quarta-feira, 25 de junho de 2025
Sabujice militarista
Este cerimonial vebleniano de vassalagem e de pagamento de tributo surpreende zero pessoas. Fica aqui, contudo, para memória futura.
Na crise de 2010-11, Espanha lá evitou a intervenção golpista da troika.
Nesta aventura militarista, fuga para a frente de capitalismos nacionais pressionados pela emergência da China, Espanha tenta resistir à rendição externa total.
Ao contrário, sem tugir nem mugir, no nosso país, a incapacidade, o egoísmo carreirista, a cobardia e europeísmo cego do extremo-centro, acomoda-se ao keynesianismo militar da direita e da extrema direita, que nesta política encontra o consentimento externamente produzido para a privatização do que resta das funções sociais do Estado e das nossas pensões.
Obedecer aos norte-americanos é o programa de sempre e, para mais, esta sua Administração tem razões para se recusar a continuar a alimentar o gordo superávite da Alemanha, uma política comercial agressiva para os seus parceiros comerciais e regressiva para os seus trabalhadores que assim se veem privados de consumir o que produzem, um superávite que nem os limites da União Europeia respeita.
Face à falência do modelo germânico de brutal contenção da procura interna, exportação de bens e desemprego com base em energia barata que os americanos tornaram cara com o seu aplauso, todos pagamos para reconverter a sua moribunda indústria automóvel em indústria militar. O tributo exigido pelos EUA em compra de equipamento militar também é a compensação que estes exigem pela prática comercial mercantilista da Alemanha. Eles abusam do comércio externo, a factura é a dividir.
Para estes golpistas da alegada ordem baseada em regras, que os tratados da UE proíbam especificamente que o orçamento comum seja utilizado para “despesas decorrentes de operações com implicações militares ou de defesa” é um detalhe sem qualquer importância.
Entretanto, o Conselho Orçamental Europeu (já sabiam como se auto-designam agora aqueles que de facto mandam no orçamento do Estado português?) já anunciou que “[f]lexibilidade na defesa não deve ser atalho para um orçamento expansionista” e “diz aos governos para começarem a apresentar estratégias para, a médio prazo, compensarem o esforço com defesa com a realocação de outras despesas”, leia-se corte da despesa pública não militar.
Mais despesa militar, igual distópico ordenamento europeu que impõe a austeridade permanente, necessidade de pagar 30 mil milhões de euros por ano do empréstimo pandémico, mesmo orçamento da UE limitado a cerca de 200 mil milhões, recusa da Alemanha, surda para o idealismo sem qualquer base material de Rui Tavares e outros fãs de uma UE que não existe, em aumentar a sua contribuição para aquele orçamento e de permitir mais endividamento comum, resta a austeridade bélica em que vamos viver enquanto esta política não for derrotada.
Tudo isto enquanto, sob um manto de quase invisibilidade no debate público, de forma totalmente arbitrária, bancos centrais paulatinamente transferem milhares de milhões de recursos públicos para os bancos privados, o que aumenta a pressão para cortar na restante despesa pública não militar.
“Os políticos de extrema direita, Ted Cruz e Nigel Farage, querem cortar os enormes subsídios concedidos aos bancos pelos bancos centrais. É lamentável que os políticos tradicionais permaneçam em silêncio sobre este escândalo. Não é a primeira vez que permitem que a extrema direita ganhe pontos”, afirma Paul de Grauwe.
É mesmo necessário recusar esta UE e a bajulice ao sistema imperial de que esta é parte subordinada. Não o fazer é aceitar que não há alternativa a este caos liberal até dizer chega.
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2 comentários:
o link recusa da alemanha não leva a nenhum lugar que o explicite
Muito obrigado. Corrigido.
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