Vijay Prashad é um notável historiador e militante político internacionalista indiano, dirigindo hoje o Instituto Tricontinental, que honra uma conferência com lastro, realizada em Cuba em 1966, marco da história anticolonialista. Este Instituto fornece uma diversidade de análises e estudos em português, úteis para uma cultura anti-imperialista.
Infelizmente, nenhuma das obras de Prashad está editada no nosso país, o que diz bem do nosso enviesado panorama editorial. Começaria por Darker Nations – A People’s History of the Third World, onde cunhou a expressão “nacionalismo internacionalista”, fazendo a sua história. Oferece uma alternativa robusta a uma mundivisão historiográfica euro-liberal – mais Lénine, menos Wilson, como já defendi.
No Twitter, Prashad tem a capacidade de resumir muito em poucas palavras: “Israel não é um país, é uma base militar dos EUA”, por exemplo. Olhai para o gráfico acima: as duas alas partidárias do mesmo complexo militar-industrial confirmam há décadas a verdade desta afirmação.
Já agora, seguindo o capitão gancho, uma das melhores vozes do twitter luso, é sempre bom lembrar as posições do Livre, como usam o termo terrorista de forma equivocada e alinhada com a ideologia do sistema imperialista, contrária aos factos e aos usos da maioria dos países da ONU, mas congruente com a visão euro-liberal do seu fundador e líder tão informal quanto incontestado, o que foi à embaixada israelita em pleno genocídio. Rui Tavares tem estado muito silencioso neste contexto: é de ouro? Enfim, é por estas e por outras que defendo que os verdes com bombas são parte do problema da esquerda lusa.
O cosmopolitismo aí alardeado não passa de provincianismo eurocêntrico, de resto. O internacionalismo, pelo contrário, começa pela identificação do inimigo comum da humanidade: o sistema imperialista dominado pelos EUA, de que a UE faz parte. Para impedir a emergência de um mundo saudavelmente multipolar, estão dispostos a arrasar países inteiros, a causar milhões e milhões de mortos. O Irão é o alvo agora e somos todos iranianos por isso.
Como sublinha Prashad, “os EUA são um Estado terrorista” e Israel também. Os factos não mentem e a melhor história também não: é a que sabe a quantidade de bombas que Washington lançou por este mundo afora, a partir das mais de 800 bases em dezenas de países; é a que sabe que a quantidade tem a sua própria qualidade; é a que sabe o significado histórico da palavra genocídio; continua em curso na Palestina, com a cumplicidade dos EUA e da UE.
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