Acumulam-se os sinais, sendo talvez já mais adequado dizer que se trata de uma evidência: com as medidas adotadas pelo atual governo, como os incentivos à aquisição de habitação e o fim das restrições ao Alojamento Local, a crise aprofundou-se, com os valores de aquisição e arrendamento a regressar a ritmos de aumento mais elevados.
Um recente sinal é dado pelos valores da avaliação bancária, a regressar à tendência de subida, depois de uma fase de estagnação no final de 2023. Se em fevereiro de 2024 a mediana rondava os 1.550€ por m2, em outubro aproxima-se dos 1.700€, confirmando o reconhecimento, por parte da ministra da Juventude e Modernização, de que as medidas adotadas pelo governo, poderiam acabar por fazer subir o preço das casas.
É este o sentido de declarações de agentes do setor ao DN. Beatriz Rubio, da REMAX, assinala que se tem «assistido a um aumento dos preços, na maioria das regiões, e assim fecharemos o ano de 2024». Rui Torgal, da ERA, refere que o preço médio dos imóveis mediados pela marca aumentou 11% face ao final de 2023. Marco Tairum, da Keller Williams, interpreta o aumento da procura, induzido pelas políticas de apoio aos jovens, como «uma reação natural do mercado», considerando que «a evolução dos preços em 2025 será inevitavelmente crescente».
De facto, o simples anúncio, pelo governo, da inversão da política habitacional - com retrocessos na regulação e aposta em medidas de subsidiação, nomeadamente ao nível da aquisição por jovens - terá sido suficiente para aumentar a procura e impulsionar os preços (a ponto de absorver os benefícios resultantes da isenção de IMT e Imposto de Selo, que já de si beneficiam apenas uma minoria). Ou seja, o governo que diz ter como prioridade o combate à emigração jovem é o mesmo governo que deteriora as condições materiais para que os jovens optem por ficar no país.
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