é o resultado do «intervencionismo do Estado». Isto é o resultado da fraqueza do Estado face a um sector privado rentista que não cessa de ganhar fôlego e poder. À custa de todos nós.

3 comentários:

Nuno disse...

Os empresários do compromisso Portugal são disso exemplo!

Oscar de Lis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Oscar de Lis disse...

Desconheço a situação de Portugal neste terreno, devido em grande medida a que a minha residência está fixada na Galiza. Mas trabalho para o governo do meu país (sem estado) por meio duma sub-contrata privada, num sector que é declarado de máxima importância no que atinge ao serviço da população, neste caso na questão da operatividade de emergências. O que quero dizer com isto é que nom acontece isso apenas em Portugal. A Galiza, como o resto da Espanha, embora o governo se definir como socialista, está a demonstrar uma efectiva tendência à privatização dos serviços, mesmo sendo mínimos.

Cumprimentações.
http://galizadebate.blogspot.com